Ciência e conhecimento, ainda que tardios



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Faltou e está faltando ciência para lidar com a pandemia, mesmo com boa e farta literatura disponível. Mesmo no Estado de São Paulo é distinta a evolução da doença na capital e no interior, que precisam ser tratados de forma diferenciada. A matemática combinada com a epidemiologia dá rumos, mas o garoto-propaganda do Palácio do Planalto está preocupado com outras coisas.

Não sei se estão sendo ingenuidade ou ironia algumas colunas que pregam mandar a conta da pandemia para o tal de Jair. A indignação desses articulistas se estende aos militares, pelo fato desses supostos servidores do país não entenderem o que um teste clínico é, ou seja, o princípio básico da experimentação científica. Como o governo é 100% anti-ciência, outro comportamento não seria esperado.

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Os casos de pessoas que se mostram imunes, não desenvolveram a doença, ou mesmo sem registro de contato com o vírus, mesmo expostas a pacientes que contraíram a covid-19, são objeto de estudo da doutora Mayana Zatz, que convoca tais pessoas como voluntários. Fato é que a ciência mostra caminhos para lidar com a pandemia, mas não possui todas as respostas ainda porque a questão é nova e necessita de muito mais pesquisa e amadurecimento.

Conhecimento vem dos que estudam, universidades como ambiente típico para que isso aconteça. A análise corrente sobre o futuro das universidades é baseada em um tipo específico de instituição de ensino superior voltada a fornecer exclusivamente conteúdos, e não com os princípios da formação integral do indivíduo. Nesse aspecto, fica clara a diferença entre as universidades públicas – que também realizam mais de 90% da pesquisa científica no país – e as privadas, cujo objetivo, em sua maioria, é vender diplomas. Esperava nessas análises uma visão um pouco mais aprofundada, ainda mais quando o ministério correspondente não possui projeto próprio e nem titular efetivo, ironicamente afastado pela covid-19. O da ciência e tecnologia também está doente, mas afirma que vermífugo é a solução para lidar com vírus!

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Por fim, quando adentramos as questões orçamentárias e uso do dinheiro público para lidar com problemas e situações reais, temo um exemplo emblemático que resgata o primeiro assunto deste texto. Há ponto sensível, mas controverso, quando se lida com a omissão do recém aprovado Fundeb permanente quanto à leitura. Essa falta da leitura é sinônimo da falta de condições, não necessariamente da falta de material, uma vez que a disponibilidade de obras digitais de acesso gratuito aumenta. Quem foi iniciado à leitura, mesmo sem o privilégio de pais leitores, usava todo e qualquer material impresso para fazê-lo. Associado à questão, temos também de perguntar: quantos de nossos professores hoje são leitores ou estimulados a ler? Não será pelos nefastos exemplos de cima que isso acontecerá.

Adilson Roberto Gonçalves, pesquisador da Unesp

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