China x EUA abre sucessão Bolsonaro x Dória em 2022

João Doria e Jair Bolsonaro
João Doria e Jair Bolsonaro (Foto: GOVSP | Alan Santos/PR)


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Guerra fria na sucessão brasileira

O governador paulista João Dória deve estar feliz com essa decisão política arriscadíssima do presidente Bolsonaro de suspender intempestivamente compras das vacinas chinesas que ele, Dória, negocia com China, por meio do Instituto Butantan. Emerge forte polarização Bolsonaro x Dória para disputa eleitoral em 2022, em meio à motivação bolsonarista de agir radicalmente nesse sentido para agradar Donald Trump em sua disputa com Joe Biden. Está na cara que o presidente americano usa Bolsonaro para ganhar eleição de Biden. Dá a entender ao povo americano que briga por ele tanto dentro como fora dos Estados Unidos, para vencer o gigante chinês, que ameaça empregos dos americanos.

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A lambança política patrocinada por Bolsonaro, na ânsia de agradar Trump, entra, por sua vez, em choque com pesquisa de opinião, no Brasil, em que 75% da população querem ser logo vacinada, enquanto Bolsonaro discorda da vacinação como obrigação. Para ele, toma o remédio contra a Covid-19 quem quer, no momento em que o país caminha para 200 mil mortos.

Centrão apoia?

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O Centrão, que apoia o presidente, concorda com essa posição bolsonarista, indo contra o que dizem as pesquisas de opinião? Vai o Centrão entrar em choque com a população, às vésperas da eleição?

De quebra, o presidente entra, também, em choque com o ministro da Saúde, Pazzuelo, que acertou, com o Butantã, compra de 46 milhões de vacinas chinesas, obtendo, com essa decisão, o aplauso do governador paulista, adversário político de Bolsonaro. O que acham os militares que dão respaldo a Bolsonaro quanto a esse episódio politicamente explosivo? Irão contra a população ou entrarão em campo para jogar água fria na fervura política que Bolsonaro, em gesto de grande subserviência, patrocina para agradar Trump na tarefa de tentar reelegê-lo, nos EUA?

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Por essas e outras, João Dória tem todos os motivos para estar exultante. Afinal, a ação destemperada de Bolsonaro o alça como candidato ao Planalto em 2022. Evidentemente, a China, na próxima eleição presidencial, vai apoiar Dória e torcer ou trabalhar para derrotar Bolsonaro, que não sabe se terá o apoio de Trump, cuja vitória contra Biden é incógnita.

Agronegócio e Geopolítica

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É de se perguntar, também, como estará o espírito do pessoal do agronegócio, que passa a temer reações da China, seu principal mercado, em possível retaliação a Bolsonaro, deixando de comprar produtos brasileiros, caso sejam suspensas as compras governamentais realizadas pelo ministro Pazzuelo?

Sem o cliente China, o agronegócio seria recompensado com garantia de vender seus produtos para os Estados Unidos? Ora, nesse momento, o que se vê é completa indisposição do capitalismo americano de abrir negócio com o Brasil. Pelo contrário, forçam o governo Trump a elevar tarifas de importação de produtos brasileiros e a defender redução de tarifas para que os produtos americanos entrem no Brasil com maiores vantagens.

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Nessa guerra geopolítica EUA x China, o Brasil não tem nada a ganhar, como estão demonstrando pressões americanas sobre o governo brasileiro para tomar partido contra a gigante chinesa Huawei, na disputa do mercado brasileiro pela plataforma do 5G. As empresas brasileiras de telecomunicações brasileiras que já utilizam a tecnologia chinesa, de grande eficácia e competitividade, devem ser prejudicadas. Certamente, ganharão, com essa pressão contra a China, as empresas americanas, que, entrando no Brasil, empurrão as concorrentes brasileiras para a falência. Bolsonaro, na sua ânsia de servir ao seu aliado, que não lhe tem sido fiel, joga a economia brasileira, com sua vanguarda tecnológica, no abismo. Quem tem a ganhar, com tudo isso, claro, é João Dória, que vocalizará interesses dos empresários e trabalhadores brasileiros, candidatos a levar na cabeça, os tropeços das negociações empreendidas por Bolsonaro, tanto no campo da saúde, no lance das vacinas, como no da tecnologia, com as pressões americanas contra a Huawei.

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