China defende sua capacidade algorítmica e de Inteligência Artificial na guerra tecnológica com os EUA
"A disputa pela hegemonia global passa pelo sistema digital e serviços de Inteligência Artificial no terreno do embate geopolítico, portanto indo além do caso comercial e do controle político e militar, onde a cibernética é questão-chave", escreve o engenheiro e professor do IFF Roberto Moraes
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A China enfrenta a guerra tecnológica defendendo a sua capacidade algorítmica e de Inteligência Artificial (IA) que já supera a dos EUA.
A mesma superioridade se verifica no tecnologia de rede de internet 5G, em que a chinesa Huawei é hoje a mais avançada do mundo.
A disputa tecnológica envolve grupos de empresas similares dos dois países. Elas possuem as mesmas funções (produtos e/ou serviços) em que disputam o mercado mundial, com a vantagem da China ter, sozinha, um mercado quatro vezes maior do que o americano.
As disputas corporativas que detalham a guerra tecnológica entre EUA e China podem ser vistas nos casos: Amazon x Alibaba. Baidu-TikTok (ByteDance) x Youtube (Google). Apple-Oracle-AT&T x Huawei. Wechat (Tencent) x WhatsApp (FB), etc.
O avanço da China na apuração e treinamentos dos algoritmos aliados à Inteligência Artificial é bem superior ao atual estágio dos EUA e se trata da etapa mais estratégica dentre as quatro tipologias de uso das Plataformas Digitais.
Isso não quer dizer que os americanos não estejam mais na disputa, mas perderam a condição de praticamente monopolista neste campo, apesar de ainda sediar metade das empresas de tecnologia que mais ganharam valor de mercado neste semestre com a pandemia, conforme mostramos em artigo abaixo [aqui] sobre a lista Top 100 do Financial Times.
O caso da TikTok é emblemático e vem no mesmo contexto em que Trump há poucos dias ameaçou proibir nos EUA a atuação da chinesa Alibaba. Hoje nos EUA, a Microsoft, Walmart, Oracle e fundos querem ficar com a TikTok que já reúne por lá mais de EUA 100 milhões de usuários mensais.
O governo chinês (ministérios do comércio e da ciência e tecnologia) alegam que essa competência foi desenvolvida com apoio do Estado, logo os interesses da nação devem ser levados em conta e não podem ser exportados, apenas como um negócio comercial.
As limitações impostas para os negócios com empresas de tecnologias de computação chinesas no exterior se referem ainda às áreas de processamento de texto, recomendação de conteúdo (publicidade e propaganda direcionada) que usa os algoritmos e IA (como é o caso da Google e FB), modelagem da fala, reconhecimento facial e de voz entre outros.
A disputa pela hegemonia global passa pelo sistema digital e serviços de Inteligência Artificial no terreno do embate geopolítico, portanto indo além do caso comercial e do controle político e militar, onde a cibernética é questão-chave.
Os EUA temem que a China faça o que eles fizeram, quando em 2013, se soube que a NSA (Agência de Segurança Nacional), usando o sistema PRISM, vasculharam dados de milhões de pessoas direto dos servidores das maiores empresas de tecnologia dos EUA (Big Techs) na ocasião: Microsoft, Google, Facebook, Apple, Youtube, Skype, Yahoo, AOL e PalTalk.
É bom que se diga que a disputa da China com os EUA se dá dentro da lógica do sistema estatal capitalista que os americanos dominavam sozinhos até aqui. Hoje não mais.
O assunto ainda vai render muito na medida em que a tecnologia é hoje o principal fator de produção e de intermediação dos negócios, em quase todos os setores da economia (frações do capital).
Como setor, a tecnologia, ao usar as plataformas digitais (startups) e ter o forte suporte do circuito financeiro global - hegemônico no capitalismo contemporâneo - como mostra o valor de mercado (capital fictício destas corporações), amplia sua potência a um nível antes impensado, que chegam aos maiores oligopólios da história do capitalismo.
É nesse campo e usando quase que as mesmas armas que a China enfrenta os EUA tendo a tecnologia como fator estratégico da disputa geopolítica que rompe com a unipolaridade.
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