China defende sua capacidade algorítmica e de Inteligência Artificial na guerra tecnológica com os EUA

"A disputa pela hegemonia global passa pelo sistema digital e serviços de Inteligência Artificial no terreno do embate geopolítico, portanto indo além do caso comercial e do controle político e militar, onde a cibernética é questão-chave", escreve o engenheiro e professor do IFF Roberto Moraes

Donald Trump e Xi Jinping
Donald Trump e Xi Jinping (Foto: REUTERS / Carlos Barria)


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A China enfrenta a guerra tecnológica defendendo a sua capacidade algorítmica e de Inteligência Artificial (IA) que já supera a dos EUA. 

A mesma superioridade se verifica no tecnologia de rede de internet 5G, em que a chinesa Huawei é hoje a mais avançada do mundo.

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A disputa tecnológica envolve grupos de empresas similares dos dois países. Elas possuem as mesmas funções (produtos e/ou serviços) em que disputam o mercado mundial, com a vantagem da China ter, sozinha, um mercado quatro vezes maior do que o americano.

As disputas corporativas que detalham a guerra tecnológica entre EUA e China podem ser vistas nos casos: Amazon x Alibaba. Baidu-TikTok (ByteDance) x Youtube (Google). Apple-Oracle-AT&T x Huawei. Wechat (Tencent) x WhatsApp (FB), etc.

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O avanço da China na apuração e treinamentos dos algoritmos aliados à Inteligência Artificial é bem superior ao atual estágio dos EUA e se trata da etapa mais estratégica dentre as quatro tipologias de uso das Plataformas Digitais.

Isso não quer dizer que os americanos não estejam mais na disputa, mas perderam a condição de praticamente monopolista neste campo, apesar de ainda sediar metade das empresas de tecnologia que mais ganharam valor de mercado neste semestre com a pandemia, conforme mostramos em artigo abaixo [aqui] sobre a lista Top 100 do Financial Times. 

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O caso da TikTok é emblemático e vem no mesmo contexto em que Trump há poucos dias ameaçou proibir nos EUA a atuação da chinesa Alibaba. Hoje nos EUA, a Microsoft, Walmart, Oracle e fundos querem ficar com a TikTok que já reúne por lá mais de EUA 100 milhões de usuários mensais. 

O governo chinês (ministérios do comércio e da ciência e tecnologia) alegam que essa competência foi desenvolvida com apoio do Estado, logo os interesses da nação devem ser levados em conta e não podem ser exportados, apenas como um negócio comercial. 

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As limitações impostas para os negócios com empresas de tecnologias de computação chinesas no exterior se referem ainda às áreas de processamento de texto, recomendação de conteúdo (publicidade e propaganda direcionada) que usa os algoritmos e IA (como é o caso da Google e FB), modelagem da fala, reconhecimento facial e de voz entre outros. 

A disputa pela hegemonia global passa pelo sistema digital e serviços de Inteligência Artificial no terreno do embate geopolítico, portanto indo além do caso comercial e do controle político e militar, onde a cibernética é questão-chave. 

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Os EUA temem que a China faça o que eles fizeram, quando em 2013, se soube que a NSA (Agência de Segurança Nacional), usando o sistema PRISM, vasculharam dados de milhões de pessoas direto dos servidores das maiores empresas de tecnologia dos EUA (Big Techs) na ocasião: Microsoft, Google, Facebook, Apple, Youtube, Skype, Yahoo, AOL e PalTalk. 

É bom que se diga que a disputa da China com os EUA se dá dentro da lógica do sistema estatal capitalista que os americanos dominavam sozinhos até aqui. Hoje não mais. 

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O assunto ainda vai render muito na medida em que a tecnologia é hoje o principal fator de produção e de intermediação dos negócios, em quase todos os setores da economia (frações do capital). 

Como setor, a tecnologia, ao usar as plataformas digitais (startups) e ter o forte suporte do circuito financeiro global - hegemônico no capitalismo contemporâneo - como mostra o valor de mercado (capital fictício destas corporações), amplia sua potência a um nível antes impensado, que chegam aos maiores oligopólios da história do capitalismo. 

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É nesse campo e usando quase que as mesmas armas que a China enfrenta os EUA tendo a tecnologia como fator estratégico da disputa geopolítica que rompe com a unipolaridade.

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