Chile de Piñera lembra o de Pinochet
Alex Solnik, do Jornalistas pela Democracia, afirma que o "uso de força desproporcional, emprego de armas letais e ilegais, tanto contra manifestantes pacíficos quanto contra vândalos, tornaram-se rotina" nas ruas de Santiago e de outras cidades do Chile. Ele destaca que o presidente Sebastian Piñera é "apoiado por apenas 15% dos chilenos"
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Por Alex Solnik, do Jornalistas pela Democracia
O relatório divulgado pela Human Rights Watch agora há pouco, depois de duas semanas de investigações revela que o Chile de Piñera lembra cada vez mais o de Pinochet.
Uso de força desproporcional, emprego de armas letais e ilegais, tanto contra manifestantes pacíficos quanto contra vândalos, tornaram-se rotina nas ruas de Santiago e de outras cidades do país desde 28 de outubro, quando o presidente Sebastian Piñera decretou o estado de emergência e o toque de recolher, em cuja vigência o comando do país passou aos militares e os carabineiros ocuparam o lugar dos policiais.
Suspensos dez dias depois, os decretos continuaram inspirando, no entanto, as ações dos carabineiros, nas ruas e nos presídios. Mais de 30 mortos, milhares de feridos e presos, dezenas de mutilados são números de guerra – tal qual Piñera havia definido a situação do país no início dos protestos.
As barbaridades cometidas pelos carabineiros a pretexto de manter a ordem vão desde o uso de escopetas com balas de borracha a menos de 30 metros dos alvos, o que as transforma em potencialmente letais até abusos sexuais contra os mais de 17 mil presos: mulheres e meninas, sobretudo, mas também homens e meninos, eram obrigadas a ficar nuas.
Em tempos de democracia tais relatos deveriam ser prontamente rechaçados e repudiados pelo presidente da República.
E os episódios que resultaram em agressões, abusos sexuais, ferimentos e homicídios por agentes do estado, investigados e seus autores – e seus chefes - punidos com severidade.
Tanto os chefes militares quanto o chefe civil deles – o presidente da República – deveriam mostrar que os que abusaram são maçãs podres que devem permanecer longe do cesto das frutas para não as contaminar.
Piñera, no entanto, repudiou o relatório da Human Rights Warch em vez de reprovar as atrocidades.
Ou seja, tornou-se cúmplice delas.
Hoje, ele entregou aos chefes militares o controle de instalações de infraestrutura do estado, a pretexto de protegê-las de vandalismo, por meio de um decreto enviado ao Senado.
É o preço que paga aos generais para continuar na presidência apesar de ser apoiado por apenas 15% dos chilenos.
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