Charlie Hebdo é uma merda. Não serve de escudo contra balas
Enquanto isso, 5 milhões de muçulmanos estão proibidos de fazer orações em público na França. Afinal, o Charlie Hebdo dizia que eles eram idiotas perigosos e que podiam explodir a qualquer momento
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Jesus Charlie?
Aguardei pacientemente. Três dias se passaram e os cabras não ressuscitaram. Seria perfeito. Pela primeira vez o ateísmo rumava para se converter em religião.
Após a chacina em Paris, fiéis brotaram aos montes a dizer: “aquele que morreu sou eu”, um troço metafísico pra cacete. O fervor e a paixão com que defenderam os cartunistas mortos - porque era só deles que se falava - era uma adoração cega, acrítica, como essas que se vê nas igrejas de esquina.
Nadei contra a corrente, contra o sentimento de manada, quando escrevi a crônica Je Ne Suis Pas Charlie.
Uns fanáticos logo surgiram para me atacar. Ora se diziam franceses, ora eram brasileiros que já tinham tirado foto com a Torre Eiffel ao fundo. Ambos pretendiam santificar os cartunistas.
Porque, você sabe, não morre um canalha. É só checar as lápides nos cemitérios e os necrológios (necro-elogios) nos jornais: bom filho, bom pai, grande amigo, esposo amantíssimo.
Fuleiragem.
Eu afirmei, corpos ainda insepultos, que esses caras haviam se convertido em abjetos islamofóbicos e cínicos provocadores que se prestavam a caricaturar – obsessivamente - os muçulmanos, ridicularizando sua fé e sua cultura.
Francófilos disseram que não, eles ridicularizavam todos. Conversa mole. Eles demitiram Sine por sacanear o filho de Sarkozy e os judeus em uma mesma piada.
Eu falei que Charb fez uma charge racista. Charbófilos disseram que eu não havia entendido a piada. Na verdade, diziam eles, Charb desenhou a ministra como uma macaca para criticar aqueles que a chamaram de macaca e dizer que era inaceitável que uma negra fosse representada como uma macaca. Por isso é que ele a macaqueou.
Entendeu? Nem eu.
Teve um site que detonou o Diddi Mocó. Porque o cearense havia dito à Playboy que na época dele fazia-se piada com preto, anão e viado; e ninguém achava ruim.
Pois não é que o mesmo site estava agora a defender a charge de Charb, aquela da macaca.
Parece que era de paz, mas só parece. Porque na comissão de frente tinha até um cara que despejou bombas na cabeça de mulheres e crianças na Palestina.
E não é que foi só terminar a marcha que a polícia francesa meteu logo as garras no comediante Dieudonné M’bala M’bala. Embora negro, às vezes dizem que ele faz apologia ao nazismo. Outras vezes o acusam de antissemitismo.
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Aguardei pacientemente. Três dias se passaram e os cabras não ressuscitaram. Seria perfeito. Pela primeira vez o ateísmo rumava para se converter em religião.
Após a chacina em Paris, fiéis brotaram aos montes a dizer: “aquele que morreu sou eu”, um troço metafísico pra cacete. O fervor e a paixão com que defenderam os cartunistas mortos - porque era só deles que se falava - era uma adoração cega, acrítica, como essas que se vê nas igrejas de esquina.
Nadei contra a corrente, contra o sentimento de manada, quando escrevi a crônica Je Ne Suis Pas Charlie.
Uns fanáticos logo surgiram para me atacar. Ora se diziam franceses, ora eram brasileiros que já tinham tirado foto com a Torre Eiffel ao fundo. Ambos pretendiam santificar os cartunistas.
Porque, você sabe, não morre um canalha. É só checar as lápides nos cemitérios e os necrológios (necro-elogios) nos jornais: bom filho, bom pai, grande amigo, esposo amantíssimo.
Fuleiragem.
Eu afirmei, corpos ainda insepultos, que esses caras haviam se convertido em abjetos islamofóbicos e cínicos provocadores que se prestavam a caricaturar – obsessivamente - os muçulmanos, ridicularizando sua fé e sua cultura.
Francófilos disseram que não, eles ridicularizavam todos. Conversa mole. Eles demitiram Sine por sacanear o filho de Sarkozy e os judeus em uma mesma piada.
Eu falei que Charb fez uma charge racista. Charbófilos disseram que eu não havia entendido a piada. Na verdade, diziam eles, Charb desenhou a ministra como uma macaca para criticar aqueles que a chamaram de macaca e dizer que era inaceitável que uma negra fosse representada como uma macaca. Por isso é que ele a macaqueou.
Entendeu? Nem eu.
Teve um site que detonou o Diddi Mocó. Porque o cearense havia dito à Playboy que na época dele fazia-se piada com preto, anão e viado; e ninguém achava ruim.
Pois não é que o mesmo site estava agora a defender a charge de Charb, aquela da macaca.
Os mesmos cabras que apontaram o dedo para o Renato Aragão, agora diziam que era normal que os muçulmanos da França - espremidos na periferia, cidadãos de segunda classe, comparados aos nossos pretos, anões e viados - fossem achincalhados. Menos pelo Didi.
Vai entender.
Como estamos na Idade Mídia, os tempos são de trevas. O midiota, você sabe, é um mero boneco de ventríloquo. A publicação francesa, que já a algum tempo definhava, hoje bateu recorde de vendas.
Mas não se engane, trata-se de um fenômeno midiático instantâneo e passageiro. Uma bíblia de fim de semana, esse entusiasmo acaba assim que a mídia encontrar outro assunto.
Por falar em mídia, e aquela comissão de frente hein, todo mundo de sobretudo, solene; uma fantasia. A carnavalização da morte, um mórbido espetáculo. Só faltaram os carros alegóricos, as mulatas brancas e o povo.
Porque os líderes mundiais, como sempre, nem ligaram para a multidão. Isolaram-se em uma rua e posaram para uma fotografia, braços dados, e deixaram que os jornalistas se encarregassem em interpretar o gesto.
Vai entender.
Como estamos na Idade Mídia, os tempos são de trevas. O midiota, você sabe, é um mero boneco de ventríloquo. A publicação francesa, que já a algum tempo definhava, hoje bateu recorde de vendas.
Mas não se engane, trata-se de um fenômeno midiático instantâneo e passageiro. Uma bíblia de fim de semana, esse entusiasmo acaba assim que a mídia encontrar outro assunto.
Por falar em mídia, e aquela comissão de frente hein, todo mundo de sobretudo, solene; uma fantasia. A carnavalização da morte, um mórbido espetáculo. Só faltaram os carros alegóricos, as mulatas brancas e o povo.
Porque os líderes mundiais, como sempre, nem ligaram para a multidão. Isolaram-se em uma rua e posaram para uma fotografia, braços dados, e deixaram que os jornalistas se encarregassem em interpretar o gesto.
Parece que era de paz, mas só parece. Porque na comissão de frente tinha até um cara que despejou bombas na cabeça de mulheres e crianças na Palestina.
E não é que foi só terminar a marcha que a polícia francesa meteu logo as garras no comediante Dieudonné M’bala M’bala. Embora negro, às vezes dizem que ele faz apologia ao nazismo. Outras vezes o acusam de antissemitismo.
Charlie Hebdo também não ia com a cara dele, já meteram-lhe uma quenelle no ânus e o pintaram simiescamente.
Qual é desse negão falando mal de judeus? É aquela coisa, o macho branco, e somente o macho branco, é que pode tudo!
Tô achando que a igrejinha de Charb está com os dias contados. Daqui a pouco começa o BBB, a Champions Ligue, o Tour de France e a moçada vai tomar cerveja de frente pra TV.
Enquanto isso, 5 milhões de muçulmanos estão proibidos de fazer orações em público na França. Afinal, o Charlie Hebdo dizia que eles eram idiotas perigosos e que podiam explodir a qualquer momento.
Pra mim, de longe, a charge mais desprezível do Hebdo é aquela alusiva ao massacre de muçulmanos no Egito. Acostumado a desumanizar os muçulmanos, os caras do Hebdo não tiveram compaixão, tascaram uma charge.
O Corão, crivado de balas, e a frase: O corão é uma merda. Não serve de escudo contra balas.
Seria justo e honesto com a linha de pensamento da moçada que defende as barbaridades do C.H. que a nova capa do semanário viesse com Charb segurando seu jornal, crivado de balas, e a frase:
O Charlie Hebdo é uma merda. Não serve de escudo contra balas.
Mas aí já é ofender a religião alheia.
Palavra da Salvação.
Qual é desse negão falando mal de judeus? É aquela coisa, o macho branco, e somente o macho branco, é que pode tudo!
Tô achando que a igrejinha de Charb está com os dias contados. Daqui a pouco começa o BBB, a Champions Ligue, o Tour de France e a moçada vai tomar cerveja de frente pra TV.
Enquanto isso, 5 milhões de muçulmanos estão proibidos de fazer orações em público na França. Afinal, o Charlie Hebdo dizia que eles eram idiotas perigosos e que podiam explodir a qualquer momento.
Pra mim, de longe, a charge mais desprezível do Hebdo é aquela alusiva ao massacre de muçulmanos no Egito. Acostumado a desumanizar os muçulmanos, os caras do Hebdo não tiveram compaixão, tascaram uma charge.
O Corão, crivado de balas, e a frase: O corão é uma merda. Não serve de escudo contra balas.
Seria justo e honesto com a linha de pensamento da moçada que defende as barbaridades do C.H. que a nova capa do semanário viesse com Charb segurando seu jornal, crivado de balas, e a frase:
O Charlie Hebdo é uma merda. Não serve de escudo contra balas.
Mas aí já é ofender a religião alheia.
Palavra da Salvação.
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