Chantagem de Marun enterrou a reforma de vez

"A enfática reação dos governadores à tentativa do ministro Carlos Marun de chantageá-los - só receberiam empréstimos da Caixa Econômica Federal os que obrigassem os deputados de seu estado a aprovar a reforma da Previdência – revela o tamanho do desastre da manobra, que poderá enterrar, definitivamente, o projeto", diz o colunista Alex Solnik; "se a votação de 19 de fevereiro estava a caminho do telhado, agora ela subiu"

14/09/2017- Brasília - O deputado Carlos Marun, em entrevista no Palácio do Planalto, fala sobre denúncias apresentadas pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot Foto: Wilson Dias/Agência Brasil
14/09/2017- Brasília - O deputado Carlos Marun, em entrevista no Palácio do Planalto, fala sobre denúncias apresentadas pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot Foto: Wilson Dias/Agência Brasil (Foto: Alex Solnik)


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A enfática reação dos governadores à tentativa do ministro Carlos Marun de chantageá-los - só receberiam empréstimos da Caixa Econômica Federal os que obrigassem os deputados de seu estado a aprovar a reforma da Previdência – revela o tamanho do desastre da manobra, que poderá enterrar, definitivamente, o projeto.

   E o tamanho do cérebro do novo braço direito de Temer.

   Marun comprometeu todo o esforço desenvolvido pelo governo até então.

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   Em vez de obter os votos que faltavam colocou em risco os que o governo já tinha, pois recairá sobre os deputados que votarem a favor e sobre seus governadores a suspeita de que sucumbiram à chantagem.

   E com que cara eles vão pedir votos nas eleições de 2018?

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   Com cara de quem se ajoelha diante das ameaças inconstitucionais de um ministro?

   Marun prestou um grande favor aos que são contrários à reforma!

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   Certamente inspirado por seu mestre e guru, Eduardo Cunha, que o orienta mesmo de trás das grades, o truculento comandante da tropa de choque do agora presidiário inventou de usar o método preferido do seu mentor – a chantagem – mas com as pessoas erradas: ninguém mexe com governadores de estado impunemente.

    Chantagista de primeira viagem, o sósia de João Bafo-de-Onça dos gibis do Tio Patinhas desconhece que governadores não podem ser tratados do mesmo modo que ele – e seu ídolo - tratam seus colegas deputados. Um deputado responde por 100 mil votos, 200 mil votos. Um governador responde por milhões de votos.

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   Não pode, jamais, um ministro colocar um governador contra as cordas, ainda mais de forma explícita como essa.

   O papel dos governadores sempre foi essencial na história republicana, principalmente quando atuaram em conjunto.

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   Os governadores de Minas e de São Paulo conspiraram e colocaram no poder a ditadura militar, em 1964; vinte anos depois, governadores de oposição à ditadura a derrubaram com a campanha das Diretas Já.      

   Esta foi a segunda ideia infeliz de Marun em menos de um mês. A primeira foi pedir a prisão do ex-Procurador Geral da República, Rodrigo Janot no relatório da CPI da JBS, da qual teve de recuar em seguida.

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   Mas dessa tentativa de chantagem não há como Marun recuar.

   Se a votação de 19 de fevereiro estava a caminho do telhado, agora ela subiu.

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