Censura na UFPE e a farsa que se repete como farsa
Sérgio Buarque de Holanda e Raymundo Faoro, que joguem luzes sobre a Superintendência de Comunicação da UFPE
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A Superintendência de Comunicação da Universidade Federal de Pernambuco manifestou-se por nota enviada ao Brasil 247 sobre o meu artigo publicado no dia 18 de agosto, intitulado “Censura sem fim na UFPE!” – um espaço (o Brasil 247), onde, desde 2019, contribuo de maneira independente, nunca tendo sofrido nenhum tipo de advertência sobre os conteúdos de minha responsabilidade: os quase 100 artigos publicados e as quase 200 edições do Trilhas da Democracia veiculadas, sobre os mais variados temas, desde o início do governo fascista de Jair Bolsonaro.
Confesso que, ao ler a nota, me veio à mente uma das máximas daquele filósofo alemão morto em 1883, mas não da forma como ele a redigiu na obra que mais me influenciou na minha formação como historiador. Na história das duas censuras impostas pela gestão da UFPE, contra as quais me rebelei, não houve espaço para a tragédia, já que tanto em março de 2021 como em agosto de 2022, a farsa dominou o cenário. Assim, a nota de 2022 nada mais é que a mimetização da farsa da nota da mesma gestão nos idos de 2021: a farsa que se repete como farsa.
Na farsa de março de 2021, fui acusado de não ter sido aberto ao diálogo. Na farsa de agosto de 2022, não posso deixar de constatar, desceu-se ladeira abaixo na capacidade de argumentação. Num estilo típico de comunicação de assembleia de condomínio, a Superintendência de Comunicação afirmou à revista Veja que não atendi às chamadas telefônicas e, agora, ao 247, afirma que não retornei os contatos por aplicativos, além de – num espetáculo de mentalidade patrimonialista, típico daquilo que Roberto DaMatta definiu como “cidadania relacional” – sugerir que poderia ter me utilizado do “contato pessoal e direto de todos”, já que havia “feito parte desse mesmo setor”.
Sérgio Buarque de Holanda e Raymundo Faoro, rogo a vocês que joguem as suas luzes sobre essa Superintendência a fim de que aprendam a lição republicana de que, em espaços institucionais, as relações devem se dar de maneira impessoal, ou seja, “contato pessoal e direto de todos” deve orientar relações privadas/familiares (a “casa”), nunca o espaço público/institucional (a “rua”). E a comunicação entre servidores públicos federais, para tratar de assuntos públicos e institucionais, deve se dar por meio de e-mail institucional.
Mas, que me seja permitido ir ao essencial, ultrapassando a tergiversação que atravessa a nota da Superintendência. O que esta última define de maneira minimalista como um simples “mal-entendido” eu denomino e denuncio como sendo mais um ato de censura dentro da estrutura de comunicação da Universidade Federal de Pernambuco, uma estrutura que se insere dentro de um quadro mais amplo de interdição da fala daqueles que pensam diferentemente nos seus canais institucionais.
Um quadro mais amplo que tem um modus operandi, a saber: a imposição da censura seguida (no caso da denúncia ganhar repercussão nacional) de notas que responsabilizam aquele que sofreu a censura de se fechar ao diálogo. A questão é política, essencialmente política, de princípios, essencialmente de princípios. E a caricatura de um telefonema não atendido só faz desviar a atenção da seguinte possibilidade, que não me parece inverossímil: a existência de outras situações de censura dentro da UFPE, que, por não terem repercutido nacionalmente, acabaram se tornando invisíveis.
Reafirmo, pois, o que disse em artigo anterior: me foram feitas 4 perguntas por uma jornalista da ASCOM/UFPE, concordei em respondê-las com a condição de não haver edição, a jornalista replicou dizendo que tudo dependia do espaço das respostas, me dispus a responder no espaço determinado e, por meio da intervenção do assessor de imprensa submetido hierarquicamente ao superintendente de comunicação (que coisa mais esdrúxula esta estrutura, diga-se de passagem), me foi retirado o convite às respostas com argumentos falsamente jurídicos – o que, evidentemente, não aparece na nota da Superintendência.
Finalizo dizendo aos/às meus/minhas não mais que 10 leitores/as que, como não me foi permitido responder as 4 perguntas no Boletim Oficial da Universidade onde orgulhosamente vivo academicamente, o farei brevemente nesse espaço democrático e plural do Brasil 247.
Encerro por aqui a polêmica, pedindo a Santo Antonio Gramsci que nos proteja na luta contra o fascismo.
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