Censores omissos da historiografia dos oprimidos
Talvez não fosse ocioso perguntar se essa criatura já frequentou as salas dos sindicatos operários; ou visitou acampamentos do MST ou conhece a escola de formação do movimento; ou presenciou as assembleias da FETAPE; ou panfletou e foi presa por fazer greves
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Apareceu do nada, quase como numa provocação, uma reprimenda de uma leitora das postagens aqui apresentadas, aos historiadores e professores de História, que utilizam o critério benjaminiano de "escrever a história a contrapelo", a história a partir dos oprimidos.
Segundo a crítica mordaz, os que assim escrevem a história, nunca viram um oprimido pela frente. Fazem-no por demagogia, ou por moda. Mas nunca conviveram com as classes oprimidas.Parece uma censura e tanto aos chamados revolucionários de gabinete ou de salão.
Talvez não fosse ocioso perguntar se essa criatura já frequentou as salas dos sindicatos operários; ou visitou acampamentos do MST ou conhece a escola de formação do movimento; ou presenciou as assembleias da FETAPE; ou panfletou e foi presa por fazer greves.
Certamente que não. Pensa que se faz história do oprimido porque é engraçado, ou chic, ou porque está na moda. É bom lembrar a esta desavisada que todo esforço de resgate do passado, de um certo passado, se faz a partir de uma ordem de luta, não de celebração. Isto porque o passado não está morto e clama pela sua salvação através desse resgate do historiador. Se não formos fiéis a essa memória de luta, estamos traindo pela undécima vez as esperanças das gerações silenciadas ao longo da história.
Como dizia o escritor espanhol Jorge Semprún: todo esquecimento é uma forma de reificação . Lembrar, relembrar, escrever ou reescrever é um ato de libertação.
Viva a história dos oprimidos. Daqueles que nunca tiveram direito à história.
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