Caso Tchutchuca: Guedes foi engolido pela esfinge

"Brasília é uma esfinge que devora aqueles que, por desconhecimento ou arrogância, desafiam as leis do poder vigentes em todos os governos. Uma delas estabelece que ministro da Economia - ou Fazenda, como antigamente - não pode ser o principal articulador político do governo, sustentáculo das negociações com o Congresso", diz Helena Chagas, do Jornalistas pela Democracia; "Guedes não pode frequentar o escurinho do plenário, e deve ser comedido nos jantares. Não tem traquejo nas lides parlamentares e corre o risco de ser engolido na próxima esquina"

Caso Tchutchuca: Guedes foi engolido pela esfinge
Caso Tchutchuca: Guedes foi engolido pela esfinge (Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)


✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no canal do Brasil 247 e na comunidade 247 no WhatsApp.

Por Helena Chagas, no Divergentes e para o Jornalistas pela Democracia

Brasília é uma esfinge que devora aqueles que, por desconhecimento ou arrogância, desafiam as leis do poder vigentes em todos os governos. Uma delas estabelece que ministro da Economia - ou Fazenda, como antigamente - não pode ser o principal articulador político do governo, sustentáculo das negociações com o Congresso. Tem que ter anteparos políticos, como tiveram Fernando Henrique Cardoso e Antônio Palocci - só para lembrar duas gestões bem sucedidas na economia.

Paulo Guedes foi abandonado sozinho na cova dos leões da CCJ, e o resultado não poderia ser outro. Saiu de lá chamado de "Tchutchuca", apelido do qual vai ser difícil se livrar. A base aliada não o defendeu por uma simples razão: ela não existe. E não houve a preocupação mínima do Planalto em escalar deputados do PSL líderes governista, ou o filho presidencial 03, para se inscreverem e fazer contraponto à oposição.

continua após o anúncio

Além de revelar o jogo do Centrão de mostrar, no tranco, que é necessário e obter do Planalto o que deseja, o episódio confirma o erro de dar a Guedes um papel que não é e não pode ser dele. Por melhor e mais jeitoso que seja o ministro da Economia, ele não pode ser o principal canal de interlocução com os políticos na negociação de uma reforma como a da Previdência.

(Conheça e apoie o projeto Jornalistas pela Democracia)

continua após o anúncio

Cada palavra do ministro da Economia sacode os mercados, alerta os investidores, mexe com setores e interesses diversos da economia. Em política, como se sabe, o que mais há são palavras ao vento, que saem das bocas dos líderes e articuladores num dia e depois somem no horizonte. As conversas são provisórias, muitas vezes o palavreado extrapola as regras de cortesia. Mas tudo fica por isso mesmo porque as pazes e entendimentos são feitos no escurinho do plenário ou nas madrugadas dos jantares.

Guedes não pode frequentar o escurinho do plenário, e deve ser comedido nos jantares. Não tem traquejo nas lides parlamentares e corre o risco de ser engolido na próxima esquina.

continua após o anúncio

Além disso, é dono de uma espontaneidade e franqueza elogiáveis, mas que quase sempre o levam ao caminho do "sincericídio". Não deve ser exposto como ocorreu na CCJ, porque acabará perdendo a aura de autoridade máxima da economia e a capacidade de dar a última palavra nas negociações concretas da Previdência - até porque seu chefe não quer saber muito do assunto.

(Conheça e apoie o projeto Jornalistas pela Democracia)

continua após o anúncio

iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular

Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:

Este artigo não representa a opinião do Brasil 247 e é de responsabilidade do colunista.

Comentários

Os comentários aqui postados expressam a opinião dos seus autores, responsáveis por seu teor, e não do 247

continua após o anúncio

Ao vivo na TV 247

Cortes 247