Caso Nubank e o setor bancário mostram aumento do protagonismo dos grupos financeiros privados no Brasil
O crescimento destes bancos digitais se dão basicamente em cima dos bancos públicos BB, CEF e BNDES, cuja participação no mercado financeiro vem caindo a cada ano
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Por Roberto Moraes
A mídia que cobre o setor financeiro informou hoje que o banco digital Nubank recebeu aporte de US$ 500 milhões do fundo financeiro de Warren Buffet, o Berkshire Hathaway.
Só em 2021, o Nubank aumentou em 20% o seu valor de mercado em dólar e chegou a US$ 30 bilhões. Assim, passou a ser o banco digital de maior valor no mundo e o quinto maior banco no Brasil, em valor de mercado, na frente do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal.
O Nubank (plataforma-digital-financeira) já tem 40 milhões de clientes e segue adicionando 45 mil clientes por dia à sua base. O Nubank não está na Bolsa e segue com capital fechado, fazendo intermediação financeira por plataforma digital, com baixíssimo custos de captação e inadimplência e, consequentemente, com altíssimas margens financeira e de lucros.
Esses aportes de capitais globais mostram o enlace desta fração ao capital nacional gerando a enorme valorização fictícia que os dinheiros de fora vêm buscar aqui no setor financeiro brasileiro.
Observando o valor de mercado de outros bancos que operam no Brasil, é possível identificar que o crescimento destes bancos digitais se dão basicamente em cima dos bancos públicos BB, CEF e BNDES, cuja participação no mercado financeiro vem caindo a cada ano. O BB tem 68 milhões de clientes e valor de mercado de R$ 104 bilhões, enquanto o Nubank chegou a R$ 151 bilhões.
Os meios de pagamento das fintechs são também responsáveis por estas mudanças e nos últimos anos, eles mais que triplicaram no país. A presença da Stone e PagSeguro (Folha de S.Paulo) na lista abaixo mostra o peso dos meios de pagamento digitais e ainda dos cartões, que em 2021 têm previsão de movimentar R$ 2,3 trilhões, pouco mais da metade, em operações de crédito, sob os quais os bancos faturam.
Por tudo isso, repito, o Brasil de hoje é bem distinto de duas décadas atrás. Os arranjos entre os esquemas tradicionais e os inovadores da financeirização digital, assim como a relação entre o esquemas financeiros e a economia real - da qual os primeiros extraem valor - é o assunto que merece ser melhor interpretado.
O mercado avançou no protagonismo sobre a nossa economia e explica, em parte, a perda de protagonismo do Estado e de sua capacidade de intervenção nas políticas econômicas e sociais nacionais. Será preciso enfrentar essa realidade na retomada de um projeto nacional-desenvolvimentista.
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