Carta aos eleitores que (ainda) votariam em Bolsonaro
Mais do que burrice, neste caso, revelaria que você é um sujeito vil, preconceituoso, mau-caráter e igualmente canalha como Bolsonaro
✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no canal do Brasil 247 e na comunidade 247 no WhatsApp.
Prezado "cidadão de bem" (e quero acreditar que seja ingênuo por não saber que esse termo era o título de um jornal da Ku Klux Klan)
Antes de mais nada, permita-me conjugar o verbo VOTAR no futuro do pretérito pois em breve entenderá.
Gostaria de saber quais são os reais motivos que os levam a seguir votando em Bolsonaro. E, por favor, não venham argumentar com o falso slogan "Deus, Pátria, Família e Liberdade", facilmente derrubado, como apresento para você.
Que deus é esse que defendem? Aquele mesmo que mostra-se intolerante? Um deus fariseu? Um deus que prega o genocídio de negros, indígenas, ambientalistas, quilombolas e toda população periférica? Um deus adorador da tortura?
(É como diz a letra do rap, "se Jesus voltasse, cês matava ele de novo...E chamava de comunista por pensar demais no povo"...)
Pátria? Que patriota é esse que entrega nossas riquezas e bens naturais ao capital estrangeiro? Que defensor da nação é aquele que compromete a própria soberania energética com o entreguismo da Eletrobrás e Petrobrás? Não faz jus à definição do que é ser verdadeiramente patriota: "pessoa que ama sua pátria, seu país de nascimento, que se esforça para lhe ser útil, agindo em seu favor ou em sua defesa". Com Bolsonaro, nosso Brasil virou motivo de chacota e vergonha mundial.
E o que falar dos crimes contra o meio ambiente, cujos biomas como Amazônia e Cerrado batem recordes de desmatamento e incêndios criminosos associados ao agronegócio? Bolsonaro não apenas promoveu o desmonte nos órgãos de fiscalização, como aparelhou muitos deles, impedindo a divulgação de dados - afinal, sem dados não se pode afirmar pioras! - barrando novas demarcações e dando passagem livre para que a boiada dos crimes ambientais seguisse passando.
Como defender o "combate à corrupção" se aqueles que denunciam crimes são mortos e os que investigam são exonerados de seus cargos?
Lembrem-se de Marielle Franco e a denúncia das milícias do Rio de Janeiro, associadas justamente ao clã Bolsonaro, ou ainda o recente caso do indigenista Bruno Araújo Pereira e o jornalista Dom Phillips, que não apenas denunciaram, como "foram sumidos", em ato típico de governos ditatoriais. Bruno, inclusive, denunciava a ação de garimpeiros e madeireiros ilegais, solicitando atitude do governo federal. Em resposta, foi perseguido e exonerado de sua função em 2019, onde era o responsável pela Coordenação Geral de Indígenas Isolados e de Recente Contato (CGIIRC).
E quando não se pode sumir com as provas, impõe-se sigilo sobre os dados. Inclusive na farra dos milhões no cartão corporativo.
É essa a "liberdade" que tanto desejam? É liberta uma sociedade que persegue educadores, que ao desenvolverem e estimularem o senso crítico nos educandos, são ameaçados e até demitidos por pressão dos governistas e aliados de Bolsonaro? Afinal, somos nós, educadores, responsáveis pela emancipação dos futuros cidadãos e cidadãs que, sendo críticos ao status quo, poderão fazer a diferença na sociedade, exigindo e cobrando alterações em atendimento ao bem comum. Seria esse o motivo do incômodo? (Uma sociedade passiva é mais fácil de ser manipulada!).
E o que dizer do negacionismo científico, cujo passado recente foi responsável por ceifar a vida de milhares de brasileiros, justamente pela propagação de mentiras, imputando medo das vacinas e receitando drogas ineficazes, incluindo até mesmo casos de superfaturamento? Famílias (aquelas mesmas defendidas por Bolsonaro foram mortas e desestruturadas por essas ações desumanas).
Ao mesmo tempo que combatem os fatos com mentiras, esse governo da morte segue intoxicando o ambiente, liberando mais e mais agrotóxicos - inclusive aqueles proibidos na União Europeia - que aos poucos nos envenenam, envenenam seus filhos e todo nosso futuro. Por que o medo imaginário da vacina fala mais alto do que os fatos verídicos contra os agrotóxicos? O que te leva a apoiar esse tipo de comportamento sem qualquer tipo de mobilização e contestação? Só porque quer defender Bolsonaro a todo custo, ignorando a razão?
E quando se fala em família? Pergunto-lhes: a sua está feliz, sorridente e vivendo a plena valorização do trabalho, da renda, sem passar nenhum tipo de dificuldade financeira? Acredito que não - e espero que não faça parte dos 14 milhões de desempregados, ou ainda, dos 33 milhões de brasileiros que estão passando fome ou até mesmo dos 127 milhões que (sobre)vivem em insegurança alimentar, o que fez com que o Brasil voltasse ao Mapa da Fome da ONU.
Nossas famílias estão com orçamento para lá de comprometido, principalmente pela ingerência econômica e incompetência de Bolsonaro. E não adianta tentar colocar a culpa apenas na pandemia.
Quem viveu sabe do que estou falando: voltamos para a década de 90, quando a inflação (que hoje está na casa de 12%) devorava nosso salário, reduzindo o poder de compra. Não à toa, o ministro (sic) da Economia, defensor do "livre mercado" Paulo Guedes, sugeriu - e logo depois negou - que os mercados promovessem o tabelamento dos preços dos produtos...governo Sarney de volta?
Assim sendo, a única família que Bolsonaro defende em suas falas - essas sendo reproduções de falas nazifascistas, é bom que se diga - é de seu clã. Rachadinhas, mansões, lavagem de dinheiro público, troca de delegados e manipulação de quem os investiga sua prole criminosa, enriquecimento ilícito de seus filhos...é essa faMILÍCIA que ele defende. Não seja novamente enganado.
E nosso combustível? Por que não se revolta com a política de Preço de Paridade de Importação (PPI), imposta pelo golpista Temer e mantida por Bolsonaro, que não é apenas uma afronta ao povo, mas que também viola o interesse público, a soberania nacional e a função social da Petrobrás? É desumano que, mesmo com produção própria, sigamos uma política de dolarização do preço dos combustíveis, ainda mais em tempos de desvalorização de nossa moeda!
E, na tentativa de jogar a opinião pública contra os governos estaduais (assim como tem feito para desacreditar as eleições democráticas via urnas eletrônicas!), coloca a culpa nas alíquotas de ICMS. Importante que se diga: parte desse imposto vai justamente para as universidades públicas e, uma vez reduzido, precariza-se ainda mais os investimentos nessas instituições - levando a famigerada ideia de "terra arrasada", favorecendo a venda do discurso neoliberal para privatizá-las. Ou seja, mais um direito constitucional desrespeitado.
Enfim, essa singela carta é apenas para tentar, uma vez mais, abrir-lhes os olhos, para que deixe seu ódio de lado e entenda de uma vez por todas que Bolsonaro não é nada daquilo que foi vendido para você. Mais do que isso, o preço pago foi - e seguirá - caro, e a conta estamos pagando juntos. Nos resta agora a união para derrubarmos todos esses retrocessos, promovendo novamente a esperança para o povo brasileiro. E, apesar de toda destruição social, ambiental e econômica, acredito que o Brasil pode sair dessas trevas.
Errar é humano. O que não podemos é persistir nesse erro. Mais do que burrice, neste caso, revelaria que você é um sujeito vil, preconceituoso, mau-caráter e igualmente canalha como Bolsonaro. E para se redimir disso, não basta pagar de "cristão", é preciso derrotar todos esses retrocessos nas urnas. Mais do que nunca, por um Brasil verdadeiramente livre, soberano e respeitado internacionalmente, ELE NÃO!
E que o seu VOTAR não escolha novamente um erro, mas a certeza de que o passado foi melhor que o atual presente, e pode ser ainda melhor no futuro do indicativo da esperança!
iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popularAssine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:
Este artigo não representa a opinião do Brasil 247 e é de responsabilidade do colunista.
Comentários
Os comentários aqui postados expressam a opinião dos seus autores, responsáveis por seu teor, e não do 247