Carta a Putin: cancele visita de Temer a Moscou
Colunista do 247 Alex Solnik escreve carta ao presidente da Rússia, Vladimir Putin, na qual alerta que, além de "enorme perda de tempo", receber Michel Temer em Moscou pode trazer danos à própria imagem da Rússia; "Temer não tem legitimidade para representar o seu país, motivo pela qual a Rússia não tem nada a negociar com ele. O senhor também deve saber que Temer é tão detestado pela população quanto Eduardo Cunha, que é o sinônimo nacional de vilão", diz Solnik; "Sei que o senhor não precisa de conselhos, mas eu lhe diria que seria mais conveniente, para resguardar a sua imagem e a da Rússiaa cancelar essa visita e esperar um pouquinho mais. No máximo em outubro de 2018 será eleito um novo presidente no Brasil, este sim terá a legitimidade do voto popular"
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Prezado Sr. Vladimir Putin!
Eu soube que as diplomacias brasileira e russa estão ultimando os preparativos para a primeira visita oficial de Temer, como presidente-tampão a Moscou, onde será recebido pelo senhor.
A princípio, sua estadia estaria prevista para acontecer entre 21 a 23 de junho. Mas as datas podem ser empurradas para mais pra frente, final de junho.
Gostaria de alertá-lo que a visita será uma enorme perda de tempo. Mas, se o senhor não tem nada melhor para fazer...
Certamente o senhor, sempre bem informado, sabe em que condições Temer chegou ao poder, traindo a presidente que o elegeu na mesma chapa em razão da força do partido dela, o PT e que é, talvez, o presidente mais impopular do Brasil em todos os tempos por estar querendo impor uma pauta de reformas antipopulares que não constavam do programa de governo da chapa na qual se elegeu.
Temer não tem legitimidade para representar o seu país, motivo pela qual a Rússia não tem nada a negociar com ele.
O senhor também deve saber que Temer é tão detestado pela população quanto Eduardo Cunha, que é o sinônimo nacional de vilão.
Por isso o advirto de que se a sua intenção for melhorar as relações entre os dois povos e a imagem da Rússia no Brasil, apertar as mãos e posar para fotos com o presidente que tem apenas 4% de aprovação popular pode ser um tiro no pé.
Embora as relações comerciais e culturais estejam aquém do potencial dos dois países, a atual administração brasileira pouco poderá fazer para melhorar o quadro.
Aliás, o senhor também deve saber que oito de seus ministros estão sob investigação da Operação Lava Jato acusados de corrupção – inclusive o das Relações Exteriores – o que faz supor que nos próximos meses eles vão dispender mais tempo defendendo-se na Justiça do que tratando de alavancar relações com o seu grande país.
Suponho que o senhor também esteja informado de que o próprio presidente-tampão só não está sendo investigado devido à blindagem constitucional.
Na linguagem futebolística, Temer está sendo chamado de Dunga, se é que o senhor me entende.
Não sei até que ponto será positivo para o senhor abraçar uma pessoa com tantos poréns.
Pesa também contra a Rússia e o BRICS a proximidade que o atual governo brasileiro exibe com os Estados Unidos, ainda que o Brasil esteja muito mais ansioso para cair nos braços de Tio Sam do que vice-versa.
Sei que o senhor não precisa de conselhos, mas eu lhe diria que seria mais conveniente, para resguardar a sua imagem e a da Rússiaa cancelar essa visita e esperar um pouquinho mais. No máximo em outubro de 2018 será eleito um novo presidente no Brasil, este sim terá a legitimidade do voto popular.
Com ele (ou ela) o senhor poderá encaminhar o assunto do incremento das relações com a Rússia em alto nível.
Esqueça Temer.
Dasvidania.
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