Carta a Marina
"O povo brasileiro e o Brasil precisam de todos nós do campo popular, Marina, que temos inserção com a nossa gente, nesta hora dramática", escreve o colunista Vivaldo Barbosa
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Por Vivaldo Barbosa
Marina, por não dispor de seu endereço, dirijo-me a você por aqui. Melhor assim, pois nosso assunto não é particular.
Te escrevo, Marina, pois li hoje sobre a sua indignação pela contratação, pelo PDT, de marqueteiro para promover o partido e para campanha de Ciro Gomes nas próximas eleições presidenciais.
Você se indignou, Marina, porque viu nessa contratação a inversão dos valores que devem presidir o debate político, “é a política vista como um produto a ser vendido a qualquer custo e sem limite ético”. E por ser o marqueteiro quem revelou ser nos últimos tempos.
Toda razão, Marina.
Talvez você não tenha percebido outro detalhe na contratação: o salário do marqueteiro é de 250 mil reais por mês. E com dinheiro do Tesouro Nacional, pois decorre do Fundo Partidário. Os recursos do Fundo Partidário destinam-se a promover o debate político, o aprofundamento das questões ideológicas e programáticas e valorizar a formação da sua militância e a elevação de seus quadros. A contratação do marqueteiro “representa a antítese do debate”, como você mencionou. Infelizmente, a utilização dos recursos do Fundo Partidário tem sido desvirtuada até para fins igualmente condenáveis ou até piores ainda, pelo PDT e por outros partidos.
É bom possível que os dirigentes do PDT sintam necessidade de procurar dar outra imagem ao partido, tão desgastado pelos desvios de conduta e de postura política de seus dirigentes. Saíram do trabalhismo, desrespeitaram os ensinamentos de Brizola, seguem uma linha fisiológica e estão a se aliar com os herdeiros da ARENA, o partido que deu sustentação ao regime militar. Ah Brizola, estaria sofrendo tanto se estivesse aqui assistindo a tudo isto. E o marqueteiro estará aí para procurar enganar, iludir, “a qualquer custo e sem limite ético”, você disse, Marina.
Isto me levou à reflexão sobre o seu papel na política brasileira, no Brasil sofrido de hoje.
Você é filha do Brasil, Marina, autêntica representante da nossa gente, crescida nos seringais, enfrentou e superou as imensas dificuldades que o nosso povo se depara no seu dia a dia, inspirou-se em Chico Mendes.
Te conheci, Marina, e trabalhamos juntos, você Senadora, líder do Partido dos Trabalhadores, eu Deputado Federal. Como você sabe, minha militância sempre foi no trabalhismo. O trabalhismo é o responsável pelo de melhor que se fez no Brasil: a legislação trabalhista, a organização da Previdência Social; a estruturação do Estado Nacional com capacidade de defender nossa soberania, assegurar o domínio das nossas riquezas e intervir na economia para enfrentar os grupos econômicos daqui e de fora; o desenvolvimentismo, que incutiu no povo brasileiro a ideia de que ele tem capacidade para superar o atraso; implantou as estatais estratégicas. O PT e os governos Lula e Dilma mantiveram essas conquistas e acrescentaram a superação da pobreza e da miséria, mesmo que algumas áreas sob influência de grupos da USP proclamassem distância do trabalhismo.
Você, Marina, é a maior e melhor lutadora da questão ambiental. Você deu o toque indispensável à compreensão do meio ambiente: diz respeito à preservação da vida, da vida do povo brasileiro. Este toque popular tornou você única e singular a melhor entender o significado desta luta.
O conservadorismo, especialmente seu porta voz, os meios de comunicação, sempre procuram utilizar grandes figuras e grandes ideias em seu proveito. As grandes figuras sempre se libertaram, mesmo que por caminhos às vezes tortuosos.
O povo brasileiro e o Brasil precisam de todos nós do campo popular, Marina, que temos inserção com a nossa gente, nesta hora dramática. Os acontecimentos estão aí, não fomos nós que fizemos a história, nossa história se fez. E se faz agora em torno da liderança de Lula. É por aí que nosso povo vai se salvar, encontrar o seu caminho.
Venha conosco, Marina. Aqui é o seu ambiente, aqui está nossa gente. Não é em outro lugar.
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