Carona a garimpeiros reabre discussão sobre desvios no uso da FAB

"Desde 1941, quando foi criada como Ministério da Aeronáutica, a FAB/Força Aérea Brasileira nunca tinha enfrentado situações tão embaraçosas e desonrosas como no governo Bolsonaro", constata o colunista Jeferson Miola

Manoel Silva Rodrigues; avão da FAB
Manoel Silva Rodrigues; avão da FAB (Foto: Reprodução | PR)


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Ao longo de 79 anos, desde sua criação no ano de 1941 como Ministério da Aeronáutica, a FAB/Força Aérea Brasileira nunca tinha enfrentado situações tão embaraçosas e desonrosas como no governo Bolsonaro.

A viagem de Vicente Santini, então ministro-substituto do Onyx Caixa2 na Casa Civil, a paraísos turísticos de 7 países num jato Legacy da FAB com o pretexto de participar do Fórum Econômico de Davos, Suíça [que, registre-se, ainda está longe de ser esclarecido, inclusive com ressarcimento ao erário das despesas indevidas], até parece um crime para juizado de pequenas causas, se comparado com o episódio do tráfico internacional de 39 kg de cocaína em avião da FAB da frota presidencial.

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Uma névoa envolve este episódio. A PF de Moro, por exemplo, nunca informou a respeito de providências sobre o caso, embora a investigação de tráfico internacional de drogas seja uma atribuição genuína da instituição.

O sigilo em torno do assunto é total. Mais de um ano depois, nada se sabe sobre os depoimentos do sargento da FAB Manoel da Silva Rodrigues, que foi preso no aeroporto de Sevilla, Espanha, carregando os 39 kg de cocaína em julho de 2019.

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A quem, afinal, pertencia aquela carga? Como os 39 kg de cocaína foram embarcados num avião da frota presidencial sem serem vistos pela equipe do GSI, responsável pela segurança presidencial? Quem é o chefe do esquema para o qual o sargento Manoel trabalhava? Quem é o verdadeiro dono da cocaína traficada? – são perguntas que deveriam ser respondidas e esclarecidas publicamente, mas continuam sendo escondidas e controladas pelo governo há mais de ano.

Agora, com a suposta carona dada a garimpeiros ilegais que garimpam criminosamente em terras indígenas, a FAB reapareceu outra vez no noticiário por motivo desonroso.

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O MPF investiga se avião da FAB voou da cidade paraense de Jacareacanga para Brasília transportando garimpeiros ilegais – portanto, criminosos que deveriam estar presos – para se reunirem com o ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles, aquele que defende que o governo deve aproveitar a “distração” da sociedade com a pandemia para perpetrar toda sorte de crimes.

Sob Bolsonaro, a FAB que já carregou ministro para fazer turismo em paraísos internacionais,também carregou sargento da Aeronáutica em missão de tráfico internacional de cocaína, e agora carrega até garimpeiros ilegais.

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O pouco que veio ao conhecimento público até agora serve como amostra dos muitos abusos e ilegalidades que podem estar ocorrendo em relação ao uso das aeronaves da FAB no governo Bolsonaro – que, aliás, é coerente com o padrão geral de corrupção e degeneração do governo.

É inaceitável que as instituições e a engrenagem militar do Estado brasileiro não estejam submetidas ao escrutínio público e à fiscalização e controle com base nas leis e na Constituição civil do país.

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