Capitalismo parasitário acionário
O Estado Brasileiro foi capaz, pelas suas ações e omissões, de esvaziar a Bolsa e, mais perturbador ainda, espantar investidores, com uma brutal redução daqueles pessoas físicas
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O ano de 2013 iniciou-se auspicioso para o mercado acionário mundial, especialmente a Bolsa de Valores no Brasil, cujo patamar tangenciava a casa dos 70 mil pontos.
Fortemente, a autorregulação procurou atender as demandas dos investidores e minoritários e o grande surto, no passado, de abertura de capital, foi de vento em polpa, cessando sua eficácia.
Experimentamos uma forte reviravolta, e os motivos são os mais diversos possíveis. Entretanto, desde já é preciso clarear que sofremos um capitalismo parasitário acionário, cuja Bolsa nacional colheu o pior desempenho, e bate hoje a casa dos 50 mil pontos, uma queda vertiginosa.
Fuga de acionistas, de investidores, de fundos nacionais e estrangeiros, o mar de calmaria, torna-se revolto e extremamente desconfortável. Ao menor movimento, a reação é estressada e as quedas dos papéis, bruscas.
O Estado Brasileiro foi capaz, pelas suas ações e omissões, de esvaziar a Bolsa e, mais perturbador ainda, espantar investidores, com uma brutal redução daqueles pessoas físicas.
Os lucros encapsulados nos dividendos e juros sobre capital minguaram, e a tributação ameaça entorpecer ainda mais o caótico setor.
Muitas sociedades de economia mista representaram o verdadeiro sabor do fracasso, Banco do Brasil, Petrobrás, Eletrobrás, setores que foram o carro chefe de muitos protagonistas dos investimentos.
E dirão ainda alguns poucos, felizmente, que a nossa governança corporativa é eficaz e repleta de êxito.
Crasso Engano.
O modelo global do capital acionário foi predador, e a ciranda financeira incutiu em muitos a noção do efeito manada, apesar da boa técnica da Lei de Companhias, do papel desempenhado pela Comissão de Valores Mobiliários no papel regulador e na expectativa gerada pela vinda de novos players junto ao mercado.
Esvaziada essa possibilidade, o circuito convoca as médias e pequenas empresas para participarem do mercado, por intermédio de fundos, captando assim recursos com o barateamento em relação às instituições financeiras, porém a credibilidade está em baixa e o interesse pelo mercado apático.
A política governamental crucificou o lucro das empresas abertas e miserabilizou o comando das estatais, as quais ficam submissas ao papel do acionista controlador, que age de forma livre e impune, e não responde pelos abusos e desvios cometidos, ao menos em tese.
E pensar que um determinado grupo, hoje em recuperação judicial, foi capaz de captar mais de R$ 12 bilhões na Bolsa brasileira, seria algo impensável e inimaginável, se compararmos com as políticas do mercado americano, a SEC e o Sistema Europeu.
Muitos poderão explicar que o contexto é global e se vamos numa toada ladeira abaixo, o mesmo sucede em relação aos mercados internacionais.
Não é correto.
Vejam que o desempenho no exterior foi extremamente satisfatório, se observarmos as crises americanas e europeias, em atenção ao perfil brasileiro.
Robert Schiller, nobel de economia, recentemente destacou que o ano de 2014 poderá ter duas bolhas, uma referente às ações americanas, as quais subiram muito, e, o mais surpreendente, é a segunda reportada ao mercado imobiliário brasileiro, no eixo SP, RJ, cujos preços dos imóveis decolou de forma descontrolada e irracional.
Se a premissa for verdadeira, tanto melhor ou pior, assistiremos uma débacle no mercado norte-americano e uma queda livre de preços dos imóveis no País, afetando de perto os fundos imobiliários e algumas hipotecas.
O momento permite descortinar que as empresas estão num procedimento de redução dos seus quadros e das despesas, com diminuição dos prejuízos ao longo dos anos.
O BNDES, chamado intermitente e incessantemente a abrir a torneira dos investimentos, passa por um questionamento do seu real papel, num dualismo incogitável entre a iniciativa privada e o dinheiro do tesouro.
E nessa perspectiva, que experimenta uma efetiva desaceleração da economia e queda do crescimento, impactando na indústria, sonham alguns que o mercado atingirá 60 mil pontos em 2014, com a Copa do Mundo e as eleições, algo absolutamente fora do ritmo do produto interno bruto e dos investimentos estrangeiros.
Fica a lição que a mera regulação sem punição não será capaz de deter o capitalismo acionário parasitário, que sedimentou uma enorme jabuticaba no mercado de capitais, enraizando profundos sulcos, que podem contaminar o sistema, se não houver uma revisão enérgica, eficaz, séria, transparente, para se discutir a responsabilidade dos administradores e do órgão fiscalizador pelo cenário devastador para as companhias abertas no futuro próximo.
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