Candidato derrotado no Equador imita o golpismo de Aécio
A pregação de Lasso para melar a eleição não deve ter eco no Equador. Lá as instituições não estão contaminadas pelo golpismo como aqui. A vitória da esquerda equatoriana tem um alto valor simbólico, já que barra o avanço das forças do atraso na região, responsável pela eleição de Macri, na Argentina, pelos golpes no Paraguai e Brasil e pela sabotagem do mandato constitucional do presidente Maduro, na Venezuela
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São incríveis as semelhanças entre as eleições presidenciais do Brasil em 2014 e do Equador, cujo segundo turno que aconteceu neste domingo, 2 de abril, apontou a vitória do candidato de esquerda Lenín Moreno, apoiado pelo atual presidente Rafael Correa.
A margem apertada do resultado final em ternos percentuais foi praticamente a mesma do pleito brasileiro em favor de Dilma contra Aécio : 51,16% para Moreno e 48,84% para o banqueiro Guilherme Lasso, candidato oposicionista de direita.
Repetindo o que ocorreu no Brasil com Dilma, Moreno quase conseguiu o número de votos necessários para vencer a eleição no primeiro turno. Na segunda volta, como chamam o segundo turno os países de língua espanhola, se formou em torno de Lasso uma ampla frente reunindo todos os candidatos derrotados no primeiro turno, o empresariado, os bancos e os grupos do mídia, repetindo Aécio em 2014.
Mas a maioria do povo fez sua opção. Moreno centrou sua campanha no aprofundamento da revolução democrática em curso no país, com forte inclusão social e distribuição de renda. Contundo, fiel ao DNA golpista da direita na região, o candidato da oposição se revelou um mau perdedor.
Além de não reconhecer a vitória do adversário, Lasso denunciou de forma leviana a existência de fraudes numa eleição que contou com observadores internacionais. É Aécio fazendo escola na América do Sul. Ainda está bem viva na memória de todos a reação patética do candidato tucano ao apontar fraudes pró-Dilma nas urnas eletrônicas.
Depois dos golpes parlamentares-midiáticos-judiciais em Honduras, no Paraguai e no Brasil, os conservadores do continente estão convencidos de que podem dispensar o voto para chegar ao poder. O cerco ao governo de Maduro, na Venezuela, é mais uma investida dessa elite avessa à soberania popular.
Escolado pela constatação de que a desestabilização dos governos de Dilma, Lugo e Maduro tem íntima relação com a não obtenção de maioria no parlamento por parte dos mandatários dos países vizinhos, o presidente Correa e seu candidato Moreno apelaram durante toda a campanha de primeiro turno para a importância estratégica da eleição de uma bancada majoritária no congresso equatoriano. Deu certo. O partido do presidente eleito e aliados elegeram a maioria dos deputados.
A pregação de Lasso para melar a eleição não deve ter eco no Equador. Lá as instituições não estão contaminadas pelo golpismo como aqui. A vitória da esquerda equatoriana tem um alto valor simbólico, já que barra o avanço das forças do atraso na região, responsável pela eleição de Macri, na Argentina, pelos golpes no Paraguai e Brasil e pela sabotagem do mandato constitucional do presidente Maduro, na Venezuela.
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