Campos Neto já coloca as mangas de fora

Entre as novidades que aguardam um provável governo Lula em 2023, nenhuma é tão dramática quanto a mudança institucional ocorrida no Banco Central, escreve PML

Presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto
Presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)


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Em 2021,  a Câmara de Deputados aprovou, por 339 votos a 114, um projeto de Paulo Guedes-Jair Bolsonaro que instituiu a  a chamada independência do Banco Central, acabando com a coincidência de mandatos entre o presidente da República e o presidente do BC. 

Pela situação anterior, o  governante eleito tinha a prerrogativa de indicar um nome de sua escolha para definir pontos cruciais da política econômica do país, a começar pela taxa de juros. 

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Em função da mudança, Roberto Campos Neto terá  estabilidade no cargo por dois anos, isto é, até a primeira metade do mandato do novo presidente. Parte importante do processo de financeirização da economia, que abre espaço para os interesses do mercado no interior do sistema político, esta posição lhe permitirá  conservar as bases da atual política economica, a começar por uma taxa de juros de 10,75% ao ano, capaz de bloquear qualquer tentativa de mudança na atual política econômica, desejo óbvio da maioria de brasileiros e brasileiras que sustenta a candidatura Lula. 

Trunfo importante do neoliberalismo e motivo de aplausos demorados por parte dos grandes dinossauros do debate econômico na época de sua aprovação,  a autonomia do BC está condenada a funcionar como um entrave permanente no esforço para se aplicar uma política econômica capaz de promover o desenvolvimento, a criação de empregos e o combate a desigualdade, prioridades reconhecidas de um possível governo Lula.    

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É desse ponto de vista que cabe analisar as palavras de Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, em sua entrevista a Miriam Leitão, na Globo News. Trata-se de  uma uma primeira demonstração de força contra possíveis tentativas de mudança. 

Quando a jornalista quis saber se uma possível vitória de Lula estava "precificada", Campos Netto deu uma resposta política.  Disse que " o mercado passou a ser menos receoso da passagem de um governo para o outro"  porque “ provavelmente um governo que representava um risco de medidas mais extremas está se movendo para o centro".  

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"O que ficou claro é que o Banco Central usará a autonomia que conquistou para exatamente descolar a política monetária do ciclo eleitoral", explicou Miriam Leitão no dia seguinte, em sua coluna no Globo. Ali, elogiando  a separação entre as decisões econômicas e a vontade do eleitor como uma "grande conquista". a colunista deixou claro o alinhamento do mercado na sustentação da política econômica que um governo Lula estará condenado a enfrentar para atender as necessidades da maioria dos brasileiros e brasileiras. 

Alguma dúvida?

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