Campanha de Lula retoma tradição dos comitês populares; campanha de Boric fez o mesmo
Para Mauro Lopes, a formação de 5 mil comitês populares decidida pelo PT pode mudar o espírito da campanha de Lula. Boric fez assim no Chile e fez a diferença
✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no canal do Brasil 247 e na comunidade 247 no WhatsApp.
Por Mauro Lopes
Uma das maiores críticas aos governos do PT de um ponto de vista da esquerda é o afastamento das bases populares do partido ao longo dos governos Lula e Dilma, com uma tendência forte à “burocratização” e profissionalização dos quadros do partido em diferentes instâncias governamentais. Além disso, houve uma crescente concentração do poder interno no partido nas mãos dos parlamentares -que tem mandato passou a ter mais voz e decisão.
Há olhares distintos para estas críticas, mas elas estão presentes mesmo na direção do PT. O próprio diretor de comunicação da Fundação Perseu Abramo (FPA), Alberto Cantalice, da direção nacional do partido, reconhece “uma certa burocratização que enfrentamos a partir do momento que fomos governo”.
Pois o partido prepara-se para retomar a tradição das origens, da íntima conexão e inserção nos meios populares, de maneira vida e capilarizada.
É o que decidiu o encontro virtual dos Setoriais do Partido dos Trabalhadores, em 24 de janeiro, com Lula e Gleisi e quase 3.500 militantes do PT. A principal decisão do encontro foi criar, até abril, cinco mil comitês populares em todo o país, em conjunto com movimentos sociais e outros partidos do campo progressista, como PSOL e PCdoB . O objetivo é estabelecer uma dinâmica de conversas presenciais, olho no olho, multiplicadas aos milhares e, quem sabe, aos milhões. É pouco, mas é o começo
O mesmo movimento fez a campanha de Gabriel Boric e foi decisivo para sua vitória.
Quem testemunhou a iniciativa foi Jeferson Miola, quando estava em Santiago como enviado especial do 247: “No início de dezembro a campanha de Gabriel Boric definiu a estratégia ‘Un millón de puerta a puertas por Boric’. Consistia numa convocatória militante e, ao mesmo tempo, um desafio arrojado de levar as propostas de Boric aos lares de 1 milhão de chilenos e chilenas.”A campanha “Un millón de puerta a puertas por Boric” foi tão bem sucedida que, ao final das eleições, a meta havia sido superada: mais de 1,2 milhão de casas visitadas.
A experiência de comitês populares ou a ideia de “visita de casa em casa” não é nova, nem foi a campanha de Boric que a inventou. É uma estratégia centenária, que precedeu em muito as redes sociais. O PT nos primeiros tempos e movimentos sociais lançaram mão dela, inúmeras vezes.
Mas o fato é que a campanha de Boric é o exemplo mais recente e vívido de sua efetividade. E las hermanas y hermanos chilenos têm uma longa tradição. Veja que impressionante a organização e capilaridade da campanha de Boric, bairro a bairro, rua a rua:
Com as redes sociais, a estratégia dos comitês e visita porta a porta pode estabelecer uma teia de diálogos, sustentação e mobilização inéditas.
Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:
Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:
Este artigo não representa a opinião do Brasil 247 e é de responsabilidade do colunista.
Comentários
Os comentários aqui postados expressam a opinião dos seus autores, responsáveis por seu teor, e não do 247