Caminho para vitória é distribuir a renda

"A bandeira econômica e social a ser levantada por por Lula no segundo turno não pode ser outra", escreve César Fonseca

Luiz Inácio Lula da Silva
Luiz Inácio Lula da Silva (Foto: Ricardo Stuckert)


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Por César Fonseca 

Lula sai vencedor da eleição em primeiro turno com cerca de 7 milhões de votos, 48% do total, melhor performance  dele  em todos os pleitos que disputou. Nunca encontrou moleza. Conseguiu vencer no segundo turno, fazendo os ajustes necessários na campanha e na luta política, sempre acirradas, na relação capital e trabalho, no país onde se registra a mais alta desigualdade econômica e social do mundo.

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Nessa disputa, polarizaram, essencialmente, duas pautas, uma econômica e outra identitária; ele abraçou, preferencialmente, a econômica por ver necessidade de urgência total de resolver a questão econômica nacional em petição de miséria: destruição do poder de compras dos salários, dos empregos formais, da instabilidade social, colapso da previdência dos mais pobres, visto que tal quadro diz respeito à sua condição de classe como trabalhador operário que se ascendeu, por meio dos sindicatos dos trabalhadores, à presidência da República.

Logicamente, em tal contexto, os trabalhadores, num quadro de recessão e desemprego, priorizam o bolso, a barriga, a saúde, o emprego, a habitação, o vestuário, enfim, questões objetivas, práticas, com espírito pragmático, sem ter tempo a perder, objetivando resolução das prioridades imediatas; as demais questões, com destaque para luta identitária - racismo, gênero, religião etc - que derivam do essencial, ou seja, da luta de classes, mas sem deixar de ter, também, importância extrema, o foco nelas vem em segundo lugar, depois que a barriga do povo estiver suficientemente abastecida.

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FUGA DA REALIDADE

Bolsonaro, que não tem preocupação com o social, visto que a política econômica que adota desdenha-o, colocando-o em segundo ou terceiro plano, inverteu a equação; apostou suas fichas não no ataque às mazelas sociais, mas nos preconceitos que derivam delas, explorando os conflitos com propostas que jamais a solucionarão, mas, ao contrário, as agravação, como a prioridade ao armamentismo da população, para que as crises sociais, no quadro agudo de sobreacumulação de renda, de um lado, e de superacumulação de pobreza, de outro, sejam resolvidas à bala.

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A exterminação da pobreza, para o presidente adepto do fanatismo religioso medieval, justifica a morte e o extermínio não das causas dela, mas dos pobres; o problema não é a pobreza, mas os pobres; a pandemia deixou isso claro; ela foi aproveitada por Bolsonaro, que atrasou a compra de vacinas, como a oportunidade para despachar milhões de pobres para os cemitérios improvisados etc.

CONTRADIÇÃO ESSENCIAL

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Como não cuidou do essencial, mas do acessório, como arma para alienar a população, perdeu no primeiro turno; cuida, agora, no segundo turno, de correr atrás do prejuízo, que sua política econômica não consegue sanear, pois ela, essencialmente, acirra, do ponto de vista capitalista, a contradição entre produção e distribuição de mercadorias, acirrando-a, já que ela destrói o consumo, sem o qual emerge sobreacumulação de capital, queda da taxa de lucro, bloqueio dos investimentos e, consequentemente, estagflação, desequilibrando, estruturalmente, o sistema capitalista.

DECÁLOGO DO DESENVOLVIMENTO COM JUSTIÇA SOCIAL

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Lula, portanto, no segundo turno, sem mais delongas, tem que ir direto ao ponto, cuidar da principal demanda da sociedade que é por mais emprego. Assim, a bandeira econômica e social a ser levantada por por ele, no segundo turno, não pode ser outra senão: 

1 – AUMENTAR SALÁRIO PARA FORTALECER CONSUMO E MERCADO INTERNO;

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2 – REDUZIR IMPOSTOS DA CLASSE MÉDIA E DAS EMPRESAS PARA VIABILIZAR ARRECADAÇÃO E INVESTIMENTO;

3 – TAXAR OS SUPER-RICOS PARA DAR AOS SUPER-POBRES RENDA BÁSICA UNIVERSAL;

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4 – REFORMA AGRÁRIA NAS TERRAS DA UNIÃO PARA FORTALECER AGRICULTURA FAMILIAR COMO ARMA DE COMBATE À FOME E À INFLAÇÃO; 

5 – PROPOR AO CONGRESSO NACIONAL EMENDA CONSTITUCIONAL PARA CRIAR DIREITO DE CONSUMO, COMO ESTRATÉGIA PARA ESTABILIDADE ECONÔMICA E SOCIAL E, CLARO, SALVAÇÃO DO CAPITALISMO BRASILEIRO, CRONICAMENTE, AFETADO PELA INFLAÇÃO GERADA PELA DESIGUALDADE SOCIAL; 

6 – GARANTIR DIREITOS TRABALHISTAS E PREVIDENCIÁRIOS INSCRITOS NA CONSTITUIÇÃO CIDADÃ DE 1988;

7 – PACTO FEDERATIVO PARA TRANSFORMAR DÍVIDAS ESTADUAIS EM INVESTIMENTO;  

8 – AUDITORIA DA DÍVIDA PÚBLICA PARA GARANTIR DESENVOLVIMENTO EQUILIBRADO, COMO FEZ GETÚLIO VARGAS;

9 – SUSPENSÃO DO TETO NEOLIBERAL DE GASTOS PÚBLICOS COMO PROVIDÊNCIA NECESSÁRIA E INADIÁVEL PARA A SUSTENTABILIDADE ECONÔMICA E;

10 – CONSIDERAR COMO INVESTIMENTO GASTOS EM SAÚDE, EDUCAÇÃO E INFRAESTRUTURA PARA GARANTIR AJUSTE FISCAL DESENVOLVIMENTISTA.

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