Câmara faz cortesia com chapéu alheio e Lula paga a conta

"Quem vai pagar a conta, muito provavelmente, será Lula, se ganhar a eleição", diz Helena Chagas sobre a redução do ICMS aprovada pela Câmara

Lula e plenário da Câmara dos Deputados
Lula e plenário da Câmara dos Deputados (Foto: Ricardo Stuckert | Marina Ramos/Câmara dos Deputados)


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Por Helena Chagas, para o Jornalistas pela Democracia

Reduzir impostos que oneram produtos essenciais e acabam pesando no bolso dos mais pobres nunca é má ideia. Os mais de 400 votos - contra apenas 10 - pela aprovação, na Câmara, da proposta que limita em 17% a alíquota do ICMS sobre combustíveis, energia e gás mostram isso. Naquele plenário, todo mundo é candidato - fora dele, Jair Bolsonaro, que patrocinou a votação junto com Arthur Lira, também. Todos querem acenar ao eleitor com uma redução de preços nesses tempos inflacionários, ainda que não garantida. 

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Pouco importa, para eles, se a conta pela redução de arrecadação de estados e municípios - que pode chegar a R$ 100 bi - vai ser espetada na União. Um acordo de última hora acalmou a oposição de governadores e prefeitos ao projeto estabeleceu que o Tesouro irá compensar os entes federativos que tiverem redução de arrecadação quando ele a ultrapassar 5%. 

Garantiu-se o discurso eleitoral com o chapéu alheiro, já que dificilmente essa compensação, que pode chegar no ano que vem, será paga por Jair Bolsonaro. Quem vai pagar a conta, muito provavelmente, será Luiz Inácio Lula da Silva, se ganhar a eleição.

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Garantiu-se o discurso eleitoral com o chapéu alheio, já que dificilmente essa compensação, que pode chegar no ano que vem, será paga por Jair Bolsonaro. Quem vai pagar a conta, muito provavelmente, será Luiz Inácio Lula da Silva, se ganhar a eleição.

A proposta agora vai ao Senado, que era contrário a ela, mas agora poderá ser amaciado pela cláusula do acordo, e possivelmente será judicializada. Além de a legislação eleitoral proibir governos de, a menos de seis meses da eleição, criarem dívidas para seus sucessores, o projeto parece quebrar o princípio constitucional da autonomia dos estados de definir alíquotas do ICMS, um imposto estadual. 

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Na verdade, o que a Câmara votou na noite dessa quarta-feira foi uma espécie de reforminha tributária, que altera o pacto federativo inscrito na Carta de 1988. Zilhões de projetos que simplificam e racionalizam impostos dormem há anos nas gavetas do Congresso, sem condições políticas de aprovação.

Quando a cabeça eleitoral de seus integrantes está em jogo, porém, o Legislativo é célere. E a pergunta que fica, depois de um placar que expressou a falta de coragem dos deputados candidatos, inclusive de oposição, de denunciar o caráter eleitoreiro e demagógico do projeto, é: quem vai ter coragem de entrar na Justiça?

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