Calote?

"A dupla Bolsonaro/Paulo Guedes já fracassou. A recuperação da brutal recessão deste ano, que será uma das maiores, ou até a maior da história, não virá a contento em 2021. Pelo contrário, o que se espera para o próximo ano é mais crise", escreve o deputado federal Rogério Correia

Jair Bolsonaro e Paulo Guedes
Jair Bolsonaro e Paulo Guedes (Foto: REUTERS/Adriano Machado)


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Já estamos falando no assunto há um bom tempo já: a economia brasileira é infelizmente dona dos piores indicadores econômicos do mundo neste 2020. Quer dizer: a pandemia cobra uma conta da economia mundial, mas a conta é muito mais salgada aqui no Brasil, pois o governo não ajuda – pelo contrário, só atrapalha.

A dupla Bolsonaro/Paulo Guedes já fracassou. A recuperação da brutal recessão deste ano, que será uma das maiores, ou até a maior da história, não virá a contento em 2021.

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Pelo contrário, o que se espera para o próximo ano é mais crise. A começar pelo temor, cada vez mais disseminado entre os chamados analistas do mercado (a maioria operadores ligados a bancos ou corretoras, sempre ouvidos pela mídia para comentar a economia), o temor de uma pane no pagamento da dívida interna.

Os boletos do governo para o ano que vem serão altos e o governo não tem muita ideia de como pagar essa conta. São R$ 643 bilhões em papéis que vencem nos quatro primeiros meses, de janeiro a abril de 2021.

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Sempre há quem diga que bastará “rolar” a dívida, ou seja, negociar com os credores e adiar o pagamento. O problema é que o fracasso de Guedes e Bolsonaro levará o preço de uma operação assim para as alturas. Aumentaria uma bola de neve que se tornaria ainda mais monstruosa no curto prazo.

“O Tesouro se veria numa situação de ter de rolar volumes elevados a qualquer preço”, diz um analista entrevistado pelo jornal O Estado de S. Paulo, que abordou o temor de calote na sua manchete de hoje.

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A receita óbvia para enfrentar isso é, em primeiro lugar, admitir a situação muito difícil. Algo que Bolsonaro e seu governo não fazem, preferindo a tática de governar via redes sociais e botar a culpa nos outros, sejam governadores, ministros do STF, jornalistas, cientistas ou professores.

O segundo a fazer é novamente lembrado por ninguém menos que o celebrado economista e escritor best-seller Thomas Piketty, professor na Paris School of Economics. “Foi recorrendo a taxas excepcionais sobre os mais ricos que as grandes dívidas públicas do período pós-guerra foram extintas, e que o pacto social e produtivo das décadas seguintes foi reconstruído” , diz ele, em artigo recente.

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O caos é iminente, a julgar o governo que temos e as estratégias que ele aceita seguir. Mas jogar a conta alta para quem mais pode pagar é a saída menos danosa e socialmente mais justa – consequentemente, economicamente mais inteligente. Eu mesmo tenho projeto de lei com taxas para juros e dividendos das maiores empresas, inclusive com as assinaturas para tramitação em regime de urgência. Precisa apenas o aval da Mesa para iniciar a tramitação.

Que ao menos essa infeliz pandemia tenha como consequência a percepção de que é hora de o Brasil cobrar mais de quem pode pagar mais – ou seja, é hora de taxar os milionários.

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Infelizmente, para o momento, resta-nos adaptar o bordão: “Apertem os cintos, o piloto NÃO sumiu”. Ele está lá e se chama Jair Bolsonaro. Mas é um desmiolado incompetente desde os anos em que praticava rachadinhas com seus filhos nos parlamentos do Brasil...

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