Calígula, Eduardo Paes e o funeral festivo em homenagem à cidade maravilhosa
Entre mortos, feridos, desempregados, famintos, desesperados e centenas de desalojados que ocupam as ruas da cidade, o prefeito talvez queira promover um grande funeral festivo para os mortos-vivos que habitam a cidade
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Caio Júlio Cesar Augusto Germânico, ou, simplesmente, Calígula, foi um Imperador romano da dinastia júlio-claudiana que ficou conhecido por sua extravagância, crueldade e perversão. Segundo a história, os seus primeiros atos como Imperador foram de grande generosidade para com o povo e seu exército, embora motivados por interesses políticos. Uma dessas benesses, eram os luxuosos espetáculos que ele resolveu promover para o entretenimento das massas. Como, por exemplo, o combate entre gladiadores que lotavam as arenas e os coliseus romanos.
A figura de Calígula me foi evocada após ler uma notícia dando conta de que o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, planeja celebrar o “fim da pandemia” com quatro dias de festa, bastante alegria e muito dinheiro público envolvido. A programação prevê fechamento de ruas para o trânsito, eventos em polos gastronômicos, iluminação, projeção e apresentações musicais, DJ’s espalhados pela orla da cidade, orquestra nos Arcos da Lapa, jogos de botequim, ponto facultativo, entre outras celebrações que o atual momento econômico e social da cidade, segundo ele, carece.
Entre mortos, feridos, desempregados, famintos, desesperados e centenas de desalojados que ocupam as ruas da cidade, o prefeito talvez queira promover um grande funeral festivo para os mortos-vivos que habitam a cidade. Um evento que Incitato assinaria a produção aos relinchos. Apesar de tão extravagante quanto, Eduardo Paes é um gestor que o Imperador romano nunca foi. Seu conhecimento da administração pública é elogiável e indiscutível. O que torna as suas extravagâncias quase que uma perversão.
Quem anda pelas ruas da cidade percebe a olho nu o caos que graça sobre ela. A população em situação de rua se confunde com as calçadas da metrópole que um dia já foi maravilhosa. Em seus dois últimos mandatos, Paes efetuou obras faraônicas que hoje têm muito pouca utilidade para a população. Obras públicas, com fins privados. Mas eu só queria saber mesmo o que o prefeito tem tanto a comemorar, uma vez que a cidade não aparenta estar sob a mesma euforia. Há também a proposição de um novo feriado para 2022. O dia do reencontro, a ser comemorado em 02 de setembro.
Seria muito bom se esse dia do reencontro fosse com a noção que o prefeito perdeu. Se é que a teve algum dia. Em tempos de naturalização do mal e banalização da vida, Eduardo Paes coloca a sua vaidade acima do respeito aos cidadãos cariocas que o elegeram. Tal como Calígula, não me assustaria se ele erguesse um monumento à si mesmo e o colocasse no lugar do Cristo Redentor como novo símbolo da cidade. Torço, sinceramente, para que a sanidade administrativa lhe seja restaurada e esse “pão e circo” com gosto de sangue e cheiro de morte seja cancelado.
Espero que Eduardo Paes não tenha um cavalo...
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