Cadê a reportagem sobre o fim melancólico de Moro?

"Hoje ele é um cadáver insepulto, caminhando a passos largos para a total irrelevância. Mas ainda falta pagar pelos seus crimes", diz Bepe Damasco

Sergio Moro
Sergio Moro (Foto: Reuters/Adriano Machado)


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O ex-juiz Sérgio Moro hoje perambula pelo mundo político como um cadáver insepulto, um zumbi do qual grande parte das pessoas quer distância.

Sigo esperando sentado, no entanto, por uma reportagem alentada do cartel da mídia sobre o fim melancólico do outrora herói da imprensa nativa.

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E por que, então, uma pauta óbvia, de nítido interesse jornalístico, é solenemente ignorada?

O problema é que os veículos de comunicação apostaram alto demais na parceira golpista com Moro e agora lhes falta um mínimo de grandeza para reconhecer o quanto esse conluio foi nocivo para o Brasil.

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No lugar de reportarem a queda livre de Moro rumo ao ostracismo, a imprensa prefere prosseguir na toada da mentira e da empulhação, defendendo a tese canalha de que Lula não é inocente, mas sim teve seus processos anulados por conta de formalidades jurídicas.

Fazem o possível para varrer para debaixo do tapete que Moro teve seus ganhos relativos aos serviços prestados à consultoria norte-americana Alvarez & Marsal questionados pelo Tribunal de Contas da União; que ele foi considerado juiz parcial não só pela Suprema Corte do Brasil, mas também pela ONU; que o ex-magistrado de Maringá está às voltas com a Justiça Eleitoral, acusado de forjar um endereço em São Paulo, para justificar a transferência irregular de seu domicílio eleitoral.

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Depois de sua natimorta candidatura presidencial pelo partido lavajatista Podemos, especulou-se que tentaria o Senado, ou uma vaga na Câmara dos Deputados, agora pelo União Brasil. É cada dia mais forte, porém, a ameaça de que não consiga ser candidato a nada em outubro. Quem te viu, quem te vê.

Durante pelo menos cinco anos, de 2016 a 2021, Moro fora endeusado, ocupando capas de revista, contando com horas a fio de matérias positivas ou abertamente elogiosas no Jornal Nacional,  ou ganhando prêmios de “personalidade do ano”. Fazia jus a todas as reverências porque, finalmente, surgira alguém pronto para destruir o Partido dos Trabalhadores e frear o projeto democrático-popular em curso no país.

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Sua atuação destacada, em aliança com a mídia comercial, na cruzada antipetista, levou ao golpe contra a presidenta Dilma e à caçada implacável a Lula, que culminou com a prisão do ex-presidente.

Mas deu ruim para Moro. Como "o mundo gira e a Lusitana roda”, depois de liquidar com o outrora pujante setor de óleo e gás, fechar 4 milhões de postos de trabalho e abrir caminho para que o fascismo chegasse ao poder, hoje ele é um cadáver insepulto, caminhando a passos largos para a total irrelevância. Mas ainda falta pagar pelos seus crimes.

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