Cada um por si e Lula por todos

"Já vimos do que Lula foi capaz como cabo eleitoral, com Dilma e depois com Haddad. Ninguém duvida da sua força. A diferença é que ele estava solto. Tinha liberdade de ir e vir e falar em defesa de seus candidatos nos quatro cantos do país", escreve o colunista Fernando Haddad; "Na esquerda, daqui em diante, é cada um por si. E Lula por todos"

Cada um por si e Lula por todos
Cada um por si e Lula por todos (Foto: Paulo Pinto/Agência PT)


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Não há dúvida que o PSDB sai em vantagem na largada dessas eleições em relação ao PT. Embora o candidato seja fraco, a coligação o fortalece. Embora o candidato seja antiquado e sem sabor, ele é o único herdeiro dos 51 milhões de votos que Aécio teve em 2014. Os 52 milhões de votos da ex-presidente Dilma ficarão divididos entre Haddad, Ciro e Boulos. Muito mais Ciro que Boulos.

A divisão do horário eleitoral também favorece Alckmin. Em cada um dos dois blocos de 12 minutos que irão ao ar às terças, quintas e sábados às 7h30 às 20h30 em rede nacional de TV ele terá 5 minutos e meio para se auto-elogiar, fazer promessas, desmentir que é o candidato do Temer e destruir outras candidaturas. E terá mais 12 inserções de 30 segundos nos intervalos comerciais, em rede nacional, todos os dias. Seu alvo preferencial será Bolsonaro, de quem tem de tirar votos. E, para cumprir a missão, terá de ser mais antipetista que ele. Sua vice vai usar o relho contra o candidato do PT.

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O PT, que garantiu o segundo maior tempo, tem 2 minutos apenas e 4 inserções diárias de 30 segundos. Parece pouco, mas Ciro tem somente 40 segundos em cada bloco e 1,5 inserção por dia.

O tempo passa. Quanto mais se aproxima a data das eleições, menores as chances de Lula ser libertado. O lançamento da chapa Lula-Haddad-Manuela escancarou a realidade. Haddad é o candidato em caso de impedimento de Lula. E estamos às vésperas do impedimento. Não restava a Lula outra escolha. Mas não foi a ideal.

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O risco de suas intenções de voto se dispersarem a partir de agora é real. Todas as pesquisas até aqui indicaram que Ciro tem mais potencial que Haddad. Tem o dobro das intenções de voto. Seria muito menos arriscado do ponto de vista eleitoral Lula somar seus votos aos de Ciro. Ele está mais próximo do segundo turno.

Mas Lula não aceitou Ciro como seu vice – com o que Ciro concordaria - e sim de seu candidato. Haddad. Não quis entregar seus votos ao pedetista. Não achou razoável transferir seus votos do PT para o PDT. Não concordou em eleger Ciro em vez de se eleger. Ou outro petista. E não é por estrelismo, nem por não querer dividir o poder, do que o acusam sem razão. Ele não está pensando apenas nessas eleições, mas na sobrevivência do seu partido. Entregar de mão beijada seu espólio ao PDT implodiria o PT.

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Lula não pretendia divulgar o nome do vice agora. Teve de fazê-lo. A partir de hoje Haddad será tratado como presidenciável do PT, queira o PT ou não, desminta quantas vezes desmentir, com todas as consequências positivas e negativas.

Eu entendo que na condição de vice Haddad poderá participar de sabatinas, debates e entrevistas presidenciais, evitando que o PT desapareça do noticiário. A menos que Lula vete. Por outro lado, será bombardeado pela imprensa anti-petista antes do que Lula gostaria. Será chamado de poste milhares de vezes daqui em diante. De teleguiado de Lula e outras coisas mais.

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Já vimos do que Lula foi capaz como cabo eleitoral, com Dilma e depois com Haddad. Ninguém duvida da sua força. A diferença é que ele estava solto. Tinha liberdade de ir e vir e falar em defesa de seus candidatos nos quatro cantos do país. Nas rádios, nos jornais, nas emissoras de TV. A palavra é a sua grande arma. A situação é outra. Ele não poderá viajar. Não poderá falar. Não terá acesso direto aos meios de comunicação. Seu candidato terá de se virar sozinho.

Na esquerda, daqui em diante, é cada um por si. E Lula por todos.

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