Caciquismo, chibata e propina

O curioso é que quase todos esses novos coronéis eram, quando jovens, contrários aos velhos coronéis e se colocavam como alternativa à velha política

Brasília- DF 12-09-2016 Sessão da câmara dos deputados durante discurssão e votação da cassação do deputado Eduardo Cunha. Foto Lula Marques/Agência PT
Brasília- DF 12-09-2016 Sessão da câmara dos deputados durante discurssão e votação da cassação do deputado Eduardo Cunha. Foto Lula Marques/Agência PT (Foto: Lula Miranda)


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O protagonismo de certos políticos, tanto no seio de seus partidos como na política regional e nacional, sabe-se hoje – não de se ouvir falar, mas, a partir de reveladoras investigações do MPF e da PF, e de heterodoxas "delações premiadas" –, decorre do poder financeiro que lhes é emprestado por empresários, banqueiros e, também, pela influência e manipulação crescentes da opinião pública pelos donos dos grandes veículos de comunicação, seus editores e jornalistas remunerados a peso de ouro – numa associação, em tudo semelhante às máfias, em que todos são "religiosos", "tementes a Deus", mas, acima de tudo, criminosos.

No grande mercado da usura, compram-se consciências; compram-se votos; compram-se mandatos; compra-se poder. O grande, mas, sobretudo, os pequenos e ordinários poderes.

É o novo coronelismo cordato. Numa mão, a antiga burra, substituída pelas intrincadas e hodiernas contas offshore, onde estão depositadas/escondidas as propinas "emprestadas" pelos banqueiros, empreiteiros e outros empresários mais ou menos amigos; na outra, a chibata eletrônica dos veículos de televisão, emissoras de rádio AM e FM, e, também, nos dias que correm, portais de internet – afinal, não podemos perder de vista em meio a uma miragem/mentira de uma suposta/pretensa modernidade, esse é o "novo" coronelismo.

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Cordato – nunca será excessivo repisar. Apesar do indisfarçável manto encardido de João das Mortes, Telhadas, Bolsonaros e tantos (e tontos) outros reles capatazes, que lhes maculam a alvura do colarinho e a suposta cordialidade.

O curioso é que quase todos esses novos coronéis eram, quando jovens, contrários aos velhos coronéis e se colocavam como alternativa à velha política. Sarney, Renan, Tasso Jereissati, Serra, Aloysio Nunes, o finado Eduardo Campos et caterva, são tipos paradigmáticos desses políticos que traíram os seus ideais de juventude e assumiram a fatiota um tanto démodé de "novos coronéis".

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Curioso que, assim como os antigos coronéis, os novos reinam majestáticos, e sem o mínimo pudor, sobre a ruína de estados pobres e até populações inteiras. Por vezes, sobre a ruína de um país.

Mas estes, acima citados, infelizmente, são apenas alguns nomes, dentre outros tantos: Campos Machado, Gilberto Kassab, Collor, Paulinho da Força etc. São muitos e diversos os caciques. Sem falar, claro, no finalmente cassado Eduardo Cunha. Execrável, tanto quanto os demais.

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Basta! Estamos fartos dos velhos e novos coronéis. Mas a nossa indignação não parece ser o bastante.

Velhos e novos coronéis à parte, ainda devemos ter em mente, e não esquecer jamais, de tempos idos em que a política era fruto de uma vocação, própria a homens e mulheres que se realizavam servindo ao próximo e zelando pela coisa pública – como uma espécie de sacerdócio. Tampouco devemos esquecer e deixar de prestigiar os bons políticos que ainda nos restam. Agora, com a corrupção, do conceito, dos homens e dos valores, a coisa pública passou a servir, prioritariamente, a negociatas e interesses privados.

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Novamente, hoje, o discurso da vez é o da nova política.

Oxalá, dessa vez, seja pra valer.

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