Cabeça a prêmio no Turismo
"Novas revelações sobre o braço mineiro do laranjal do PSL, que transferia recursos eleitorais para candidatas sem chance, que repassavam dinheiro para empresas e gráficas sob suspeita de ligações com caciques do partido", deixaram o ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, "na marca do pênalti – sobretudo depois da demissão de Gustavo Bebianno", diz Helena Chagas, do Jornalistas pela Democracia; "Se o ministro não topar sair por bem, pode acabar tendo que sair por mal, sob o risco de o Planalto ver o escândalo envolvendo o partido do presidente alastrar-se e chegar ao Planalto"
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Por Helena Chagas, para Os Divergentes e para o Jornalistas pela Democracia
Tudo o que o governo menos precisa neste momento é de mais uma demissão turbulenta no primeiro escalão, mas subiu muitos graus nas últimas horas a preocupação de interlocutores militares de Jair Bolsonaro com a situação do ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio. Novas revelações sobre o braço mineiro do laranjal do PSL, que transferia recursos eleitorais para candidatas sem chance, que repassavam dinheiro para empresas e gráficas sob suspeita de ligações com caciques do partido, deixaram Álvaro Antônio na marca do pênalti – sobretudo depois da demissão de Gustavo Bebianno.
Já ficou claro que o laranjal não foi a principal razão da saída de Bebianno, que, ao que parece, tem menos proximidade com as laranjas e suas operações do que o ministro do Turismo. Mas foi um importante pretexto usado pelo Planalto, que agora fic em situação cada vez mais desconfortável diante do avanço da investigação.
A principal personagem do caso mineiro, a ex-candidata Cleuzenir Barbosa, entregou um assessor direto de Álvaro Antônio em seu depoimento ao Ministério Público. Cleuzenir já deu entrevistas à Folha e à TV Globo falando do esquema, e tudo indica que as investigações sobre o partido do presidente vão avançar.
Na bancada do PSL, um saco de gatos, dois grupos já se formaram. Um, minoritário, começa a defender a demissão rápida do ministro. Outro quer segurá-lo no cargo, lembrando que se trata de um dos deputados mais bem votados de Minas Gerais, um forte colégio eleitoral. O ministro do Turismo já teria sido informado que está balançando, e que o ideal seria que, por iniciativa própria, pedisse para se afastar do cargo com aquele discurso tradicional de “se dedicar à sua defesa”. Esta seria a saída menos traumática.
Se o ministro não topar sair por bem, pode acabar tendo que sair por mal, sob o risco de o Planalto ver o escândalo envolvendo o partido do presidente alastrar-se e chegar ao Planalto. No momento em que a reforma da Previdência começa a tramitar, e o governo precisa desesperadamente construir uma base parlamentar, a situação é nitroglicerina pura, para usar uma expressão de antigamente.
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