Brics: a “grande família” da integração contra os “pequenos círculos” das sanções, ameaças e isolamento

O mundo não se sente representado pelos mecanismos de dominação das potências imperialistas ocidentais, opina José Reinaldo, editor internacional do Brasil 247

Cúpula Brics 2014, foto da mídia chinesa
Cúpula Brics 2014, foto da mídia chinesa (Foto: 李涛 Global Times)


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José Reinaldo Carvalho, 247 - Para os círculos imperialistas ocidentais, a 14ª Cúpula dos Brics, o grupo que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, tinha tudo para ser um fracasso. 

Decerto, baseavam-se nas amargas experiências que tiveram nos recentes encontros internacionais que promoveram - desde a Cimeira da "Democracia", em dezembro do ano passado, à Cúpula das Américas, em junho corrente, passando pelas reuniões do G7, Otan e União Europeia. Estas, como as próximas das potências imperialistas ocidentais lideradas pelos EUA, resultam apenas em intensificação das  tensões promovendo sanções, hostilizando países que consideram inimigos, designadamente China e Rússia, o que evidentemente põe em risco a paz e a segurança do mundo. Dentro de poucos dias terá lugar em Madri, Espanha, a cúpula da Otan, sobre a qual já se anunciam novos planos agressivos, como a adoção de um novo conceito estratégico de cariz belicista, o aumento e modernização das armas e efetivos, bem como mais um ciclo de expansão geográfica.

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Mas a Cúpula do Brics, realizada no modo virtual dia 23 de junho,  mostrou mais uma vez a que veio o grupo. Resiste às pressões da conjuntura mundial complexa e carregada de conflitos, em um momento em que a humanidade é assolada pela pandemia, a crise econômica, bem como por ameaças à autodeterminação dos povos e à paz mundial, com a ulterior militarização do mundo por meio do expansionismo, armamentismo e novos conceitos estratégicos da Otan sob comando dos EUA.  

Assiste razão ao líder da China, que presidiu a 14ª Cúpula, quando afirmou em seu discurso que o mecanismo do Brics mostrou resiliência e vitalidade na atual crise global e quando propôs que o grupo permaneça aberto e inclusivo para que novos parceiros se juntem à "grande família Brics". Xi Jinping também expressou firme oposição às sanções unilaterais e rechaçou os "pequenos círculos" construídos em torno da hegemonia.

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O fato é que o mundo não se sente mais representado pelos velhos mecanismos de exercício de dominação econômica e política das potências imperialistas ocidentais. Os países e povos, que lutam por progresso, autodeterminação, justiça e paz, desejam uma verdadeira cooperação e desenvolvimento compartilhado, o que somente será alcançado por meio de mecanismos de integração não baseados em objetivos hegemônicos. Esse anseio empurra os países de desenvolvimento emergente a buscarem alternativas de associação a grupos e blocos que representem os interesses da maioria das nações e povos. 

O Brics é um bom exemplo disso e se credencia cada vez mais a desempenhar um papel protagonista na luta por um novo ordenamento político e econômico global, o que inelutavelmente altera a correlação de forças, porquanto confronta os desequilíbrios, as desigualdades e injustiças, pondo em xeque a atual hegemonia, ao fortalecer o campo das forças do progresso social, do desenvolvimento nacional e da paz. Trata-se de uma tendência que as forças imperialistas não podem parar. 

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A 14ª cúpula, presidida por Pequim, evidenciou o papel fundamental que o Brics representa na luta por uma nova ordem internacional. Atualmente, os países do Brics respondem por 40% da população mundial, por 25% da economia global e 18% do comércio mundial e contribuem com 50% para o crescimento econômico mundial.

A 14ª Cúpula do Brics produziu mais um documento que aponta na direção da construção do mundo multipolar baseado em cooperação, desenvolvimento compartilhado, justiça e paz. E com sentido prático, voltado para apontar soluções factíveis aos problemas agudos e emergentes. A  Declaração de Pequim do Brics 2022 abrange capítulos como "Fortalecendo e Reformando a Governança Global", "Trabalhando em Solidariedade no Combate à covid-19, "Protegendo a Paz e a Segurança", "Promovendo a Recuperação Econômica", "Acelerar a Implementação da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável" e "Aprofundar o Intercâmbio Interpessoal" e "Desenvolvimento Institucional".

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