Brexit, enterro de luxo de Adam Smith



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O fim de uma ficção

Ingleses e europeus chegam ao fim das negociações do Brexit que entra em cena no momento em que o novo coronavírus ataca o Reino Unido, evidenciando novas mutações que o isolam da comunidade internacional, espalhando terror, enquanto a vacina ainda não chega para todos, na velocidade demandada em escala global; o que fica evidente, com o Brexit, é o fim da ficção da economia de livre mercado construída por Adam Smith, no século 18, e a realpolitik entre as potências; o acordo que fazem entre si não é o que recomendam e aplicam aos outros, especialmente, aos, econômica e financeiramente, mais frágeis: os protetorados, as colônias, territórios conquistados ao longo de séculos de dominação etc; entre eles, os mais fortes, a combinação recíproca nunca se ajusta como os dois lados desejam, pois praticam a oligopolização anti-mercado.

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Liberdade condicionada

Não aceitam imposições descabidas e tudo é negociado, nos mínimos detalhes; sobretudo não há imposição de livre comercio entre si; há, até certo limite, a liberdade, mas com tetos previamente estabelecidos, para cada produto comercializado; um casamento desfeito transformado em amizade colorida, mas cheio de condicionalidades, com portas abertas às traições conjugais/comerciais etc; os ricos se entendem na maior parcimônia possível, cheios de dedos nas aproximações e distanciamentos, tudo condicionado às possibilidades de recuos, permanentes ou não; o fato é que o mandamento de Smith de que o mercado dita as relações comerciais recíprocas, para o ajuste perfeito entre as partes, foi para o saco; abre-se nova etapa histórica que decepciona os Paulo Guedes da vida, que acreditam em ficção econômica; na pátria do liberalismo, a ordem agora é atenção às restrições.

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Reinado das restrições

Liberdade condicionada, de modo que o que se julga o grande fator da produtividade capitalista e a geradora de riqueza, ou seja, a tecnologia em permanente expansão e apuro exponenciais, transforma-se em freio ao medo de as relações se perderem pelo excesso de oferta de um lado e outro que venha se transformar em prejuízos deflacionários emergentes; o capitalismo desenvolveu de tal forma as forças produtivas, que ele precisa, de agora em diante, com o Brexit, ser permanentemente monitorado em seu próprio desenvolvimento tecnológico; este deixa de ser o fundamental, para ser alvo de regras cada vez mais restritas. Essa precaução é necessária, porque o sistema capitalista, para sobreviver, requer, ainda mais, a escassez de oferta para que os preços, diante da demanda, sempre subam; continua o mandamento de Keynes de que a inflação é a unidade das soluções, o elixir, como diz, que garante a lucratividade do capital; que faz o empresário renunciar à liquidez que joga para se reproduzir na taxa de juro, se há consumidor para o que joga no mercado; caso contrário, pinta o maior inimigo do sistema: a deflação, queda da taxa de lucro, diante da doença da qual padece o capital, ou seja, a insuficiência crônica de demanda, como diz Marx.

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Medo da superprodução

A reprodução ampliada do capital, com o Brexit, deixa, portanto, de se dar na produção, limitada pelo freio à produtividade; somente, ocorrerá na especulação quando o capital se descola do real para se reproduzir na bolsa; a super-produção, limitada pelas regras restritivas, leva os capitalistas ao altar do Brexit para sacrificar os bezerros de outros, cultivados pela economia clássica inglesa; na especulação, na bolsa, continuarão sendo fabricadas as bolhas e os castelos de cartas, candidatos a se desmoronarem, especulativamente, quando o medo dos estouros promoverem as fugas descontroladas de capital. Esse ciclo, evidentemente, continuará enquanto existir a propriedade privada, base da ganância individual, que freia o advento de uma nova sociedade mais solidária; a regulação como freio à Adam Smith criaria as bases dessa nova sociedade, desmentindo o filósofo do livre mercado, enterrado na expansão da tecnologia, colocada pelo trabalho humano a serviço do lucro e do aumento da produtividade a qualquer custo? Afinal, o que muitos julgam ser o fato essencial da riqueza se transforma, abruptamente, em causa da produção acelerada de pobreza, expandindo, exponencialmente, como ocorre na pandemia do novo coronavírus, concentração de renda e desigualdade social em escala global.

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