Brasília não é Kabul
"Aqueles que pretendem ir às ruas dia 7 de setembro para apoiar um golpe de estado e, em consequência, uma ditadura deveriam prestar atenção no que acontece no Afeganistão para ver se é isso mesmo que eles querem para eles", escreve Alex Solnik
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Aqueles que pretendem ir às ruas dia 7 de setembro para apoiar um golpe de estado e, em consequência, uma ditadura deveriam prestar atenção no que acontece no Afeganistão para ver se é isso mesmo que eles querem para eles, seus filhos, seus netos, para todos os brasileiros.
Um grupo de fanáticos religiosos tomou o poder pela força. Chama-se golpe de estado. E desde então reina o caos em Kabul. É um salve-se quem puder. Chama-se ditadura religiosa. Sai a constituição, entra a sharia. Eleições? Nunca mais.
As pessoas fogem, apavoradas, por saber que estão desprotegidas. Não há Judiciário, nem Legislativo. Todo o poder é exercido por esse grupo de fanáticos, sem limites que patrulham as ruas ostensivamente armados. E que impõem até as roupas que os cidadãos devem usar “para não ter probelmas”.
Eles derrubaram todas as leis, só valem as deles. E ai de quem discordar.
Por aí se vê que quem protege os cidadãos dos abusos do Executivo são o Legislativo e o Judiciário. Principalmente quando o Executivo executa, no sentido literal do verbo.
Será que essas pessoas que pensam em ir às ruas dia 7 em apoio a Bolsonaro não sabem que ao atentar contra o STF, que é a principal pauta do dia, estão atentando não só contra a constituição, mas contra as suas vidas e as de suas famílias? Ditaduras se arvoram no direito de matar. Todas. Qualquer uma. E não escolhem vítimas.
Em consequência do golpe de estado no Afeganistão, o Banco Mundial já cortou ajuda ao novo governo. Mas isso é só o começo. Quem vai investir num país tão inseguro? Tão hostil? Quem irá visitá-lo? Algum turista vai arriscar seu pescoço ali?
Será que essas pessoas que pretendem ir às ruas no dia 7 para apoiar Bolsonaro não percebem que ele tem muito mais coisas em comum com os taleban do que elas supõem? E que o seu sonho secreto é implantar no Brasil uma ditadura religiosa?
Elas podem até não saber. Mas Brasília não é nem nunca será Kabul.
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