Brasileiros felizes de novo
"Decidimos que não íamos mais deixar o Brasil ser governado pelos ricos, em função dos seus interesses", escreve Emir Sader
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Por Emir Sader
Foram seis anos miseráveis. Depois de 14 anos de retomada do crescimento econômico, de distribuição de renda, de geração de empregos. Depois de termos presidente(a)s eleitos, cumprindo com as responsabilidades e os rituais do seu cargo.
Depois de sermos respeitados e até invejados pelo mundo agora. Depois de termos relações cordiais e de coloração com os países vizinhos. Depois de termos nossa imagem de prestígio pelo mundo afora.
Depois de termos abandonado o vergonhoso hábito de encontrarmos milhares de pessoas abandonadas pelas ruas, vivendo ao relento. Depois de nos acostumarmos de ser o país mais desigual do continente mais desigual do mundo.
Depois de habitarmos tradicionalmente o Mapa da Fome. Depois de sermos conhecidos como um país de desemprego estrutural. Depois de sermos um país que convivia com o racismo estrutural.
Depois de vivermos em um país da exclusão social, das desigualdades sociais e estruturais. Depois de aceitarmos de ter no nordeste a região mais pobre, de mais fome e doenças.
Depois de nos acostumarmos a ter golpes que, a cada tanto tempo, rompem com a democracia. Depois de convivermos com a tristeza da grande maioria, da sua falta de esperança. Depois de sermos cercados pelas mentiras da grande mídia.
Depois de aceitarmos que o nordeste seria uma região sem água, sem direitos, sem empregos, sem futuro. Depois de aceitarmos que nossas riquezas fossem apropriados por grandes empresas estrangeiras.
Depois de ter as mulheres discriminadas, agredidas, assassinadas cotidianamente. Depois de conviver com milhões de trabalhadores sem contratos de trabalho, sem direitos, sem garantias elementares.
Depois de nos acostumarmos a conviver com o latifúndio, com a falta de acesso à terra para a grande maioria dos trabalhadores do campo. Depois de aceitarmos que milhões de brasileiros sejam analfabetos, vivam muitos anos menos que os ricos, tenham muito mais doenças que os outros.
Depois de aceitarmos que só a elite tenha acesso aos meios de comunicação. Que a elite fale através dos jornais, das revistas, das rádios, das televisões, dos livros, da arte. Que quem ande pelas ruas com autos, em segurança, com tranquilidade sejam as minorias.
Depois de vermos só ricos eleger e reeleger seus candidatos a deputados, a prefeitos, a governadores, a presidentes.
Decidimos eleger um presidente trabalhador, nordestino, pobre, sindicalista. Decidimos que não íamos mais deixar o Brasil ser governado pelos ricos, em função dos seus interesses.
Decidimos deixar de morrer sem cuidados, sem. Hospitais e sem remédios. Decidimos deixar de ser desempregados, de termos bicos para sobreviver, de trabalhar sem carteira de trabalho, sem direitos, sem sindicatos.
Decidimos que ninguém precisa viver na rua, abandonado. Que todos têm direito a ter sua casa, seu lugar para morar. Que todos têm direito de comer três vezes ao dia. Que todos os trabalhadores do campo têm direito a ter acesso à terra e viver com dignidade.
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