Brasil renega passado e tenta dinamitar o futuro

"Moradores de Roraima expulsam venezuelanos, o governo brasileiro se assume como ditadura ao minimizar a determinação da ONU e Bolsonaro faz pior e promete retirar o Brasil do organismo multilateral, insultando a memória de Bertha Lutz. Quem vai consertar esta esculhambação que virou o Brasil pós-golpe?", questiona o jornalista Aquiles Lins, editor do 247; "Só há uma pessoa com legitimidade popular para isso, mas ela está trancafiada como presa política"

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Nesse sábado, 18, moradores de Pacaraima destruíram abrigos e expulsaram imigrantes venezuelanos do Brasil. Cantando o Hino Nacional, eles acusam os vizinhos de praticar crimes na cidade. A situação é grave e já não difere de conflitos registrados centros de refugiados europeus. A fama de gentil e hospitaleiro do brasileiro não se aplica mais.

Outra característica do Brasil, a de cumpridor das leis internacionais, também está para morrer. O governo brasileiro, que não foi eleito pelo povo, reage como ditadura à determinação do Comitê de Direitos Humanos da ONU para que o Estado garanta todos os direitos políticos do ex-presidente Lula, incluindo sua participação nas eleições e nos debates.

O Brasil se apequena aos olhos do mundo. Aquele País que há menos de uma década era a promessa de potência, fazendo o seu dever de casa histórico que é reduzir a abissal desigualdade, hoje assume postura de republiqueta. Os diplomatas estão envergonhados, sabem que a decisão da ONU tem caráter vinculante à legislação brasileira. Foi o estado quem assumiu este compromisso de garantir os direitos políticos não de Lula, mas de qualquer cidadão brasileiro, até que sua culpa fique demonstrada em última instância.

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Como se já não fosse constrangedor ver seu país com esta postura diante da ONU, os brasileiros veem o candidato de extrema-direta, Jair Bolsonaro, segundo lugar nas pesquisas, fazer pior e prometer retirar o Brasil da ONU. Bolsonaro espera que o Brasil se relacione com quem retirando-o das Nações Unidas? Logo o Brasil, um dos fundadores do órgão, em 1945. O país que desde 1949 inicia os discursos da Assembleia Geral.

Bolsonaro insulta a memória da ilustre brasileira Bertha Lutz, que assinou pelo Brasil a Carta da ONU, que criou as Nações Unidas, e que foi a grande responsável pela inclusão no texto da necessidade de igualdade entre homens e mulheres.

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O Brasil, que destruiu suas instituições ao optar por um revanchismo de classe, por insistir que o País deve voltar a viver sob regras vigentes no século XIX, agora quer brigar com o mundo, renegando o seu passado e dinamitando o seu futuro. Quem vai consertar esta esculhambação que virou o Brasil pós-golpe? Só há uma pessoa com legitimidade popular para isso, mas ela está trancafiada como presa política.

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