Brasil paga seu preço pela irresponsabilidade de Bolsonaro na Covid-19

"Numa iniciativa que reflete a subordinação diplomática aos EUA, país fica de fora de um projeto internacional para pesquisar vacinas e medicamentos para enfrentar a pandemia", escreve Paulo Moreira Leite, do Jornalistas pela Democracia

(Foto: Carolina Antunes - PR)


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Por Paulo Moreira Leite, do Jornalistas pela Democracia

Primeiro, foram os efeitos internos. Num país desorientado pela política de sabotagem de Bolsonaro, o sistema de saúde perde força para enfrentar o novo coronavírus.   A adesão à quarentena perde força. Eleva-se o número de mortos e contágios confirmados.  Com a porta aberta para aproveitadores, a importação de equipamentos como respiradores --  essenciais para salvar vidas -- transformou-se  em terreno fértil para negociatas e esquemas de corrupção. Vergonha.  

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Agora, é o efeito externo. Num caso raríssimo para um país de renda média, população de 210 milhões de habitantes e uma influência diplomática reconhecida antes da posse de Bolsonaro, o Brasil ficou de fora do grupo de países que se uniram para lançar a "Colaboração Global para Acelerar o Desenvolvimento, Produção e Acesso Equitativo a Diagnósticos,Tratamento e Vacina contra a Covid-19", informa Assis Moreira, correspondente do Valor Econômico em Genebra.   

Liderada por França e Alemanha, grandes fundações de porte internacional  e empresas multinacionais, a "Colaboração Global" tem um nome longo mas persegue uma causa justa e clara. Trata-se de unir conhecimentos, recursos imensos e espírito científico para encontrar respostas adequadas para enfrentar o novocoronavirus. 

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Numa coleta inicial, foi possível amealhar US$ 7,4 bilhões.  No universo diplomático, que toma as decisões mais graves em conversas em voz baixa e resolve questões sérias  longe dos holofotes, a posição marginal do país é vista como consequência  lógica do comportamento do governo Bolsonaro, capaz de acusar a Organização Mundial deSaúde, um dos polos da iniciativa, alegando que incentiva a masturbação de crianças.  Embora a agressividade enlouquecida faça coro com a retórica do governo Donald Trump, com quem o Itamaraty cultiva uma relação de subordinação escandalosa, não custa recordar o ponto mais importante.  O Brasil só teria a ganhar com uma iniciativa dessa natureza, que pode dar acesso mais rápido a produtos que serão disputados a tapa pelos grandes gigantes mundiais. Outra oportunidade participar da produção de medicamentos que deverão ser produzidos -- em tempo recorde -- para um mercado mundial de bilhões de seres humanos, talvez o maior na história da industria farmacêutica   

Mesmo colocando-se fora do grupo de países que lançou a proposta, o Brasil  pode voltar atrás e aderir a iniciativa durante a Assembléia Mundial de Saude, em comunicação virtual, que se inicia hoje para durar dois dias.  
Ministro interino, o general Eduardo Pazuello terá direito a falar por dois minutos. Terceira autoridade a ocupar a cadeira de ministro da Saúde  desde que a OMS proclamou a pandemia, em 11 de março, pode-se imaginar a tremenda curiosidade que o general deve despertar com sua participação.   

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