Brasil: onde a verdade já não mais importa
As milícias digitais, abastecidas diretamente do Planalto central do Brasil, não estão preocupadas com o que recebem diariamente em suas redes sociais, grupos ou diretamente em seus celulares. Elas precisam, para se sentirem importantes e fortes, espalhar conteúdos independentemente de serem verdadeiros ou não
✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no canal do Brasil 247 e na comunidade 247 no WhatsApp.
“E conhecerei a verdade e a verdade voz libertará”. Está na Bíblia no livro de João, capitulo 8, versículo 32. Nunca na história do Brasil o livro sagrado foi tão utilizado para justificar mentiras como agora está sendo. É doloroso para Cristãos que veem o uso incorreto das palavras do senhor.
E eu explico.
É que as milícias digitais, abastecidas diretamente do Planalto central do Brasil, não estão preocupadas com o que recebem diariamente em suas redes sociais, grupos ou diretamente em seus celulares. Para essas pessoas, o pensamento crítico não existe. Elas precisam, para se sentirem importantes e fortes, espalhar conteúdos independentemente de serem verdadeiros ou não.
Vejamos o caso do óleo nas praias do Nordeste. Assim que apareceram as primeiras manchas, o presidente Jair Bolsonaro acusou a Venezuela de ser o responsável direto pelo desastre. Foi a primeira senha para um ataque ensandecido ao país vizinho. E logo apareceram postagens para ligar a acusação ao Fórum de São Paulo e a esquerda brasileira como se, mesmo que fosse verdade, tivessem alguma responsabilidade.
Passados alguns dias e com a chegada de mais óleo e a chagada dele em mais praias, a acusação mudou. O governo acusou a Ong Greenpeace, grupo formado por ecologistas. Como se isso fosse crível. Mais uma vez, a milícia virtual bolsonarista aceitou como verdadeira a informação. O mais espantoso é a mudança em poucos dias de narrativas diferentes para o mesmo assunto sem que eles consigam parar para pensar. O navio da Venezuela foi deixado de lado como se nunca tivesse sido noticiado por eles. Este é um fenômeno perturbador.
Muitos já se perguntam onde erramos. Isto para questionar este tipo de gente que não consegue reconhecer que cometeram um erro. Seja ao votar em Bolsonaro, seja para reconhecer que propagam diariamente mentiras na rede de internet. Onde estavam esses milhões de pessoas que não conseguimos perceber que existiam em nossa sociedade? E que hoje estão fazendo do Brasil a piada mundial.
A última atualização da notícia sobre o óleo é que teria, segundo o governo, sido um navio mercante de bandeira Grega o Bouboulina o responsável pelo derramamento e poluição das praias. Comprada rapidamente, pois precisam dar uma resposta urgente a sociedade. Como anteriormente, os milicianos digitais aceitaram como verdadeira a nova informação e, se quer, questionaram as outras duas soltadas anteriormente.
Mas, a empresa proprietária do navio, a Delta Tankers, já disse que não é a responsável pelo desastre. Ela soltou nota informando que "pesquisa completa do material nas câmeras e sensores que todos os seus navios carregam como parte de suas políticas de segurança e ambientais", mostraria que nada de errado aconteceu durante o percurso. E agora se estabelece uma disputa de narrativas. O governo terá que provar o que diz. Enquanto isto, a verdade, seja no caso do óleo ou em qualquer outro assunto que ligue o atual governo, a verdade é a que menos importa. O que importa é a constante mobilização de seguidores que não pensem, mas que repercutam o que o governo diz.
E como diz a letra da música dos compositores, Compositores: Cruz, Da Gama, Farias e Rangel, cantada pela Banda Cidade negra, nós vamos continuamos “a fim de saber a verdadeira verdade”. Seja lá o que diz a Direita ou a esquerda política deste brasilzão de Meu Deus.
iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popularAssine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:
Este artigo não representa a opinião do Brasil 247 e é de responsabilidade do colunista.
Comentários
Os comentários aqui postados expressam a opinião dos seus autores, responsáveis por seu teor, e não do 247