Brasil, o país do faz-de-conta

O Presidente faz de conta  que governa e passa o tempo procurando um meio de escapar da cassação, usando todos os recursos do cargo para manter-se no poder. Ética e escrúpulo são palavras que ele desconhece, razão porque abre os cofres públicos para conquistar aliados mesmo cortando verbas da educação, da saúde e de vários outros Ministérios

Presidente Michel Temer durante cerimônia no Palácio do Planalto, em Brasília. 5/06/2017 REUTERS/Ueslei Marcelino
Presidente Michel Temer durante cerimônia no Palácio do Planalto, em Brasília. 5/06/2017 REUTERS/Ueslei Marcelino (Foto: Ribamar Fonseca)


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Brasil é hoje o país do faz-de-conta. O Presidente faz de conta  que governa e passa o tempo procurando um meio de escapar da cassação, usando todos os recursos do cargo para manter-se no poder. Ética e escrúpulo são palavras que ele desconhece, razão porque abre os cofres públicos para conquistar aliados mesmo cortando verbas da educação, da saúde e de vários outros Ministérios, além da Policia Federal, enfraquecendo a Operação Lava-Jato. Mergulhou o país numa aguda depressão, provocando o desemprego de milhares de trabalhadores, mas sem tremer as bochechas afirma, em entrevista coletiva no exterior, que no Brasil não existe crise e que vivemos num paraíso. Numa viagem relâmpago à Alemanha ele fez de conta que participou da reunião do G-20, onde foi praticamente ignorado  pelos demais participantes, movimentando-se como uma alma penada pelas ruas de Hamburgo e voltando imediatamente sem encontrar-se com ninguém para tratar de assuntos de interesse do país. Permaneceu lá só o tempo suficiente para tirar uma foto e retornou sem participar do encerramento. Foi uma viagem de faz-de-conta.

Os ministros, por sua vez, com raras exceções, também fazem de conta que estão trabalhando, zanzando de um lado para o outro sem ter o que fazer, a não ser alugar os ouvidos alheios para os conchavos destinados a salvar a própria pele, pois a exemplo do chefe também estão enrolados na Justiça. Vivem sob permanente tensão, esperando que a qualquer momento um fato novo, revelado por delatores, desabe sobre suas cabeças, agravando a situação de cada um. Estão sempre ao lado do chefe, como uma claque especial,  para aplaudi-lo em seus pronunciamentos frequentes, quando faz de conta que fala ao povo como presidente de fato. Fazendo de conta que é um presidente legítimo, eleito pelo voto popular, fala em promover reformas que a mídia faz de conta ser muito importante para o país. E o empresariado, especialmente os banqueiros, faz de conta que não tem nada a ver com as iniciativas de Temer, particularmente no que diz respeito à reforma trabalhista que, por sua vez, faz de conta que está reformando algo em benefício do povo. 

O Congresso faz de conta que está legislando. Os integrantes das duas Casas, mais preocupados em obter vantagens e sufocar a Lava-Jato, só votam leis que atendem aos seus próprios interesses, engavetando aquelas que representam efetivamente o interesse público. Fazem de conta que estão trabalhando pelo país quando, na verdade, estão empenhados em  conchavos para manter Temer no Cargo e, consequentemente, os seus privilégios. O arquivamento da representação contra Aécio foi uma aprovação explícita das suas traquinagens com o dinheiro público, mas os membros do Conselho de Ética do Senado fizeram de conta que o mineirinho era inocente. Na verdade, depois dos elogios do ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal, à sua carreira política, fazendo de conta que não viu as acusações que pesavam contra ele, os seus colegas senadores se sentiram mais à vontade para salvar o mandato dele que, afinal, não deve ter feito além do que os outros já fizeram. E com isso, também salvaram a própria pele. 

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O Judiciário também faz de conta que está fazendo justiça. Prende hoje, para dar a impressão que está punindo, e solta no dia seguinte, apesar de todas as provas existentes como, por exemplo, malas de dinheiro. Fazem de conta que um diálogo comprometedor  do presidente da República, gravado pelo seu interlocutor num encontro altas horas da noite no porão do palácio, seria uma armadilha para incriminá-lo, fazendo de conta que ele é inocente. E fazem de conta que o empresário Joesley Batista, que desmascarou as vestais, é que é o criminoso, sem levar em conta o serviço que ele prestou ao país. E que a libertação de Fred, Rocha Loures, Andreía Neves e a devolução do mandato de Aécio obedeceram critérios jurídicos. Também fazem de conta que o julgamento do Tribunal Superior Eleitoral, que absolveu Temer, foi um julgamento sério, presidido  pelo amigo de 30 anos do réu.  O Supremo faz de conta também que o “sorteio” do ministro Gilmar Mendes para relator dos inquéritos de Aécio foi um golpe de sorte. E a Lava-Jato faz de conta que está combatendo a corrupção. 

A mídia faz de conta que está dando noticias isentas e verdadeiras, sem tendências, como se o povo fosse bastante tolo para não perceber. As redes sociais fazem de conta que não estão mentindo e os organizadores dos movimentos de rua, que antes do golpe colocaram  gente vestindo amarelo em várias cidades e convenceram os imbecis a espancar panelas, fazem de conta que não receberam um centavo para isso. Aliás, cadê os paneleiros? Onde estão os camisas amarelas? Cadê o pato da Fiesp? Onde está o deputado Carlos Sampaio, a sombra de Aécio nos tempos áureos dos ataques ao governo Dilma? Provavelmente eles estão fazendo de conta que o país melhorou, que estamos vivendo um mar de rosas e portanto, aposentaram as camisas e as panelas. Então, enquanto não há eleições diretas para escolha de novo presidente, o jeito é fazer de conta que a substituição de Temer por Maia vai mudar alguma coisa. O difícil, mesmo, é fazer de conta que o salário está sobrando no fim do mês, que as contas estão sendo pagas e que o Brasil não voltou ao mapa da fome. E, também, fazer de conta que Lula não existe.

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