Brasil de Bolsonaro/Guedes é lanterninha da economia latino-americana, puxando para baixo o PIB da região
O economista Mauro Osorio, professor da UFRJ, aponta quão determinante tem sido a gestão de Paulo Guedes para travar o crescimento econômico da região
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A canícula dos últimos dias, própria da plenitude do verão carioca, fez-me isolar no ar condicionado diante da tela do computador. O garimpo de notícias trouxe-me, em meio a outras informações menos relevantes, um gráfico revelador do tamanho do desastre da economia brasileira, sob Paulo Guedes – o tal posto Ipiranga que, no correr do governo, se mostrou com baixa competência de gestão, transmutando-se numa bandeira pirata, sem mais respeito ou credibilidade.
A Cepal (Comissão Econômica para América Latina e Caribe) acabou de lançar as previsões sobre o comportamento do PIB em 2022 dos países da região. O Brasil tem a pior expectativa de crescimento do grupo: 0,5%. Outrora locomotiva da economia regional, o país administrado pela dupla Bolsonaro-Guedes está puxando para baixo o crescimento da região. O posto Ipiranga conseguiu o “prodígio” de nos fazer âncora da economia latino-americana.
Destroçado por crises políticas e pelos solavancos de terremotos devastadores nos últimos anos, o Haiti tem previsão de crescimento de 1,4%, quase três vezes maior do que a brasileira. Alvo permanente de ácidas críticas de Jair Bolsonaro, a Argentina de Alberto Fernández deve crescer cinco vezes mais do que nós: 2,2 %. Sem maior expressão econômica na região, o pequeno Paraguai guarda expectativas que nos humilha: 3,8%. Ou seja: quase oito vezes maior do que a brasileira.
Ao analisar os números, o economista Mauro Osorio, professor da UFRJ, aponta quão determinante tem sido a gestão de Paulo Guedes para travar o crescimento econômico da região.
– Estamos puxando a América do Sul para baixo. Um desastre absoluto.
É sempre bom lembrar que o Brasil já foi diferente. Impulsionado por políticas públicas nacionalistas, a maioria das quais formuladas por Getúlio Vargas, o país, entre 1930 e 1980, foi o que mais cresceu no Mundo. Em 1980, nosso PIB era 15 vezes maior do que o chinês. Sob Lula, em 2010, tivemos a maior alta em 24 anos: 7,5%. Não estamos, portanto atavicamente atados ao fracasso. Ao contrário, o país historicamente tem dados mostras de vitalidade todas as vezes em que o interesse republicano prevalece na gestão da economia.
Há os que tentam relativizar a atuação desastrosa do ministro com falsos atenuantes. Falam das consequências da pandemia, da paralisação involuntária da atividade econômica; das dificuldades acadêmicas de sua equipe para pilotar um país em crise aguda. Tudo, verdade mas nada diferente do que ocorreu em todos os demais países com a debacle ocasionada pelo vírus.
De profissional exemplar à vilão da economia brasileira, Guedes se esfarelou, moído pela incompetência; pela visão caolha, exclusivamente pró-mercado, em que atuou, mesmo em momento de crise a exigir a ação firme do estado; e pela suspeição que o atingiu em pleno voo após a revelação de sua offshore no exterior.
O ministro responsável pelo destino da economia nacional tem apresentado lucros fabulosos com a desvalorização do real frente ao dólar. O patrimônio de US$ 9,55 milhões investido pelo ex-posto Ipiranga na offshore que mantém no paraíso fiscal das Ilhas Virgens Britânicas sobe ao sabor de suas próprias decisões no Ministério da Economia. Ano passado, em quatro dias, ela havia ganho R$ 1,24 milhão. Uma excrescência.
Confira a previsão de crescimento dos países da região para 2022:
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