Brasil com choro e com ranger de dentes

"Esta é a motivação de nossa luta: não permitir que o país seja entregue a um tirano", escreve Hildegard Angel

(Foto: Reuters)


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Por Hildegard Angel, para o 247

O que será da vida dos miúdos, dos jovens, da próxima geração do Brasil se este atual governo se perpetuar por décadas, como é o projeto não só de Bolsonaro como de todo o seu entorno? 

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Que outro Presidente da Nova República veio com tal voracidade para "sentar praça" para sempre na Capital Federal? A primeira providência de todos os filhos de Bolsonaro foi cada um comprar sua mansão para lá  se estabelecer com mulher, filhos, sogros, sogras. Até ex-mulher já está devidamente refestelada em mansão. Sem falar nos agregados. Praticamente todos ministros, ex-ministros, assessores e militares acessórios se candidataram a cargos federais para permanecer em Brasília.

Isso é inédito. Jamais houve. Os filhos de Sarney permaneceram no Maranhão, assim como ele próprio. Os de Collor, no Rio de Janeiro. A família de Tancredo continua em Minas. As de Fernando Henrique, de Lula, Dilma, todas em seus estados de origem. 

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Indo mais atrás, as famílias de JK, de Jango e até as dos ditadores não se aboletaram em Brasília num projeto de "poder para sempre", desconsiderando o rodízio próprio da Democracia, como fazem agora os Bolsonaro e toda a sua entourage de até então ilustres desconhecidos da política. Todos aferroados ao poder, a cargos, a altos salários e benefícios, que pretendem sejam perpétuos.

Isso não pode ocorrer. Seria uma catástrofe democrática, praticamente irremovível. Ou, como prefere nosso chefe de estado, praticamente "imbrochavel".

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A fúria e a gana com que se lançaram sobre o poder são as de uma nuvem de gafanhotos multiplicada por 7 -  "As 7 pragas do Egito", como dizem, e que na verdade foram dez.

Esta é a motivação de nossa luta: não permitir que o país seja entregue a um tirano, que se perpetuaria no poder com seu projeto de fome, morte, retrocesso. 

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Um estado religioso fundamentalista, um estado medieval pré-renascimento com aversão à cultura e às pesquisas científicas. Sem SUS, sem Petrobras, sem universidades públicas, sem soberania, sem alegria, sem samba, sem carnaval, sem diversidade, sem risos, sem felicidade. 

Um país com ricos-ostentação sem compaixão, fazendo fila pra comprar jatos luxuosos, e com uma imensidão de pobres sem nome, sem rosto, sem esperança, sem prosperar, sem futuro. Pobres roedores de ossos.

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País das armas, dos feminicídios, do ódio institucionalizado, sem transparência, sem uma Polícia Federal Independente. E com muita corrupção não investigada, não punida, não noticiada.

Sem árvores nem flores, pio de passarinho, riso de criança, gargalhada de cachoeira: Brasil sufocado pela fumaça das queimadas. Sem oxigênio. Para o povo, apenas choro e ranger de dentes.

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Contra isso nos debatemos, lutamos, até a última gota de nossa energia, o último som de nossa garganta, a última inspiração de nossas almas, a ultima fibra de nossa coragem. O último sopro de nossos suspiros.

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