Brasil 247: dez anos de luta democrática

"Nestes dez anos, temos muito orgulho de ter defendido duas verdades históricas: Dilma Rousseff foi derrubada por um golpe de estado e Lula foi um preso político", diz o jornalista Leonardo Attuch, editor do 247. "Vencemos a imprensa corporativa porque somos profissionais da informação verídica". Saiba como assinar

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Flickr 247 (Foto: Flickr 247)


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Dez anos atrás, quando decidi criar o site de notícias Brasil 247, hoje o principal veículo de mídia independente, progressista e democrático do Brasil, vivíamos num país completamente diferente. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, até hoje primeiro e único representante das classes populares a ocupar a presidência da República, estava prestes a completar seu segundo mandato com 87% de aprovação popular. A despeito de eventuais erros cometidos, pela primeira vez na História, o Brasil combinava crescimento econômico, redução das desigualdades sociais, eliminação da pobreza, respeito internacional e plena vigência das liberdades democráticas. Éramos exemplo para o mundo.

“Nunca fomos tão felizes”, dizia uma revista semanal. “O Brasil decola”, estampava uma publicação internacional em sua capa. A então ministra Dilma Rousseff também estava prestes a se tornar a primeira mulher do Brasil a exercer a presidência da República, o que fez com total dedicação e integridade.

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Era um momento de confiança. Um momento de esperança. E de quase certeza de que o Brasil finalmente realizaria a sua vocação de se tornar uma potência no concerto das nações. A realização deste projeto coletivo seria fruto de uma democracia que, apesar de suas imperfeições, produziu uma Constituição cidadã, fruto da soberania popular, que garantiu aos brasileiros e brasileiras direitos civis, econômicos e sociais. Quando o povo brasileiro pôde escolher livremente o seu destino, o País encontrou o caminho do desenvolvimento com justiça social.

Foi nesse ambiente que a primeira notícia publicada pelo Brasil 247 veio a público, no dia 13 de março de 2011, a data que consideramos ser a do nosso aniversário de nascimento, do nosso marco zero. Dias atrás, conversando com o amigo Celso Amorim, maior embaixador da história do Brasil, ele me lembrou da coincidência histórica. Foi também neste dia, em 1964, que o ex-presidente João Goulart participou do famoso comício da Central do Brasil, em que prometeu as suas reformas de base. Reformas que poderiam ter transformado o Brasil há várias décadas num País de classe média, mas que foram usadas como pretexto para o golpe militar que aconteceria poucos dias depois.

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A história se repetiria em 2016, quando a ex-presidente Dilma Rousseff foi derrubada com o pretexto ridículo das “pedaladas fiscais”. Novamente, desta vez de forma farsesca, as forças retrógradas do País jogavam por terra o projeto progressista de um país democrático, soberano, justo e próspero.

Na inauguração do Brasil 247, naquele 13 de março de 2011, eu não imaginava que a democracia brasileira fosse tão frágil. Eu, que cresci e formei minha consciência política durante um período de plenas liberdades, até hoje tenho dificuldades em olhar para trás e ver que o Brasil conseguiu despedaçar seu bem mais precioso: a sua própria democracia. O pacto democrático instituído pela Constituição de 1988 caiu como um precário castelo de cartas.

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Antes que isso acontecesse, porém, o Brasil 247 foi sendo construído, tijolo a tijolo, até formar uma das melhores equipes de jornalistas do Brasil, o melhor conselho editorial de toda a mídia brasileira e reunir grandes nomes do jornalismo no coletivo dos Jornalistas pela Democracia.

Agora, estamos completando dez anos de vida. Não foi fácil chegar até aqui, mas, ao olhar para trás, temos muito orgulho do que foi construído, assim como a consciência do que falta fazer. Com muita dedicação e entrega, vencemos a “disputa de narrativas” sobre o golpe de 2016 contra a ex-presidente Dilma Rousseff e sobre o golpe preventivo de 2018, com a prisão política do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Hoje, qualquer pessoa com honestidade intelectual sabe que Dilma foi vítima de um golpe e que Lula foi alvo de perseguição judicial para que não disputasse uma eleição presidencial que venceria com facilidade. Vencemos a imprensa corporativa e continuaremos a vencê-la porque, ao contrário do “jornalismo profissional”, temos compromisso com a verdade histórica e com a defesa do interesse público. Somos profissionais da informação verídica.

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Ao longo dessa década, estivemos sempre do lado certo da História: a democracia. E pudemos fazer isso graças à nossa independência. Ao contrário da mídia corporativa, não temos o “rabo preso com ninguém”. Nosso trabalho não é comprado pelo grande capital. Dependemos basicamente de vocês, leitores do Brasil 247 e telespectadores da TV 247. 

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