Brasil 2019: De Bolsonaro a Lula

"Lula termina o ano político com o grande ato com artistas e intelectuais no Rio, em grande estilo, proclamando manifesto sobre a cultura brasileira, aclamado por milhares de pessoas. E se faltasse algo, fecha definitivamente o ano com o tradicional jogo de futebol, no campo Sócrates, da Escola Florestan Fernandes, do MST", escreve o cientista político Emir Sader em sua coluna no Brasil 247

(Foto: Ricardo Stuckert | Reuters)


✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no canal do Brasil 247 e na comunidade 247 no WhatsApp.

O Brasil começou 2019 vivendo a terceira grande derrota da esquerda na sua hsitória. Depois do golpe e da ditadura militar de 1964, dos triunfos neoliberais dos anos 1990, veio a guerra híbrida, que derrubou a Dilma da presidência do pais, que prendeu o Lula e lhe impediu de ser eleito de novo presidente do Brasil e elegeu de forma fraudulenta o Bolsonaro. O ano parecia como mais um ano terrível para o Brasil.

E de fato foi. O país sofreu a continuação e intensificação do desmonte do Estado, com a intensificação da privatização das empresas públicas, a radicalização das desregulamentações favorecendo o grande empresariado e a expropriação dos direitos dos trabalhadores, assim como o congelamento das políticas sociais. Ao mesmo tempo que o país projetava a pior imagem possível no plano internacional, fazendo com que o presidente do Brasil tenha se tornado o representante do que de pior existe no mundo de hoje

continua após o anúncio

O governo se iniciava em plena euforia da direita, livrada do susto de ter que conviver de novo com um governo do PT. As elites aceitavam tudo, até Bolsonaro, menos o PT. O país estava em boas mãos, guiado pelo Guedes e supervisionado pelo Moro. Por qualquer dúvida, estavam ali os militares, preenchendo tudo quanto é cargo vago. A extrema-direita dava a impressão de que vinha para ficar.

Ao mesmo tempo que Lula seguia sendo vítima da mais brutal perseguição jurídica que o Brasil jamais conheceu. O cerco jurídico fazia com que não houvesse horizonte para a liberdade do Lula.

continua após o anúncio

O cenário com que o Brasil termina 2019 é muito diferente. A incapacidade do presidente, as arbitrariedades cometidas por ele e por seus filhos, as declarações estapafúrdias e os conflitos internos e externos gerados, assim como a inviabilidade de que a política econômica ultraneoliberal promova o crescimento da economia, mudaram profundamente a imagem pública do governo. O presidente perdeu pelo menos 2/3 dos apoios que tinha, termina o ano com noticiário completamente tomado pelas denúncias contra ele e seus filhos por escândalos econômicos e por comprometimento direto na morte da Marielle.

Enquanto que o Lula, que havia começado o ano sem perspectivas de sair da prisão, proibido de falar, impedido de ser eleito no primeiro turno presidente do Brasil, sofrendo não somente as imensas injustiças, como também sofrendo de ver o país que ele havia construído ser desmontado, termina o ano em situação radicalmente diferente. Livre – mesmo sem ainda recuperar seus direitos políticos -, circulando pelo Brasil com seus discursos, reencontrando o povo na ruas, termina o ano sendo a grande referência política do pais, o grande dirigente da oposição ao governo, aquele em que os brasileiros depositam a esperança de superar o pesadelo atual.

continua após o anúncio

Lula termina o ano político, com o grande ato com artistas e intelectuais no Rio, em grande estilo, proclamando manifesto sobre a cultura brasileira, aclamado por milhares de pessoas. E se faltasse algo, fecha definitivamente o ano com o tradicional jogo de futebol, no campo Sócrates, da Escola Florestan Fernandes, do MST, domingo (22), com o Chico Buarque, comigo e com muita gente mais.

Assim o Lula chega ao fim de 2019, depois de ter começado da pior forma possível. Projetando um grande protagonismo seu, não somente no Brasil, para 2020.

continua após o anúncio

iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular

Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:

Este artigo não representa a opinião do Brasil 247 e é de responsabilidade do colunista.

Comentários

Os comentários aqui postados expressam a opinião dos seus autores, responsáveis por seu teor, e não do 247

continua após o anúncio

Ao vivo na TV 247

Cortes 247