Negacionistas que saem, negacionismo que fica

O governo federal e seus integrantes mentem ao falar de mortes por covid e sobre pesquisas eleitorais de eleições passadas

Grupo Frias-Bolsonaro
Grupo Frias-Bolsonaro (Foto: Reprodução)


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Escrevi para a Folha e o jornalão, por óbvio, não publicou: Viva! Sai Rochamonte! Para alívio dos leitores, saiu a pseudo-arrependida Catarina Rochamonte no quadro de colunistas. Talvez consiga convencer 70 mil eleitores cearenses de suas patacoadas e, caso não seja eleita – é pré-candidata a deputada federal –, que a Folha não continue com tal desserviço em suas páginas. Não é possível ainda acreditar que seu mito tinha “boas bandeiras” na eleição; é muito sofisma.

Outra comemoração matinal, coincidente com o dia do aniversário da cidade de São Paulo, foi na forma de frase solta no Facebook: O mundo amanheceu mais leve. Ao longo da semana foi incluída na trova: Morreu e ninguém se atreve / a dizer esta verdade: / o mundo ficou mais leve, / mas de mesma gravidade. O Blog dos Três Parágrafos também usou o fato e a frase, sempre sem dizer claramente o sujo sujeito, por explícito que era (https://adilson3paragrafos.blogspot.com/2022/01/mundo-mais-leve.html).

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Ao longo da semana, magistral foi a coluna de Ruy Castro ao se lembrar das primeiras coberturas jornalísticas que fez. Sem dúvida, a morte de girafas é mais importante do que a de um “grande mentecapto”. Lembrando que até o idiossincrático personagem de Fernando Sabino, Geraldo Viramundo, trazia no nome a redondeza do mundo que podia ser virado.

Porém, o jornal julga correto dar espaço a outros negacionistas da razão e da história. Foi o caso com o artigo do “ilibado” ministro do Trabalho e Previdência do desgoverno atual, o qual só pode ser aceito dentro da insana cota de negacionistas oficiais que a Folha permite. Como pode o senhor Lorenzoni falar do respeito a uma eleição que foi marcada pelas fakenews que levaram o ogro a habitar o Palácio do Planalto? Criticar o líder atual nas pesquisas e seu ainda incipiente programa de governo faz parte do jogo político, mas que seja feito sem, mais uma vez, enganar a população. Já temos uma amostra da carnificina que virá à baila na campanha eleitoral.

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Quanto a assunto abordado algumas vezes neste espaço (por exemplo em https://www.brasil247.com/blog/ainda-o-racismo-na-folha), aos poucos o ombudsman começa a fazer o trabalho para o qual foi contratado. O racismo na Folha é evidente, mas também é clara a intenção de caçar cliques com as polêmicas que o jornal gera. Não é muito diferente do governo que diz criticar, vivendo apenas de conflitos.

Por fim, precisou o jornalista da língua pátria Sérgio Rodrigues para colocar os pingos nos is e os traços nos tês ao denunciar “o erro de chamar mentira de erro”. Tal fato tem acontecido sistematicamente, quando o governo federal e seus integrantes mentem ao falar de mortes por covid e sobre pesquisas eleitorais de eleições passadas e o jornal noticia como erro ou distorção. A Folha adora ironizar os políticos que “tergiversam”, mas adota o mesmo tangenciamento nessas situações em que falta a devida coragem.

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