Brancas de neve e extrema-unção
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Violência simbólica? É o meio de exercício do poder simbólico. E se funda no fabrico contínuo de crenças de socialização, que estimulam o ser a se posicionar no espaço social seguindo modelos padronizados do discurso dominante.
Caros leitores, vamos identificar nos próximos textos-notícia o conceito denominado de “violência simbólica” criado pelo sociólogo Pierre Bourdieu? Texto 1) “Foi publicada no D.O, dia 24 de novembro, a concessão do auxílio tecnológico de R$ três mil para os profissionais da educação da SEEDUC e do DEGASE, como uma “compensação” de despesas tecnológicas, conforme está escrito no título do decreto.
O auxílio é extremamente importante para os educadores, que tiveram gastos enormes na adequação ao ensino remoto para manutenção de vínculo dos estudantes com a escola, e vem sendo cobrado pelo Sepe como uma das pautas da categoria.
Entretanto, o inciso 2º do artigo 1º e o anexo único do documento, a nosso ver, representam uma imensa violência simbólica contra os profissionais da educação por parte do governo do estado RJ, algo absolutamente revoltante.
O inciso 2º diz o seguinte: “§2º – A concessão referida será destinada à aquisição de tablets, desktops ou notebooks pelos profissionais da SEEDUC-RJ e DEGASE, como instrumento funcional ao exercício administrativo e pedagógico”.
Já o artigo único enumera uma série de especificações técnicas dos aparelhos a serem adquiridos. Ora, durante um ano e meio, os profissionais da educação utilizaram seus próprios recursos; compraram computadores e celulares novos; equipamentos de iluminação; microfones; caixas de som; utilizaram sua luz; seus dados de internet, dentre outras necessidades, com o objetivo de atender aos estudantes no ensino remoto. E depois disso tudo vem o governo e diz o que pode ou não ser comprado, ignorando todos estes gastos prévios. Gastos estes que poderiam ter sido usados com as despesas normais que se têm no dia a dia, como comida, roupa, lazer, mas que foram todos para o trabalho.
Soma-se a isso os sete anos sem reajuste, o que está asfixiando a categoria financeiramente.
Dizer o que as pessoas têm ou não que comprar é um tapa na cara de todos os profissionais da educação.
A direção do Sepe já está desde cedo buscando contato com a SEEDUC para cobrar que o auxílio tenha um caráter, como diz o título do decreto, de uma verdadeira compensação tecnológica. Ou seja, de um estorno por parte do governo de todo o dinheiro gasto pelos profissionais da educação neste período. Desta forma, não sendo necessário nenhum tipo de comprovação de compra de equipamentos. Cobraremos, também, que todos os profissionais da educação recebam o auxílio, não apenas os profissionais dentro de sala de aula, na medida em que todos trabalharam remotamente sem qualquer ajuda pecuniária do governo”.
Texto 2 – “A primeira-dama Michelle Bolsonaro promoveu nesta terça-feira (23/11) a edição 2021 do Natal Voluntário no Palácio da Alvorada. Ao som de All I Want for Christmas is You, da cantora americana Mariah Carey, Michelle se fantasiou de Branca de Neve para recepcionar crianças carentes na residência oficial. As imagens foram postadas no Instagram”.
Pátria Voluntária, um programa que incentiva o voluntariado no “Brazil”, e assim caminhamos observando a tal da violência simbólica, em um país onde morreram quase 700.000 brasileiras e brasileiros. E que deixa órfãos pela negligência durante a pandemia de Covid-19 (que não acabou) mais de 130 mil pessoas, entre crianças e adolescentes. Vivemos a era do osso, do orçamento secreto, do extremo-desemprego: o país está moribundo, em vias de extrema-unção. Se há anjos, que eles se apressem, e cheguem antes finitude, pois só assim o gigante Brasil poderá levantar do seu leito de morte, e vicejar novamente...
Quem poderá salvar o Brasil do Brazil? Quem reescreverá a História do país que nasceu índio, cresceu negro e amadurece mulato? Vamos reescrever a História do Brasil, pois até aqui, contamos a História do Brazil. Vamos reescrever a fábula “Branca de Neve”, para que nossos filhos e netos nasçam em uma pátria mãe gentil, onde o racismo estrutural seja apenas um modelo sanguinário extinto.
#LeiaBrazilevireBrasil
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