Braga Netto representa o Exército de sempre: ideologicamente anacrônico, com vocação para defender os interesses do capital

Braga Netto
Braga Netto (Foto: Reprodução)


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Eu não sei por que cargas d'água a pior geração de generais produzida nas escolas e nos quartéis do Exército Brasileiro, que serve de base de sustentação às insanidades, incompetências e perversidades de um ex-tenente que se aposentou como capitão, acredita, equivocadamente, que o País e grande parte de sua população, que não conjura com as ideias e ações conservadoras e reacionárias de militares da ativa e de pijamas, precisa ser tutelado por um grupo de militares que não conhece a sociedade civil e muito menos tem a compreensão do que é democracia, Estado Democrático de Direito e, pasmem, soberania.

As palavras do ministro da Defesa, nos quartéis ou em eventos oficiais ou sociais são de uma ausência de senso crítico e analfabetismo político à toda prova. Braga Netto age como um capitão do mato dos tempos do Brasil Colônia e Império, a ocupar um espaço que ele não domina de forma alguma, que é a política. Em discurso intimidador e arrivista, tal general, apesar de seus 64 anos, ainda não compreendeu que em democracias avançadas e sólidas seus discursos e ações seriam considerados totalmente incompatíveis com o Estado de Direito e a Constituição, a incluir a brasileira.

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A verdade se o Brasil fosse um País sério e que preserva sua democracia, o general insolente estaria a prestar contas ao Congresso, pois convocado para dar satisfações por causa de seus discursos atrevidos e audaciosos, porque, conforme for a gravidade do caso, tal servidor público pago com o dinheiro do contribuinte deveria responder por crime de responsabilidade e, com efeito, seria processado, sendo que antes deveria ser afastado do cargo para o bem do serviço público, além de no decorrer do processo ser julgado e quiçá preso.

Tudo isso se fôssemos um País sério e não tivéssemos quase oito mil militares a ocupar cargos civis no serviço público, fato este que se torna o maior aparelhamento do Estado nacional em todos os tempos, por partidários de um presidente de extrema direita. Os militares intervencionistas deste País subdesenvolvido tem generais como o Braga Netto, que soltou outra pérola: "As forças armadas estão sempre atentas à conjuntura nacional".

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Como assim, cara pálida. Será que tal militar não sabe até hoje que jamais dará certo em lugar nenhum os militares se intrometerem com o campo político-partidário, simplesmente porque suas responsabilidades constitucionais e funções profissionais não são compatíveis com a luta política, partidária e eleitoral. Os militares do mundo considerado desenvolvido jamais agiriam dessa forma tão deplorável e prejudicial institucionalmente para seus países.

Para o general, o Exército é imantado apenas por virtudes dignas de Plutarco e, com efeito, não aceita críticas e muito menos ser questionado quanto aos seus incontáveis erros, muitos deles graves, desde quando os generais gananciosos, ambiciosos e indelevelmente autoritários resolveram embarcar em mais uma canoa furada ao participarem diretamente do poder civil e aparelharem o Estado nacional, como já disse antes, com oito mil militares em cargos civis, um recorde mundial, bem como nunca visto na história do Brasil, nem nos tempos da ditadura militar implantada em 1964.

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Se tem alguma coisa que os militares, que surpreenderam os brasileiros por causa de seus paladares refinadíssimos, nunca mais vão poder fazer é acusar os governantes de esquerda de aparelharem o Estado, como fizeram a vida inteira no decorrer da história, de forma malandra e esperta para criar celeumas e confusões no meio militar e em parte da sociedade civil que vota na direita e sai às ruas para apoiar golpes de estado.

Entretanto, os generais e seus subalternos que ocuparam o poder público, como se fosse uma boquinha para somar aos seus salários, não terão mais moral para falar de "aparelhamento", só se perderem realmente a vergonha ou se fazerem de "tontos", de maneira a não encarar a verdade quando se trata de defender seus interesses corporativos e particulares, por intermédio da distorção dos fatos e da manipulação da verdade.

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A realidade é que o general Braga Netto troca os pés pelas mãos, bem como se considera um tribuno de raro talento sem sê-lo, assim como seus companheiros de farda são, irremediavelmente, analfabetos políticos, sem generalizar, além de deixarem claro que não compreendem o processo político-partidário, pois não conseguem dialogar para entender que o Brasil é um País continental e perversamente desigual, com inúmeros contrastes, além da imensa diversidade de um povo multifacetado, multirracial e multicultural.

Por sua vez, o País há apenas sete anos era a sexta economia do mundo com uma população de 210 milhões de habitantes, mas que contraditoriamente possui um Exército que não vai à guerra desde os tempos da Guerra do Paraguai, além de anacrônico ideologicamente, porque o Exército, e as forças armadas em geral, são nostálgicos da Guerra Fria e até hoje vivem em uma realidade paralela, como se vivessem ainda em plenas décadas de 1950/1960/1970.

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A época em que os Estados Unidos resolveram transformar as forças armadas dos países periféricos da América Latina em meras forças de repressão policial contra os trabalhadores e os partidos de esquerda, além de entidades, órgãos e instituições da sociedade civil organizada também serem alvos dos militares.

Os oficiais de alto escalão da pior geração de generais simplesmente se associaram ao igualmente pior presidente da história do País, um homem de predicados fascistas e negacionistas, assim como disposto a desmontar o estado brasileiro, bem como se trata de um político isolado no mundo e considerado um pária pela comunidade internacional, realidades essas demonstradas agora na Cúpula do Clima da ONU, sem deixar qualquer dúvida.

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Ora, é realidade evidente quando o presidente dos EUA, Joseph Biden, e sua vice, Kamala Harris, retiraram-se para não ouvir o discurso sem conteúdo e mentiroso de apenas três minutos de Jair Bolsonaro, que realmente não tem nada para falar e apresentar sobre a pauta ambiental em escalas doméstica e mundial, assim como foi um dos últimos mandatários a se pronunciar. Uma verdadeira vergonha para o Brasil, além da dura humilhação, pois somos um dos países amazônicos.

O Brasil que era uma referência mundial em questões ambientais se transformou, em apenas um pouco mais de dois anos sob o controle do desgoverno de extrema direita, em um pária internacional, cuja desconfiança e desprezo dos estrangeiros pelo governo a quem Braga Netto serve é de amplitude planetária. Trata-se do verdadeiro fracasso retumbante, em todas as áreas e segmentos, porque o fracasso não se resume apenas às questões ambientais, mas também sociais, econômicas e sanitárias. 

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Portanto, Braga Netto ao invés de mostrar arrogância porque é o ministro de uma força militar, como fizeram os generais da ditadura militar, deveria deixar de ser um oficial privatista porque se trata de um servidor público, e passar a criticar ou combater as privatizações criminosas capitaneadas pelo chicago boy Paulo Guedes, que quer entregar o patrimônio público às grandes corporações internacionais, além de ter extinguido todos os programas de inclusão social.

Braga Netto, que gosta de se valer da sua condição de general para ameaçar os poderes consagrados pela Constituição, deveria parar de se preocupar com a política partidária e eleitoral e falar para seus subalternos de farda que no Brasil está a ocorrer a implementação de um projeto suicida para o País e de autoflagelação para a população, a exemplo do desmonte dos setores ambiental, agrário, educacional, trabalhista, previdenciário, industrial e diplomático, como também o desgoverno militarista de Bolsonaro se mostra inimigo de todas as minorias, organizações não governamentais, associações de estudantes e sindicatos de trabalhadores.

Ou seja, o general Braga Netto tem de dizer aos oficiais das forças armadas que a Marinha, a Aeronáutica e, principalmente, o Exército, mais uma vez nas suas história escolheram o lado errado, o campo dos ricos e dos muito ricos, o establishment e o status quo, a pequena parte que tem muito e tudo em prejuízo da grande maioria da população brasileira, que, pasmem, voltou para o mapa da fome, com prognósticos de o Brasil chegar ainda este ano a 61,1 milhões de pobres, além de 19,3 milhões na extrema pobreza, de acordo com estudos publicados pelo Centro de Pesquisa em Macroeconomia das Desigualdades da USP.

Todos esses fracassos demoníacos são resultados da política econômica de concentração de renda e riqueza brutal efetivada pelo governo extremista e fundamentalista do mercado de Jair Bolsonaro. Esses fracassos, incompetências e perversidades ficarão também na conta do Exército, general Braga Netto, bem como a pandemia e suas centenas de milhares de mortes, afinal quem mandou os militares voltarem para política ao invés de procurar uma guerra para se ocupar?

Quem entra na chuva é para se molhar, já dizia o ditado popular. Agora, ficar revoltado ou bravo porque o Exército recebe críticas é inaceitável, pois se entrou na política que arque com as consequências, pois a política é o campo de conflitos de ideias, combate ideológico, propostas, planos, projetos e programas apresentados pelos políticos e candidatos a cargos públicos, que são evidenciados, dia a dia, pelos partidos políticos. Não reclamem e saibam perder quando perderem. Na sociedade civil não cabe, em hipótese alguma, a ordem unida militar, cujo propósito maior é combater nas guerras.

Braga Netto é o verdadeiro conviva de um governo sectário e elitista, cujo presidente a qual ele serve jamais recebeu trabalhadores e minorias, por exemplo, no Palácio do Planalto, bem como nunca visitou qualquer grupo social e comunitário ou hospital no decorrer da pandemia do coronavírus. O desgoverno dos ricos do general Braga Netto tem como presidente um homem que vive a visitar quartéis e corporações policiais, de forma que a sociedade perceba que se trata realmente de um governo militarista e policialesco com verve fascista.

Um governo de extrema direita que tem como propósito mostrar à sociedade civil e à oposição política que Bolsonaro e seus asseclas tem armas e que poderá intimidar quem quer que seja se seus desejos e intenções forem questionados e combatidos, inclusive no que diz respeito a Lula ser candidato a presidente. Ponto.

O Brasil voltou a uma espécie de ditadura não assumida, porque a ditadura assumida, a de 1964, foi realmente uma tragédia humana e econômica, além de o Brasil e a sociedade civil após a redemocratização e a promulgação da Constituição não ter ido a fundo na questão das mortes e das torturas acontecidas naquela tenebrosa época, o que leva este País continental ter de enfrentar até hoje as ameaças de milicos prepotentes, criados a pó de ló nas casernas, que ameaçam as instituições republicanas e a democracia na maior cara de pau e total insensatez e despropósito.

Ignorantes quanto à sociedade civil que sustenta os oficiais e financia as forças armadas, os comandantes militares do naipe do general Braga Netto transformam a hierarquia em uma bagunça e, consequentemente, o Brasil tem de aguentar desaforos de um servidor público, que deveria se calar e não se insubordinar contra a autoridade dos poderes estabelecidos pela Constituição — o Congresso Nacional e o STF.

Como atuam e agem em um País atrasado em uma sociedade autoritária desde o período colonial e escravocrata, cujo Exército é intervencionista e autor de golpes de estado registrados pela história, generais como Braga Netto se consideram superiores quando tratam com outras autoridades de inúmeros poderes e instituições, porque na verdade os militares se consideram realmente donos da República, quando não o são, assim como o Congresso e o STF tem de colocar esse general em seu lugar, que é o de ser chefe de corporações militares como ministro, mas não de um dos poderes constituídos por Lei, como é o caso da Presidência da República (Executivo), Legislativo e Judiciário.

Braga Netto é apenas um oficial general, que há pouco tempo estava no Rio de Janeiro a comandar a intervenção mais covarde e violenta que se tem notícia, a causar sofrimento nas favelas, além de fazer perceber por parte do povo pobre que os oficiais do Exército são elitistas, sectários e sempre dispostos a proteger os ricos e defender seus interesses patrimoniais e financeiros, porque totalmente divorciados dos interesses dos trabalhadores e da sociedade civil em geral.

Nada que surpreenda a quem conhece as forças armadas e seu DNA, que é a vocação para ser eternamente a guarda pretoriana do establishment nacional e internacional no Brasil e na América Latina. Por seu turno, é evidente que os discursos mequetrefes e rastaqueras do general com pendões de ditador de terceiro mundo ainda abalam um País que tem vocação para o fracasso, cuja "elite" econômica destruiu a economia interna para que um brucutu destrambelhado assumisse o poder e transformasse o Brasil em um País pária e desprezado pelas autoridades do mundo todo.

O que quer o general Braga Netto e seus parceiros de farda? Uma ditadura militar em pleno século XXI sem a autorização de seus chefes diretos, os EUA? Ou ele quer garantir que seu chefe violento e intolerante, que não construiu uma única escola ou hospital em mais de dois anos de mandato presidencial, seja reeleito por meio de ameaças às instituições republicanas e ao processo eleitoral? Com a palavra o general.

A verdade é que ninguém mais aguenta essa ideia que os milicos propagam entre eles, de geração em geração, que um País poderoso economicamente, apesar de tanta pobreza e violência, fique à mercê de doidivanas sem projeto de País e desprovidos também de programa de governo. São perceptíveis a ineficácia e a incompetência desse desgoverno de extrema direita, isolado pelas mais importantes nações do planeta, que preferem ver o diabo do que ter de se encontrar com Jair Bolsonaro, responsável maior por uma crise sanitária de proporções bíblicas, bem com principal ator de um desgoverno que conduz a economia para o precipício, pois praticamente todos os números sociais e econômicos são negativos, segundo o IBGE e outros órgãos públicos e sindicais.    

O servidor público Braga Netto (generais esquecem que são servidores públicos pagos pelos contribuintes), filho da classe média e ex-concurseiro como qualquer cidadão que queira entrar na Aman ou em outro órgão ou instituição pública, é tão sem noção que ele agora resolveu fazer "comícios" políticos em unidades militares. Na verdade, ele tem vontade de ser insubordinado para cometer insurreições e, com efeito, emparedar os poderes da República e a sociedade civil em geral, a ter os partidos políticos de esquerda também como destinatários de suas sandices em forma de mensagens dignas de pequenos mussolinis. Braga Netto deveria se subordinar à Constituição e aos cidadãos contribuintes brasileiros.  Golpismo não, general! É isso aí.

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