Boulos tem que pescar votos no eleitorado conservador
"Precisa conquistar mais eleitores de Russomanno e de Márcio França, além de reverter para si votos brancos, nulos e abstenções. Contar com eleitores de Joice e Arthur do Val é ilusão. Matarazzo tem pouquíssimo a acrescentar", escreve Alex Solnik, do Jornalistas pela Democracia
✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no canal do Brasil 247 e na comunidade 247 no WhatsApp.
Por Alex Solnik, do Jornalistas pela Democracia
A principal diferença entre o primeiro turno e o segundo é que no primeiro o candidato tem que conquistar os votos dos seus simpatizantes; no segundo, tem que conquistar os votos dos simpatizantes dos adversários que não foram ao segundo turno.
No caso de São Paulo, o primeiro turno fechou com Covas, 32%, em primeiro e Boulos, 20%, em segundo. Nas pesquisas Datafolha e Ibope do segundo turno mais recentes, a diferença entre eles, nos votos válidos, está em 16 pontos percentuais a favor de Covas: 58% a 42%.
Estão em disputa no segundo turno os votos dos eleitores de Márcio França (13%), Russomanno (10%), Arthur do Val (10%), Tatto (8%), Joice (1,8%), Matarazzo (1,5%), Marina Helou (1,4%) e Orlando Silva (0,23%).
A soma de todos os votos dos candidatos do campo de Boulos, que provavelmente irão para ele no segundo turno – Tatto, Marina e Orlando Silva – acrescenta menos de 10%, o que é insuficiente para vencer a eleição.
Os eleitores de França dividem-se igualmente entre Covas e Boulos, mostra o Datafolha, o que acrescentaria mais 6,5 pontos percentuais a Boulos. Ainda assim ele não ganha.
Está claro, portanto, que os votos da esquerda ele já tem. Precisa atrair votos conservadores para vencer Covas. Não há outro caminho.
Parte dos votos de Russomano – 27% - Boulos terá, segundo o Datafolha, o que soma uns 2% para ele.
Ainda é pouco.
Precisa conquistar mais eleitores de Russomanno e de Márcio França, além de reverter para si votos brancos, nulos e abstenções. Contar com eleitores de Joice e Arthur do Val é ilusão. Matarazzo tem pouquíssimo a acrescentar.
A questão é: como atrair esses votos?
É de pouca serventia, ou mesmo nenhuma, bater no adversário, sobretudo no segundo turno. O erro mais comum cometido por quem está em desvantagem. O eleitor não vota em quem ataca; pode, no máximo, desistir de votar em quem é atacado, anulando seu voto ou votando em branco ou se abstendo. Todas essas situações favorecem quem está na frente: quanto menos votos válidos, menos votos ele precisa para chegar aos 50% mais um.
O tiro acaba saindo pela culatra.
Partidos de esquerda europeus têm empregado, com sucesso, outra tática: atraem o eleitorado conservador incluindo em seu programa pautas abraçadas por ele.
Um dia o Brasil chega lá.
(Conheça e apoie o projeto Jornalistas pela Democracia)
iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popularAssine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:
Este artigo não representa a opinião do Brasil 247 e é de responsabilidade do colunista.
Comentários
Os comentários aqui postados expressam a opinião dos seus autores, responsáveis por seu teor, e não do 247