Boulos e os esquerdotoches
"Restou aos setores progressistas uma única opção: a resistência. E a unidade é o elemento fundamental de qualquer resistência. Dessa unidade é esperada uma liderança que seja nacionalmente e internacionalmente respeitada e que tenha a capacidade de revogar - pelo voto e pelas mãos do poder popular - os grotescos retrocessos até aqui estabelecidos por um presidente ilegítimo, um legislativo corrupto e um judiciário cooptado pelas forças econômicas neoliberais. E essa liderança existe: Lula. E não por acaso essa liderança passa por uma perseguição política nunca antes assistida em nosso hemisfério", avalia o colunista Carlos D´Incao, que batiza a "nova esquerda", que lançará a candidatura de Guilherme Boulos, de "esquerdotoches"
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Nada melhor do que a velha e eficaz arma do sarcasmo, tão bem utilizada pelos artistas, para denominar os milhões de brasileiros que foram às ruas para pedir a saída de Dilma: "manifestoches".
Esse termo define com perfeita exatidão essa multidão despolitizada que acreditava que a resposta dos problemas do Brasil estava em rasgar a Constituição e marchar atrás de um enorme pato amarelo da FIESP. No fim, fizeram obedientemente aquilo que as elites queriam, na contra-mão de seus próprios interesses.
Do golpe de 2016 até os dias atuais, um verdadeiro descalabro geral tomou conta do país que se encontra no meio de uma violenta avalanche neoliberal que não quer deixar pedra sobre pedra.
Um novo país está sendo gerado pelas mãos gananciosas de um capital que desconhece os direitos humanos, a soberania nacional e o Estado de Direito.
Restou aos setores progressistas uma única opção: a resistência. E a unidade é o elemento fundamental de qualquer resistência.
Dessa unidade é esperada uma liderança que seja nacionalmente e internacionalmente respeitada e que tenha a capacidade de revogar - pelo voto e pelas mãos do poder popular - os grotescos retrocessos até aqui estabelecidos por um presidente ilegítimo, um legislativo corrupto e um judiciário cooptado pelas forças econômicas neoliberais.
E essa liderança existe: Lula. E não por acaso essa liderança passa por uma perseguição política nunca antes assistida em nosso hemisfério.
Mas eis que nos momentos mais dramáticos desse embate, os partidos do campo progressista resolvem lançar suas candidaturas quixotescas que possuem um único resultado lógico: a destruição da unidade.
Mais: fazem exatamente aquilo que o grande capital e as forças neoliberais querem. Ao se lançarem como supostas "opções", jogam abundante água no moinho da direita, que apresenta de forma entusiasmada uma suposta "nova esquerda", distanciada da "velha e obsoleta" esquerda de Lula e do PT.
E essa "nova esquerda" já nasce batizada: são os "esquerdotoches". O suposto campo progressista que se diz de esquerda, mas que atua exatamente como a direita quer.
Boulos foi o último dos "esquerdotoches". Se filiou ao Psol (o único partido socialista que não apoia nenhuma experiência socialista da História e que fez oposição ao Lula e ao governo Dilma ao longo de todos os seus mandatos) e será o seu candidato a presidente.
Nesse meio termo, Boulos ocupará generosos espaços na grande mídia golpista e talvez possua a convicção burlesca de que esteja "manipulando o sistema" e ocupando os "espaços vazios deixados por Lula".
Assim também atuou Manuela D'Ávila do PC do B e sem falar de Ciro Gomes que a rigor não pertence ao campo da esquerda... Ciro é um personagem do Centrão que já foi do Arena, do PMDB, do PSDB, do PPS, que ocupou ministérios no governo Itamar e FHC e que hoje não representa nenhum segmento organizado da sociedade, mas tem seus 3% de eleitores fieis.
Todos juntos não conseguem obter 5% do eleitorado brasileiro. Mas são a força suficiente para desarticular a unidade do campo progressista e fazer com que a única liderança real da esquerda seja presa e desabilitada a concorrer às eleições pois (assim dirá a imprensa burguesa) "temos vários candidatos e opções da esquerda".
Mas pouco importa aos "esquerdotoches" os fatos, a lógica, a História e a realidade. Assim como os "manifestoches" eles estão prontos para obedecer os ditames das elites. Possuem uma retórica recheada de críticas ao Lula, à Dilma e ao PT, com uma sofisticação que nem Alckmin ou Bolsonaro conseguiria elaborar.
E não tenhamos dúvidas, com o Lula fora da disputa, vão lutar com todas as suas forças para esvaziar qualquer outro candidato do PT para pavimentar uma larga avenida para a vitória do PSDB em 2018.
Em um vídeo recheado de cortesias Lula desejou boa sorte a Boulos e lembrou que ele mesmo nunca teria sido presidente da República se não tivesse concorrido em 1989. E nesse sentido, Lula ocultou sua própria auto-crítica quando lamentou não ter apoiado Leonel Brizola naquela eleição - na ocasião o único líder da esquerda que possuía reais condições de derrotar Fernando Collor.
A vitória de Lula para o segundo turno em 1989 foi festejada pela Rede Globo na mansão da família Marinho. Exatamente como a elite planejou, Lula foi derrotado e depois de Collor tivemos mais 3 governos neoliberais até a efetiva vitória de Lula em 2002.
Os "esquerdotoches" parecem não ter aprendido nem mesmo com a História recente de nosso país e pensam que poderão ludibriar com truques uma elite cuja a própria essência foi forjada pela farsa e pela mentira.
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