Botando a bola no chão na disputa eleitoral entre os evangélicos

"Nas denominações protestantes tradicionais, como batistas, metodistas e luteranos, Bolsonaro não nadará de braçada", diz Bepe Damasco

Michelle e Jair Bolsonaro
Michelle e Jair Bolsonaro (Foto: Isac Nóbrega/PR)


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Depois que os bolsonaristas partiram, como era mais do que esperado, para a disseminação de fake news criminosas contra Lula e o PT no meio evangélico, a imprensa comercial passou a dar grande importância à disputa entre Bolsonaro e Lula por esta fatia do eleitorado.

Neste sentido, a subida do capitão na preferência dos evangélicos (que são 30% do universo dos eleitores), segundo o último Datafolha, de 42% para 49%, ficando Lula com 32%, mereceu grande destaque. Mas será que esse dado tem toda esta relevância eleitoral? Penso que não.

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Lula lidera no eleitorado católico, que é bem maior e representa 50% dos eleitores, com quase o dobro das intenções de voto no capitão: 52% a 27%.

O levantamento do Datafolha não alcançou especificamente os que não têm religião (10% da população), nem os espíritas (3%), umbandistas, candomblecistas e outras religiões de matriz afro-brasileiras (2%), ateus (1%), judeus (0,3%) e outras (2%). E tudo leva a crer que Lula tem ampla vantagem em todos esses segmentos não pesquisados. 

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Mesmo entre os evangélicos, eu seria capaz de apostar que o voto em Bolsonaro é mais consolidado entre os neopentecostais, o pessoal da “teologia da prosperidade.”. Nas denominações protestantes tradicionais, como batistas, metodistas e luteranos, Bolsonaro não nadará de braçada. A forte reação de Lula às calúnias de teor religioso de Bolsonaro já deve surtir algum efeito nesse segmento evangélico nas próximas pesquisas.  

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Emoção pura

O choro comovente de Dilma Rousseff, durante sua fala no comício Lula-Haddad deste sábado, em São Paulo, foi o acontecimento marcante da campanha no fim de semana. A presidenta, que teve o mandato roubado por um golpe de estado, caiu em prantos no momento em que declarava seu amor ao povo brasileiro. Não há mal que sempre dure e a história há de lhe fazer justiça.

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Resposta

A melhoria superficial, e também artificial, de alguns fundamentos econômicos será usada com insistência pela campanha de Bolsonaro no horário eleitoral gratuito no rádio e na TV. Nada que não possa, porém, ser respondido prontamente. A queda do desemprego é um exemplo. Primeiro, a base de comparação se dá com uma realidade de fundo de poço. E depois as vagas criadas são informais e com salários rebaixados, em sua imensa maioria. Sem falar que os índices de precarização ainda são alarmantes.

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O sonho da milícia

O conceituado jornalista Jânio de Freitas, em sua coluna no jornal Folha de São Paulo desde domingo, lembra que “a cobrança de comprovante e o suborno do eleitor são a mesma fraude.” Jânio estabelece a conexão entre os empresários bolsonaristas golpistas e a remuneração que pretendem pagar aos empregados fiéis a eles. Daí a campanha contra a urna eletrônica, pois o recibo do voto seria essencial para o esquema funcionar. Por outro lado, penso eu, os milicianos que subjugam diversos bairros do Rio fariam a festa se pudessem exigir comprovante de voto.

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Projeção de bancada

Em 2002, o PT elegeu 91 deputados federais. Já em 2006, foram 83, 2010 (88), 2014 (70) e 2018 (56). De todas essas eleições, só em 2006 o partido não elegeu a maior bancada na Câmara dos Deputados, ficando atrás do então PMDB. Algumas projeções indicam que o PT repetirá 2002 e fará cerca de 90 deputados. É importante que PCdoB e o PV, que compõem a federação junto com o PT, cresçam em número de parlamentares, bem como o PSOL e PSB. Quanto mais deputados de esquerda, menos concessões o governo Lula será forçado a fazer.  

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Voto? Para que voto?

Não que considere o PSTU um partido de esquerda. Desde adotou a tese de que não houve golpe contra Dilma, essa minúscula e outrora barulhenta agremiação renunciou a essa condição. O meu ponto aqui é a tática eleitoral desastrada e suicida do partido. Sempre isolado, sem alianças com quem quer seja, lança candidatos em pleitos majoritários (em algumas cidades e estados sempre os mesmos) para ter 1% dos votos, às vezes até menos. Entra ano, sai ano, entra eleição, sai eleição, é a mesma coisa. Nem pensar na mais pálida autocrítica e mudança de rumos. O que passa na cabeça dos dirigentes e militantes desse partido?

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