Bons de conversa e de confusão

O mundo precisa de uma nova ordem, capaz de promover a cooperação internacional e não apenas legitimar atos do decadente império. O fato é que os Estados Unidos são um problema para si e para o mundo

O mundo precisa de uma nova ordem, capaz de promover a cooperação internacional e não apenas legitimar atos do decadente império. O fato é que os Estados Unidos são um problema para si e para o mundo
O mundo precisa de uma nova ordem, capaz de promover a cooperação internacional e não apenas legitimar atos do decadente império. O fato é que os Estados Unidos são um problema para si e para o mundo (Foto: Pedro Maciel)


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O mundo precisa de uma nova ordem, capaz de promover a cooperação internacional e não apenas legitimar atos do decadente império.

E que essa cooperação que seja capaz de incorporar ao desejado desenvolvimento econômico, também desenvolvimento social, democracia, politicas ecologicamente sustentáveis e a cultura da paz.

Os EUA não podem seguir desempenhando o papel, pois são bons de conversa é verdade, mas fazem muita confusão. E para compensar suas trapalhadas, reescrevem a história através de bons filmes, transformando suas derrotas e vergonhas em eventos gloriosos, mas o fato é que os Estados Unidos são um problema para si e para o mundo.

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Você não concorda? Então vamos lá.

Vergonhas nos campos de batalha.

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Fato é que os EUA perderam todas as guerras em que se meteram desde a II Guerra Mundial, mesmo assim a percepção dos desatentos é que se trata de um país de heróis e de bravos, mas são mesmo é bons comerciantes (aliás, até o ataque japonês Pearl Harbor o que os EUA faziam de fato era ganhar dinheiro com a Guerra.... Fabricavam exportavam de tudo).

Depois da II Grande Guerra perderam a Guerra da Coréia (deixando cerca de 2,5 milhões de mortos civis); levaram uma surra no Vietnã (onde cerca de 5 milhões de civis foram mortos); fracassaram na Guerra do Golfo; não atingiram os objetivos relacionados à invasão do Afeganistão em 2001 e foram ridicularizados ao invadir o Iraque em 2003.

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E não se podemos esquecer ainda de outras intervenções norte-americanas das quais também saíram derrotadas dos campos de batalha: os Estados Unidos tentaram derrubar o governo castrista em Cuba em 1961 de onde foram expulsos a "bambuzadas"; foram também expulsos do Chipre em 1974 pela Turquia, expulsos do Irã na ocasião da Revolução Islâmica de 1979; foram expulsos do Líbano durante a Guerra Civil em 1983 e expulsos da Somália durante a Guerra Civil em 1993.

A irresponsabilidade dos EUA na economia.

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No campo macroeconômico os EUA e o seu irresponsável mercado sem regulação quebraram o mundo duas vezes.

Antes um pequeno retrospecto.

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Durante a I Guerra Mundial, a economia norte-americana estava em pleno desenvolvimento, suas indústrias dos EUA produziam e exportavam em grandes quantidades, principalmente, para os países europeus (ou seja: ganharam dinheiro com a Guerra).

E após guerra o quadro não mudou, pois, os países europeus estavam voltados para a reconstrução das indústrias e cidades, e seguiram importando, principalmente dos EUA.

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Mas a situação começou a mudar no final da década de 1920, pois, reconstruídas, as nações europeias diminuíram drasticamente a importação de produtos industrializados e agrícolas dos Estados Unidos, noutras palavras não havia planejamento estratégico do Estado, era o mercado que ditava as regras.

Com a diminuição das exportações para a Europa, as indústrias norte-americanas começaram a aumentar os estoques de produtos, grande parte destas empresas possuía ações na Bolsa de Valores de Nova York e milhões de norte-americanos tinham investimentos nestas ações.

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Em outubro de 1929, percebeu-se a desvalorização das ações de muitas empresas e houve uma correria de investidores que pretendiam vender suas ações e o efeito foi devastador, ações se desvalorizaram fortemente em poucos dias, pessoas muito ricas passaram, da noite para o dia, para a classe pobre, o número de falências de empresas foi enorme e o desemprego atingiu quase 30% dos trabalhadores.

A crise, também conhecida como "A Grande Depressão", foi a maior de toda a história dos Estados Unidos. Como naquela época, diversos países do mundo mantinham relações comerciais com os EUA, a crise acabou se espalhando por quase todos os continentes.

A crise de 1929 afetou também o Brasil, pois os Estados Unidos eram o maior comprador do café brasileiro. Com a crise, a importação deste produto diminuiu muito e os preços do café brasileiro caíram.

A solução para a crise surgiu apenas no ano de 1933, no governo de Franklin Delano Roosevelt, quando foi colocado em prática o plano conhecido como New Deal, inspirado nas propostas de Keynes.

De acordo com o New Deal o governo norte-americano passou a controlar os preços e a produção das indústrias e das fazendas. Com isto, o governo conseguiu controlar a inflação e evitar a formação de estoques.

Fez parte do plano também o grande investimento em obras públicas (estradas, aeroportos, ferrovias, energia elétrica etc.), o que diminuiu significativamente o desemprego (caminho inverso vem tomando o governo golpista de Michel Temer, que propõe austeridade)

O programa foi tão bem-sucedido que no começo da década de 1940 a economia norte-americana já estava funcionando normalmente. Ou seja, foi o Estado, o dinheiro público e políticas públicas que salvaram os ianques e não a "mão invisível do mercado".

A falta de regulação de economia dos EUA causou uma crise de proporções jamais vistas, mas acabou mostrando a importância do Estado como planejador, mediante o desenvolvimento de políticas de racionalização e controle dos mercados, visando a expansão da economia, a não ocorrência de uma nova crise e o planejamento de setores estratégicos.

E a crise de 2008 tem a mesma causa: falta de regulação do Estado.

Noutras palavras, uma crise financeira internacional, que dizem ter suas raízes na "bolha da Internet" de 2001, precipitou com a falência do tradicional banco de investimento estadunidense Lehman Brothers, fundado em 1850, seguida no espaço de poucos dias pela falência técnica da maior empresa seguradora dos Estados Unidos da América, a American International Group (AIG).

O governo norte-americano, que se recusara a oferecer garantias para que o banco inglês Barclays adquirisse o controle do cambaleante Lehman Brothers, alarmado com o efeito sistêmico que a falência dessa tradicional e poderosa instituição financeira, abandonada às "soluções de mercado".

Mas salvou a AIG injetando 85 bilhões de dólares de dinheiro público, o que salvou suas operações.

Em poucas semanas, a crise norte-americana atravessou o Atlântico e a Islândia estatizou o segundo maior banco do país.

As mais importantes instituições financeiras do mundo, Citigroup e Merrill Lynch, nos Estados Unidos; Northern Rock, no Reino Unido; Swiss Re e UBS, na Suíça; Société Générale, na França declararam ter tido perdas colossais em seus balanços, o que agravou ainda mais o clima de desconfiança, que se generalizou.

No Brasil, as empresas Sadia, Aracruz Celulose e Votorantim anunciaram perdas bilionárias, mas o Governo Lula foi lucido e evitou a crise adotando medidas anticíclicas que garantiram que a crise mundial não impedisse a expansão econômica vivida de 2006 a 2010

Para evitar colapso, o governo norte-americano estatizou as agências de crédito imobiliário como a Fannie Mae e Freddie Mac, privatizadas em 1968, que ficaram sob o controle do governo por tempo indeterminado.

Em outubro de 2008, a Alemanha, a França, a Áustria, os Países Baixos e a Itália anunciaram pacotes que somam 1,17 trilhão de euros (US$ 1,58 trilhão) em ajuda aos seus sistemas financeiros.

O PIB da Zona do Euro teve uma queda de 1,5% no quarto trimestre de 2008, em relação ao trimestre anterior, a maior contração da história da economia da zona. Ou seja, mais uma vez o Estado salvou o mercado de sua absoluta incapacidade de regular-se.

Uma nova ordem.

Por tudo isso está passando da hora de a ONU assumir o seu papel e seus membros lembrarem que ela foi criada para promover a cooperação internacional e não legitimar atos do decadente império; uma cooperação que seja capaz de incorporar ao desejado desenvolvimento econômico, também desenvolvimento social, democracia, politicas ecologicamente sustentáveis e a cultura da paz.

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