Bomba de efeito antecipado
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O vazamento das acusações feitas pelo ex-diretor da Petrobrás Paulo Roberto Costa aumenta a imprevisibilidade na campanha. Pode afetar um bom número de candidaturas governistas e até a da presidente Dilma Rousseff, e não só por haver petistas na lista dos supostos favorecidos por propinas mas, principalmente, porque ela o manteve como diretor por dois anos em seu governo. Com a inclusão de Eduardo Campos na lista, pode sobrar também para Marina Silva. O que confere um cheiro estranho ao "timing" do vazamento é sua natureza de bomba de efeito antecipado: todo o estrago eleitoral já terá acontecido quando o Ministério Público, cotejando acusações e provas, aceitar ou não a delação premiada, mitigando as penas do acusador e processando os acusados.
A delação premiada, instituída em 1990, inicialmente para facilitar o esclarecimento de crimes de sequestro, foi depois estendida a todo tipo de delito e vem sendo usada intensamente em investigações de corrupção.
Representa sem dúvida um avanço do ordenamento jurídico mas sua aplicação ainda é imperfeita em muitas situações. Até no jardim da infância da política são conhecidas as divisões partidárias tanto da Polícia Federal como do Ministério Público entre alas tucanas e petistas, principalmente. Isso faz com que, sempre que houver partidos e políticos no meio, o vazamento ocorra antes do exame de consistência e admissibilidade da delação. Se o momento é pré-eleitoral, como agora, o instrumento pode ser facilmente manipulável.
Paulo Roberto Costa está depondo desde o dia 22 de agosto e ainda continuará abrindo o bico nos próximos dias. Só depois, tudo o que disse será examinado pelo procurador-geral Rodrigo Janot e pelo relator no STF, ministro Teori Zavascki. Quando isso acontecer, possivelmente o primeiro turno já terá passado. Os deputados, governadores e senadores que aparecem na lista de favorecidos por propinas terão enfrentado o linchamento moral e o julgamento das urnas como culpados, mesmo que depois as acusações do delator não sejam provadas.
Mas o jogo está feito, afeta Marina e Dilma e dá novo alento ao candidato tucano Aécio Neves. Com o PSDB preservado e o PT e PSB envolvidos, o escândalo pode reinseri-lo na disputa polarizada entre Marina e Dilma ou funcionar apenas como um canto do cisne para sua candidatura.
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