BolsoVid-19 e Mourãovid-19: risco iminente
Suas barbaridades são tantas que me fazem refletir: até que ponto ele é realmente burro e louco? Ao subestimar de forma ignorante a pandemia, saindo de seu isolamento e expondo outras pessoas ao possível risco, mostrou-se um alucinado e inconsequente
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Bolsonaro, além de um psicopata, é burro – desculpe não achar outro adjetivo, pois acho ofensivo demais para com os animais – e mostrou isso claramente em pouco mais de um ano. Suas declarações não são apenas polêmicas, como a defesa da tortura e adoração aos torturadores, mas de tamanha sinceridade que escancara seu lado chucro e irresponsável, coisas que são inadmissíveis em um representante do país.
Sua tara em achar que tudo é culpa da esquerda, do comunismo, do PT extrapola qualquer bom senso. E pior que isso, ainda ilude parte de seus eleitores – o que explicaria ainda certa taxa de aprovação e apoio popular, ainda que em detrimento a cada novo levantamento.
Em recente declaração de seu filho Eduardo Bolsonaro, que chegou a levantar a possibilidade de que o coronavírus (Covid-19) foi criado em laboratório e lançado pela China para promover esse caos – comprando a ideia falaciosa de seu ídolo, igualmente aloprado e demente, Donald Trump – instalou um nova crise diplomática, desta vez com os chineses. Bolsonaro pai, ao invés de se portar como um chefe de Estado e repudiar as declarações absurdas, portou-se como um inconsequente e apoiou sua prole, continuando a defender a “fantasia da pandemia”.
(Vale lembrar aqui de um artigo que já escrevi sobre essa guerra comercial entre EUA e China, FMI/Banco Mundial x BRICS, em uma nova “Guerra Fria”. A taxa de produção da China, por exemplo, já apresentou queda de 13,5% nesses dois meses e as vendas no varejo caíram 20,5%).
Desmentindo mais essa fake News – que é o carro chefe dessa família de milicianos – na mesma semana um estudo publicado na revista científica Nature Medicine, mostra que o atual coronavírus é uma mutação fruto de uma seleção natural – uma vez que o vírus existe desde a década de 1960 – e que não foi “criado em laboratório pelos chineses” como quiseram divulgar.
Suas barbaridades são tantas que me fazem refletir: até que ponto ele é realmente burro e louco? Ao subestimar de forma ignorante a pandemia, saindo de seu isolamento e expondo outras pessoas ao possível risco, mostrou-se um alucinado e inconsequente.
Mais do que subjugar a pandemia e defender teorias conspiratórias, Bolsonaro e sua trupe nazifascista-liberal atentam contra o país. Poderíamos falar desde a abertura do mercado para capital estrangeiro, privatizando os serviços e defendendo a bandeira do Estado-mínimo, mas prefiro me atentar principalmente aos cortes que promoveu em áreas extremamente importantes, e que foram negligenciadas por sua política, trazendo as atuais consequências.
Em coletiva de imprensa, o médico infectologista David Uip, coordenador do Centro de Contingência do Coronavírus de São Paulo, disse claramente que o estado de emergência decretado em São Paulo – e que posteriormente tomou o status de calamidade pública nacional – só ocorreu porque o sistema privado de saúde estava sendo sobrecarregado e precisaram pedir socorro ao serviço público – leia-se, Sistema Único de Saúde (SUS). Novamente a prova de que o Estado-mínimo é uma balela neoliberal, ineficiente.
Curiosamente, no Brasil a doença tem-se mostrado ocorrer em pessoas de classe alta, justamente por terem viajada e se infectado no exterior. Com isso, ao apresentarem sintomas, recorrem aos hospitais privados, cujo acesso às informações é mais restrito, inviabilizado até mesmo um plano mais efetivo de controle do coronavírus. Porém, infelizmente, a disseminação ocorrerá e afetará também pessoas de baixa renda, vulneráveis não apenas economicamente. E o que será feito por essa população, que corresponde a grande maioria dos brasileiros?
Piorando a situação, enquanto a população procura fazer sua parte para o controle dessa epidemia e nos sujeitamos ao isolamento social, preocupados com o bem-estar das pessoas mais vulneráveis, “cidadãos de bem” aproveitam para lucrar, inflacionando produtos de necessidade básica, explorando o pânico das pessoas. Esse é o “capetalismo”, desumano e meritocrático.
Mostrando-se incompetente em suas ações, Bolsonaro, em novo ataque aos pobres e em especial ao povo nordestino (onde foi derrotado nas urnas e agora faz retaliações), opta por cortar o auxílio do programa Bolsa Família de mais de 158 mil famílias (sendo 61% delas na região Nordeste), justamente durante o momento de isolamento social, quando as famílias mais dependem dessa ajuda. Não achando suficiente, ataca os governos estaduais pelas atitudes de controle da dispersão do vírus, colocando interesses econômicos acima da saúde da própria população, plantando até o pânico ao sugerir possível falta de alimentos. “Uns fecharam supermercados, outros querendo fechar aeroportos, outros querendo colocar uma barreira entre os estados, fechando academias. A economia tem que funcionar, caso contrário as pessoas vão ficar em casa sem ter com o que se alimentar”.
(Em tempo 1: enquanto o fascista neoliberal preocupa-se com a economia, o ex-presidente Lula segue no lado correto, assim como demais lideranças mundiais ao dizer que “primeiro salvamos o povo, depois a economia”. Antes de qualquer responsabilidade fiscal, devemos sim nos preocupar com a responsabilidade social. Lutar por políticas públicas mais justas, inclusivas e humanas).
Cortes orçamentários e de austeridade são feitos a torto e direito, ignorando-se a realidade da maioria da população brasileira, justamente a parcela que mais sofre com tudo isso – seria essa uma atitude de caso pensado de um governo que atende aos interesses da elite? Dizima-se a população mais carente de forma indireta, mas consciente do que estão promovendo? Sinceramente, vindo de lideranças com discursos fascistas e preconceituosos, não duvido de nada!
(Em tempo 2: casos com o coronavírus são importantes sim, no entanto, não deve ser tratado com pânico como muita gente está interpretando as notícias. É um vírus que causa uma gripe um pouco mais forte, com possível evolução para um quadro de comprometimento respiratório. No entanto, sua taxa de letalidade é baixa – cerca de 3,4% - quando comparada com outras doenças como febre amarela e gripe H1N1 – cujas taxas de letalidade são de 33%, e 23%, respectivamente. Outras doenças como sarampo e dengue, apesar de menos letais – por volta de 1% - são igualmente preocupantes pela alta capacidade de contaminação. E é esse o motivo de todo alarde que se faz: justamente para que se minimize a quantidade de infectados, permitindo um fôlego ao sistema de saúde, uma vez que a disseminação ocorre rapidamente e, se nada for feito para conter o avanço, hospitais não darão conta de atender todos os doentes).
É certo que a crise com o coronavírus é mundial, mas os atuais cortes e faltas de investimentos na Saúde prejudicaram e potencializaram ainda mais o problema no Brasil. Cortes nos orçamentos de pesquisas científicas são outros agravantes para o momento que vivemos e viveremos por meses.
Negligencia-se também as IST’s (Infecções Sexualmente Transmissíveis), tirando do Ministério da Saúde e rebaixando de patamar, o importante, efetivo e reconhecido mundialmente Programa de Combate à AIDS, ainda que os casos voltaram a crescer no país. Para Bolsonaro, pessoa com HIV representa “uma despesa para todos no Brasil”. Esse mesmo, quando ainda deputado federal, disse ao Programa CQC da Bandeirantes que “uma pessoa que vive na vida mundana depois vai querer cobrar do poder público um tratamento que é caro (...). Se não se cuidou, o problema é deles”, mostrando – mais uma vez – total desconhecimento sobre o assunto e ressurgindo e inflando discursos preconceituosos contra pessoas soropositivas.
(Em tempo 3: a oferta gratuita de medicamentos para HIV, feita pelo SUS, é exemplo mundial no combate e controle da AIDS. Não fosse essa política pública de distribuição gratuita, teríamos índices de casos de AIDS igual ao da África do Sul, cerca de 10% da população acima de 15 anos de idade, o que aqui corresponderia à cerca de 18 milhões de pessoas).
Acredito que Bolsonaro tenha realmente acabado. As políticas adotadas, como a precarização do trabalho através da reforma trabalhista e da previdência, não geraram os prometidos empregos e não surtiram efeito econômico algum – apenas atenderam aos interesses dos grandes empresários que bancaram o próprio Golpe parlamentar de 2016, como a CNI, FIESP e cia., prejudicando os trabalhadores e favorecendo o patronado. Vemos um país em crise permanente, com desvalorização da moeda, ações estatais caindo a cada pregão e a fuga constante de investimentos – propositadamente ou não, eis a questão!
O problema, em minha modesta opinião, não é e nunca foi Bolsonaro. Para mim ele sempre foi o falastrão, o “boi de piranha” que serviu para angariar votos e promover o falso rompimento com a velha política – o que se mostra mentira a cada dia que passa, para decepção de quem acreditou nele e ignorou todo alerta que fizemos. O problema vai além e chama-se Hamilton Mourão. Enquanto Bolsonaro chama atenção com suas bizarrices e estupidez, nomeou militares para a maioria dos ministérios – sendo que todos os ministérios vinculados diretamente ao Palácio do Planalto estão sob o comando de militares. Curioso que na crítica que Bolsonaro e cia. fazem à Venezuela e sua “ditadura”, ignoram que proporcionalmente no Brasil há mais militares como ministros do que o país vizinho. Dentro do governo, são vários militares que ocupam cargos de diretores e secretários, integrando e trabalhando nesses ministérios.
E o perigo é esse: militariza-se um governo que deveria ser democrático, permitindo-se abertamente – e inconstitucionalmente – as críticas desses milicos ao Congresso Nacional, como a recente fala do ministro-chefe do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), general Augusto Heleno. Atitudes nefastas, que promovem o chamamento criminoso de parte ignorante da população para manifestações absurdas que pedem a surreal volta da Ditadura Militar e o fechamento do próprio Congresso.
Uma nova ditadura já está em curso. Camuflada, velada. Mas a censura já se instaura. A criminalização de movimentos sociais e das minorias é carta branca para a ação truculenta da polícia (ainda!) militar. A tentativa de calar os próprios educadores e os cortes nas escolas e universidades públicas é outro exemplo.
Devemos estar atentos! E mais do que isso, reagirmos!
*Professor, Biólogo, Doutor em Etologia, Mestre em Ciências
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