Bolsonaro vai atacar Alckmin antes do PT
"Tal como era com os integralistas, a missão de Bolsonaro é combater os "comunistas" de hoje, que são os petistas. Mas não por enquanto. Por ora ele vai bombardear Alckmin porque a guerra no primeiro turno é com o tucano e a grande aliança conservadora que está prometendo formar", escreve Alex Solnik; "A direita tem apenas uma vaga no segundo turno. Não cabem dois. A outra é de Lula ou de quem ele indicar", aposta o jornalista
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Bolsonaro foi confirmado, hoje, na convenção nacional, candidato a presidente pelo PSL. Há 81 anos o Brasil não via um candidato de extrema-direita disputar a presidência da República.
O último foi Plínio Salgado, em 1937. Fundador do Partido Integralista, inspirado no fascismo, andava de camisa preta militar, como Mussolini. Ele e seus militantes desfilavam, na Praia do Flamengo, no Rio, com fardas não tão garbosas quanto as italianas.
A outra atividade deles era atacar passeatas comunistas com porretes e bombas, provocando confrontos sangrentos nas ruas do Rio de Janeiro, com mortos e feridos. Faziam como os fascistas, que foram financiados por industriais italianos para impedir o avanço do movimento operário depois da Revolução Russa de 1917.
Financiado por industriais brasileiros, o movimento integralista fazia o mesmo papel.
Getúlio Vargas – que chamava os integralistas de "palhaços da política" - demoveu Plínio Salgado da candidatura contando uma lorota. Num encontro a sós, confessou que estava preparando uma virada política no país que resultaria no fechamento dos partidos – menos o integralista – e Salgado seria o novo ministro da Cultura.
Dois meses depois, a 10 de novembro de 1937 Getúlio fechou o Congresso nacional e os partidos, todos, inclusive o de Salgado. E jamais o nomeou ministro. Em represália, integralistas tentaram depor Getúlio em maio de 1938, ao invadirem o Palácio Guanabara em plena madrugada.
Desde então a extrema-direita não apresentava candidato à presidência.
Plinio Salgado se inspirava em Mussolini e era financiado pela elite econômica; Bolsonaro se inspira em Brilhante Ustra e em Donald Trump e também tem a elite financeira nos bastidores, representada pelo economista Paulo Guedes, a quem chama de "Posto Ipiranga da Economia".
Exaltou o torturador em plena Câmara dos Deputados em rede nacional de televisão.
Tal como era com os integralistas, a missão de Bolsonaro é combater os "comunistas" de hoje, que são os petistas. Mas não por enquanto. Por ora ele vai bombardear Alckmin porque a guerra no primeiro turno é com o tucano e a grande aliança conservadora que está prometendo formar.
A direita tem apenas uma vaga no segundo turno. Não cabem dois. A outra é de Lula ou de quem ele indicar. O duelo vai se travar entre um Bolsonaro atrevido e sarrista e um Alckmin bom moço cercado de pendurados na Justiça por todos os lados.
Alckmin terá mais tempo na TV para propor, atacar e se defender. Bolsonaro terá apenas oito segundos.
Ao mirarem todas as baterias em Alckmin, tão logo a provável grande aliança foi anunciada, os petistas mostraram que preferem enfrentar Bolsonaro no segundo turno.
Mas também é possível que, tal como ocorreu com Plínio Salgado, ele desista no meio do caminho. Foi o que pareceu na entrevista que deu hoje aos repórteres Marco Grillo, Maiá Meezes e Thiago Prado, em O Globo.
"O senhor quer mesmo ser presidente da República"? pergunta um entrevistador.
"Não estou com obsessão, mas sigo em frente" responde Bolsonaro. "Se der zebra vou para a praia, não estou preocupado com isso".
"Está cansado da pré-campanha"?
"Eu digo que sou imbroxável, mas estou meio broxa, sim".
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