Bolsonaro usa BNDES contra adversários de 2022
"Nunca antes nesse país tivemos um presidente tão escancaradamente anti-republicano e cara-de-pau", escreve a jornalista Helena Chagas, sobre a divulgação da "caixa-preta" do BNDES, feita pelo governo de Jair Bolsonaro; "Doria, Huck e os muitos outros que se preparem: até lá ainda virão muitos golpes abaixo da linha da cintura"
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Por Helena Chagas, no Divergentes, e para o Jornalistas pela Democracia
Pelo jeito, a tão anunciada caixa preta do BNDES se resumiu à lista dos nomes dos adversários políticos de Jair Bolsonaro que compraram jatinhos executivos da Embraer com financiamento do banco – procedimento no qual não há ilegalidades, embora se possa questionar prioridades do banco de fomento. Acima de tudo, o que se destaca é mais um episódio de utilização da máquina estatal em favor do presidente da República. Afinal, olha só que coincidência: estão na lista dois de seus possíveis adversários em 2022 – o governador de São Paulo, João Dória, e o apresentador Luciano Huck, entre outros.
Essa operação foi tão tosca que o próprio Bolsonaro deixou rastro. Em sua live no Facebook na semana passada, rebateu afirmações de Huck sobre seu governo ser “o último capítulo do fracasso” do país e anunciou a divulgação do que chamou de primeira parte da caixa preta – “o pessoal que comprou jatinho”. Dito e feito: Gustavo Montezano, o novo presidente do BNDES amigo da prole de Bolsonaro divulgou a lista dos com-jatinho.
Ao longo de nossa República, temos assistido a seguidos capítulos em que governantes e politicos usaram recursos do Estado a seu favor, às vezes até de forma literal. Mas nunca antes nesse país tivemos um presidente tão escancaradamente anti-republicano e cara-de-pau nessa ação. Não contente em desmantelar os órgãos de controle da corrupção para beneficiar o próprio filho e estar quase indicando um PGR para completar esse serviço – além de nomear o outro filho embaixador nos EUA – Bolsonaro agora mira nos adversáris de 2022.
Doria, Huck e os muitos outros que se preparem: até lá ainda virão muitos golpes abaixo da linha da cintura.
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