Bolsonaro, um delinquente, e o coronavírus

Colunista Milton Alves avalia que "a ação delinquente" de Jair Bolsonaro, ao estimular protestos pelo fechamento do Congresso e do STF, "acontece em meio ao caos econômico dos últimos dias e da expansão do coronavírus no País. Um explosivo e duplo coquetel capaz de gerar uma perigosa combustão social"

O presidente Jair Bolsonaro acompanhou, da área externa do Palácio do Planalto, em Brasília, a manifestação de apoiadores de seu governo, que foi realizado neste domingo (15) na capital federal e em outras cidades do país.
O presidente Jair Bolsonaro acompanhou, da área externa do Palácio do Planalto, em Brasília, a manifestação de apoiadores de seu governo, que foi realizado neste domingo (15) na capital federal e em outras cidades do país. (Foto: José Cruz/Agência Brasil)


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O presidente Jair Bolsonaro protagonizou neste domingo (15) mais uma cena de aberto desafio ao Congresso Nacional e ao Supremo Tribunal Federal (STF). Um gesto político que oscila entre o patético e o estarrecedor.

Bolsonaro, rompendo o protocolo médico da quarentena, compareceu ao ato em frente ao Palácio do Planalto, que demandava o fechamento do Congresso e do STF. Ele acenou para manifestantes, agitou a bandeira brasileira e ainda tirou algumas selfies com correligionários que estavam no local.

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A delinquência de Bolsonaro prosseguiu ao longo do domingo nas redes sociais, com o estímulo e a convocação para os atos. Mais uma vez, o presidente operou como um chefete de facção, ignorando os atributos e as responsabilidades institucionais na condução da presidência do país.

A ação delinquente de Bolsonaro acontece em meio ao caos econômico dos últimos dias e da expansão do coronavírus no país. Um explosivo e duplo coquetel capaz de gerar uma perigosa combustão social.

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A nova conjuntura internacional, que combina crise econômica e a pandemia do coronavírus, exige rápidas medidas do governo federal para manter a economia respirando e, ao mesmo tempo, conter a propagação do Covid-19. Apesar da ação, no fundamental, correta do Ministério da Saúde, há um descompasso no conjunto do governo Bolsonaro de como enfrentar a dupla e entrelaçada crise.

A iniciativa do governo bolsonarista de defender mais reformas de destruição do Estado é incapaz de superar a crise. O que demonstra a fragilidade da agenda da extrema-direita – que recebeu os impactos iniciais da pandemia do coronavírus, da oscilação das bolsas e da queda nos preços internacionais do petróleo -, sem um programa articulado e de conjunto.

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O esforço concentrado do presidente Bolsonaro é no sentido de manter uma base coesa de apoio entre segmentos da população para investir na narrativa autoritária e golpista de que é impedido de governar pelos políticos e as instituições. É a aposta do bolsonarismo no xadrez da disputa política em curso.

Bolsonaro, sem saída para a crise econômica e sanitária, vai apostar tudo na polarização, é o que lhe resta. Além disso, o fechamento do regime segue no cardápio de opções dele e dos generais encastelados no Planalto.

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Neste sentido, a oposição de esquerda e as forças progressistas estão chamadas ao duro combate em defesa de uma agenda anticrise, que contemple medidas para a proteção dos trabalhadores e da população mais pobre.

As propostas apresentadas pelo Partido dos Trabalhadores (PT) apontam na direção correta para retomar o crescimento da economia e proteger o povo durante a pandemia do coronavírus.

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O PT sugere investimentos imediatos do estado para a geração de emprego e renda, o fim da fila do Bolsa Família com a incorporação das 3, 5 milhões de famílias no programa, abono salarial de emergência para quem ganha salário mínimo, a retomada das obras paradas e a suspensão dos programas de privatização das empresas estatais.

Além da necessidade de descongelar imediatamente os recursos para a Saúde represados pela Emenda Constitucional 95 (teto dos gastos), o que representaria um aporte de cerca de R$ 21 bilhões ao Sistema Único de Saúde (SUS).

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